Qual a força dos pré-candidatos à Prefeitura de Fortaleza na Câmara Municipal |
29.04.2024 Com a oficialização de pré-candidaturas e o término da janela partidária para vereadores, as legendas já têm em seu horizonte um desenho pré-definido de como vai se dar a disputa pela Prefeitura Municipal de Fortaleza. Para o pleito de outubro, ao menos sete pré-candidaturas para o Executivo já foram anunciadas. A partir de agora, visando obter resultados eleitorais positivos, todas elas terão como desafio a construção de chapas proporcionais. E, neste trabalho, o redimensionamento propiciado pelas migrações partidárias na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), bem como a articulação com lideranças de siglas aliadas, tem toda relevância. PONTOPODER Empréstimo de R$ 425 mi da Prefeitura de Fortaleza para obras de infraestrutura é aprovado na Câmara PONTOPODER Consultada pelo Diário do Nordeste, a doutora em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e professora da Universidade de Fortaleza (Unifor), Mariana Andrade, afirma que, além do fortalecimento das bases, "o tamanho das bancadas significa direcionamento mais específico dos recursos de campanha". "No caso das eleições municipais, uma bancada mais robusta implica em demonstração clara do poder de articulação e maior apoio de outras personalidades políticas já consolidadas", completou a docente. André Lima, professor de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica a articulação por outro prisma. Ao que argumentou, a disputa proporcional é definida na "micropolítica das relações interpessoais". "Sendo assim, quem consegue mais apoios desse tipo geralmente tem mais chances na disputa eleitoral para o executivo", agregou. Essa característica explicaria a movimentação vista em decorrência da janela eleitoral. "Observando o cenário pós as movimentações da janela partidária, vimos que 24 dos 43 vereadores, ou seja, mais da metade dos atuais vereadores mudou de partido", lembrou.
Para Andrade, ao ter legendas menores ao seu lado, "o prefeito José Sarto tenta demonstrar coesão em meio ao caos da recente debandada". Trata-se de uma estratégia onde todos ganham: ao reunir partidos pequenos, o PDT amplia seu apoio e mostra que o capital eleitoral ainda está em alta. Para os partidos pequenos, demonstrar apoio ao PDT, consiste na ampliação das chances de sobrevivência política para as próximas eleições de 2026. Segundo o presidente do PRD no Ceará, o vereador Michel Lins, o projeto de montagem da agremiação foi liderado por ele, com a sinalização do prefeito para que, após o prazo de filiação, um "conjunto de ações" seria criado para fortalecer diretamente todos os partidos e pré-candidatos ligados a ele. "Ele já iniciou logo após a passagem do prazo", disse. "Essas ações, naturalmente, diretamente ligadas a ações da Prefeitura, atendendo as demandas naturais da população, que ele já tem feito na cidade como um todo, mas, que neste momento, é natural que faça um fortalecimento para aqueles diretamente ligados a ele", destrinchou. VEJA TAMBÉM PONTOPODER A perspectiva, segundo descreveu, é que o PSDB siga na vice e a federação consiga eleger entre 4 a 5 parlamentares para a próxima legislatura da Câmara Municipal. "Estamos fazendo esse processo com muito diálogo entre os partidos", finalizou. A reportagem procurou o líder do prefeito Sarto na CMFor, Iraguassú Filho (PDT), para tratar das articulações no Legislativo municipal visando a eleição de outubro. No entanto, não houve retorno. COLIGAÇÃO DO PT QUER REFLETIR ALIANÇAS DE ELMANO Pelo que alegam os aliados, a expectativa é que a coligação petista espelhe o arco de sustentação do Governo Elmano e conte com PV, PP, PSB, Republicanos, PCdoB, MDB, Podemos, Solidariedade e PSD. Apesar de ocupar cargos no Estado, o PSOL não deve integrar o agrupamento. Além disso, PT, PSB, Republicanos e PSD são os únicos que possuem cadeiras no Parlamento municipal, somando 13 vereadores. Questionada sobre a aposta das candidaturas em partidos que não possuem representação na legislatura atual, Mariana Andrade foi enfática: "Na corrida eleitoral vale praticamente tudo. Desde a articulação estratégica com partidos menores até a modulação de ideologia para a conquista de novos eleitores". Ao apostar em siglas sem representatividade numérica na Câmara, muitas vezes desconhecidas para o grande eleitorado, partidos maiores angariam apoio com a promessa de maior sobrevivência política e, ao mesmo tempo, fazem parecer que o capital eleitoral permanece intacto.
