25.05.17
Posição ao dormir interfere na prevalência de dores de cabeça |
Por Renata Reynaldo Além de revelar traços da personalidade, como defendem alguns, a posição em que a pessoa dorme pode ser importante fator associado à intensidade das dores de cabeça, segundo estudo defendido no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFPE. A dissertação "Postura cervical ao dormir e sua influência sobre a dor miofascial na cabeça e pescoço", de autoria de Albery Lins da Silva, aponta que "a posição em que fica a coluna cervical enquanto dormimos tem influência sobre a anteriorização da cabeça; o que traz sobrecarga aos músculos cervicais e dor miofascial na áreas da cabeça e pescoço". A anteriorização, neste caso, é a leve inclinação da cabeça para frente e a fáscia é o tecido que envolve o músculo (mio). Composta por dois artigos científicos, a dissertação revela em um deles - o que dá nome ao trabalho acadêmico -, que a maior prevalência e intensidade da dor, no universo das 187 pessoas observadas, está dentre os que dormem em flexão cervical e que, portanto, apresentam menor ângulo craniovertebral, ou seja, os que mantêm a cabeça em inclinação maior para a frente. "Uma postura mantida por tempo prolongado, que coloque o tecido miofascial em encurtamento ou alongamento, pode ser considerada um estímulo mecânico nociceptivo", explica. No estudo, que contou com a observação de um grupo de graduandos de Enfermagem da UFPE, distribuídos em nove turmas do curso e submetidas à situação análoga à postura adotada ao dormir, a maior frequência de postura cervical adotada foi uma combinação de, pelo menos, duas posições entre rotação, inclinação e flexo-extensão, com predileção pelo decúbito lateral, o comumente denominado "dormir de lado". Participaram do estudo 187 graduandos de Enfermagem, distribuídos em nove turmas do curso, englobando os que contam ou não com histórico de dor na cabeça e pescoço. Foram excluídos aqueles que estiveram sob qualquer tratamento fisioterapêutico ou de acupuntura. A orientação e coorientação do trabalho ficou sob responsabilidade das professoras Eliane Maria Ribeiro de Vasconcelos e Luciana Pedrosa Leal. PONTOS-GATILHO | No outro artigo, que se propõe a uma revisão integrativa de literatura sobre a causa de um dos 'disparadores' das dores musculares, intitulado “Etiologia dos Pontos-Gatilho Miofasciais (PGM): uma revisão integrativa”, o autor oferece aos profissionais o acesso rápido aos resultados relevantes que fundamentam as condutas ou a tomada de decisão, além de verificar lacunas do conhecimento. "A formação do PGM envolve uma cascata de eventos bioquímicos, com participação de estruturas musculares e neuronais, ainda não completamente esclarecidas", analisa o autor. Em contrapartida, segundo Albery, "vários estudos correlacionam o PGM como fonte primária de dor, principalmente em cefaleia e enxaqueca, apesar de não haver consenso acerca de critérios de diagnóstico". Para o pesquisador, são necessários mais estudos a fim de elucidar que tipos de estímulo mecânico estão envolvidos clinicamente na formação do PGM. "O que há de comprovado é que estímulo mecânico nociceptivo foi capaz de ativar PGM, juntamente com câimbras musculares e dor", afirma. O fisioterapeuta ressalva que o número de participantes foi um fator limitante no estudo, "pois a postura cervical não se mostrou estatisticamente associada à dor miofascial". "No entanto", explica, "por meio das frequências e médias, observou-se que ela foi capaz de mudar o padrão doloroso". O que sugere, segundo o autor, que, na prática clínica, os pacientes com dor miofascial na cabeça e pescoço devem ser investigados quanto à maneira de dormir, solicitando que demonstrem como dormem. E prescreve: "O travesseiro no decúbito lateral (posição de quem dorme de lado) deve ser alto o suficiente para que deixe o nariz alinhado à linha média do corpo e colocado de tal forma que apoie toda a face da mandíbula, a fim de evitar rotação durante o sono". Mais informações Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Albery Lins da Silva Compartilhar |
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