Da primeira turma da UFPE a cargo de liderança do Google

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Se desbravar o universo da tecnologia já é um desafio para as mulheres atualmente, a realidade era ainda mais difícil há 40 anos. Para a recifense Patricia Florissi, que hoje atua como diretora técnica no OCTO do Google Cloud, entrar na área e conquistar es paço foi uma questão de sobrevivência. Filha única, Patrícia precisou realizar um teste vocacional aos nove anos por recomendação materna. "Eu queria ser engenheira civil, e a minha mãe achava que eu era um gênio da matemática. Mas, quando fiz o teste de voca ção, o resultado deu que eu era mediana. A minha mãe ficou de- sesperada. Porém, o teste tamtém apontou que eu era fora da curva em lógica. Foi aí que ela co meçou a perguntar o que uma pessoa boa em lógica faz", relatou Florissi.

Trajetória
Após sete anos com o questionamento em mente, o irmão de uma amiga de Patricia disse a res posta que mudou a vida da per nambucana: computação. Naquele ano, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) começou a oferecer o curso de ciências da computação. O interesse pela área só surgiu por conta da recomendação. Isso porque, em 1974, a tecnologia ainda não estava inserida no cotidiano. Foi apenas dentro da universidade que Patricia teve acesso a um computador pessoal um dos primeiros do Brasil. "Eu nunca ti nha visto um na minha vida. A gente precisava programar no papel. Só depois que passamos ter acesso à central de dados da UFPR. Nós sequer conseguíamos ver o programa. Eu tive o privilégio de teracompanhado essa evolução", destacou Patrícia.

Naquele período, o contato com a tecnologia era mais escasso e exigia uma série de cuidados. "Eu sou privilegiada porque es- tudei na primeira turma de Silvio Meira quando ele voltou do PhD, relatou. Após anos de estudo, a recifense imigrou para os Estados Unidos, país onde desenvolveu a maior parte da sua carreira. Foi là onde ela aprendeu um dos ensinamen tos essenciais em sua trajetória. "Um dia antes de uma reunião, perguntei ao meu chefe o que eu  podia fazer para me preparar. Ele me pediu para levar o que eu tenho entre as minhas orelhas. Foi uma forma interessante de dizer para usar o cérebro", relembrou A trajetória foi repleta de desafios que acabaram contribuindo para o desenvolvimento profissional de Patricia, lá com Phi), a cientista conquistou um cargo em uma starup americana. "A primeira coisa que eles me mandaram fazer foi testar um software. Eu testei aquele software exaustivamerite. Depois de algu mas semanas, meu chefe me pediu para dar um curso sobre o progra ma. Isso abriu diversas oportuni- dades para mim. Eu comecei a ter contato com os clientes e a viajar para dar esse curso", comentou Florissi.

Oportunidades
A profissional avalia ainda que o desempenho nos estudos garantiu um bom posicionamento profissional e até mesmo pessoal. "Tu gosto de estudar. Para mim, isso nunca foi uma obrigação, Quem eu sou hoje é um reflexo direto de to das as horas que estudei".
Entre as características que podem ajudar no desenvolvimento profissional, Florissi destaca a capacidade de resolução das adversidades. "O mais importante para as pessoas que estão começando agora é cultivar o desafio, É isso que eu desejo para cada menina, cada futura mulher, a possibilidade de explorar o mundo da tecnologia."

 

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Subtítulo: Com 40 anos de experiência no setor de tecnologia, a recifense Patrícia Florissi é inspiração para outras mulheres e relata sua trajetória profissional nos Estados Unidos.