"Ainda vamos conversar internamente para ver como vai se dar essa participação nas eleições, mas o fato é que o candidato do PT hoje é o Evandro e temos que trabalhar para que a gente possa eleger essa candidatura", avaliou. O nome que ocupará a vice ainda está em aberto. O Partido Social Democrático (PSD) é um candidato forte na briga pela participação na chapa majoritária, na condição de vice. Segundo o líder na Câmara, Danilo Lopes, existe um direcionamento por parte do Diretório Municipal de que os sociais-democratas optem pela aliança com o PT. Questionado sobre a possibilidade do seu partido indicar o vice, ele salientou que "existe a intenção". "Mas (não há) nada definido", ponderou a liderança. Conforme frisou Lopes, o presidente da Executiva Municipal do PSD está "em constante diálogo" com Evandro Leitão. A posição na chapa também é desejada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), liderado na Câmara pelo vereador Léo Couto, aliado de primeira ordem de Evandro Leitão. "Passada essa primeira etapa, onde os vereadores, os candidatos, escolheram os partidos e o jogo está começando a se desenhar para a corrida eleitoral pelo Executivo, o PSB agora deve conversar com todos os partidos da base aliada para ver a questão das chapas de vereadores", salientou. Segundo Couto, o PSB está com 50 nomes à disposição. "Estamos discutindo a fortalecimento dessa chapa e acredito que o PSB, junto com os partidos da base aliada, vão começar a discutir a questão da chapa para disputar a eleição (para prefeito)", apontou o parlamentar. PSOL-REDE DISCUTEM PRÉ-CANDIDATURAS Embora estejam federados, ambos possuem pré-candidaturas próprias para o Paço Municipal. O PSOL indicou o produtor cultural Técio Nunes e a Rede colocou o nome da ambientalista Cindy Carvalho. A legislação eleitoral só permite que haja uma pessoa da federação concorrendo ao cargo de comando do Executivo da Capital. Consultado, o presidente do PSOL Ceará, Alexandre Uchoa afirmou que a intenção do bloco é ampliar a bancada. "Com a federação, nossa tarefa é garantir uma chapa bem competitiva e também apresentá-la completa, preenchendo todas as vagas possíveis e garantir uma chapa bem diversa nas pautas tão importantes pra cidade", respondeu. Candidatos da federação PSOL-REDE Uchoa, que assumiu também a presidência da federação no estado, discorreu ainda sobre o encaminhamento a ser tomado pelo grupo. "Tenho a tarefa de organizar a construção das federações em todos os municípios", alegou, defendendo que, pelas regras, o PSOL tem a prerrogativa de indicar o nome, mas defendeu a legitimidade da Rede em indicar outro nome para a cidade e para o debate interno. A reportagem procurou a pré-candidata da Rede, para que pudesse se manifestar, mas não obteve nenhuma resposta até a última atualização desta matéria. DIREITA SE DIVIDE EM TRÊS Mariana Andrade discorda de uma ideia de que haverá uma "dispersão de votos". "Embora praticamente idênticos em ideologia, os três partidos desejam predominância eleitoral isolada, e escolheram nomes fortes e representativos da sigla", opinou. Candidatos da direita em Fortaleza Márcio Martins, vereador que passou a fazer parte das fileiras do União no início do mês e hoje é o único a ter cadeira na CMFor, destrinchou a estratégia do partido para a corrida eleitoral deste ano. "O União Brasil tem uma chapa completa. Existem, inclusive, figuras importantes da política, ex-vereadores e ex-deputados. São nomes que já foram testados nas urnas e têm total condição de fazer uma boa representatividade no parlamento", citou. Na opinião dele, o postulante da sua legenda estará no segundo turno. "Todos os números até aqui demonstram o Wagner em primeiro nas pesquisas. Teria que derreter absurdamente para não estar no segundo turno", concluiu. INÁCIO AGUIAR Dividido, campo de direita pode ficar sem representação no segundo turno em Fortaleza "Se fosse apostar, diria que o segundo turno tende a ser entre Sarto e Evandro Leitão. O PL de André Fernandes perdeu 4 vereadores na janela partidária e sai enfraquecido, e o União Brasil, de Wagner, perdeu dois. Já o Novo, de Eduardo Girão é quase irrelevante na Câmara", finalizou. O Partido Liberal (PL), apesar da baixa que teve, com a saída de quatro parlamentares na janela partidária, concentra três vereadores em sua bancada: Priscila Costa, Inspetor Alberto e Julierme Sena. Acionada para que pudesse falar sobre a organização, a direção estadual não se manifestou. A mesma postura foi adotada pelo senador Girão, procurado através da sua equipe de comunicação. |