28.01.13

Qualificação pode melhorar a produtividade em Suape


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Por Paulo Veras
 
Na hora certa! Esse é o lema para um processo produtivo que seja, ao mesmo tempo, eficiente e simples. É o que defende a professora Juliana Valença de Sousa, mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Pernambuco. “Processos produtivos eficientes e eficazes geram menos desperdício, custos e tempo, além de aumentar a moral dos funcionários”, explica.
 
Na dissertação de mestrado profissional “Análise das perdas em processos produtivos nas indústrias localizadas no perímetro do complexo industrial portuário Suape”, orientada pela professora Danielle Costa Morais, Juliana analisou as perdas em processos produtivos nas indústrias localizadas no complexo industrial portuário de Suape. “É um pólo geográfico em franca ascensão. Hoje é a principal porta de entrada e saída de mercadorias de todo o Nordeste, e seu potencial de ganho está apenas no início”, diz.
 
As 102 empresas identificadas pela pesquisadora instaladas no Complexo atraíram mais de 20 bilhões de dólares em investimentos públicos, segundo dados do portal de Suape, mantido pelo governo do Estado. Segundo a página, os empregos diretos e indiretos gerados pelo empreendimento chegam a mais de 140 mil profissionais. Nem todas essas empresas, porém, se encaixam no perfil do estudo. A ideia era trabalhar somente com indústrias de transformação que ficassem dentro da Zona Industrial de Suape. Essas eram as que se encaixavam no perfil de utilização do sistema de produção Just In Time (JIT).
 
“A princípio, aplicar o JIT significa produzir bens e serviços exatamente no momento em que são necessários. Não antes, para não existir estoques, nem depois, para não gerar espera”, explica Juliana. O objetivo básico é evitar desperdícios. E, para isso, a qualificação profissional é fundamental. Isso porque a integração do elemento humano é um diferencial nesse modelo de produção. Dentro do ambiente JIT há mudanças rápidas no processo industrial, que trabalha com lotes menores. Há também uma maior autonomia dos funcionários para realizar pequenas funções, como pequenos reparos e manutenção preventiva simples.
 
“É essencial que os profissionais dessas empresas sejam bem treinados, orientados e supervisionados para fazer o certo desde a primeira vez, evitando desperdícios de recursos, de tempo e falta de qualidade. Um funcionário mal treinado não entende a sua importância dentro do sistema e, como consequência, não sabe identificar erros de conformidade dentro da linha de produção”, explica Juliana. Barreiras culturais também dificultam na implementação do modelo. Desenvolvido no Japão, o JIT exige um comprometimento constante dos funcionários no processo produtivo.
 
Para qualificar os trabalhadores vale usar várias estratégias: workshops, palestras, seminários, consultoria. A professora defende também o modelo de “programa piloto” que, dentre outras coisas, inclui apresentar aos funcionários uma linha de produção que já opere com o JIT, por meio de uma visita técnica a outra empresa.
 
Dentre as 21 empresas de Suape que poderiam se adequar ao corpus da pesquisa, sete responderam ao questionário encaminhado por Juliana, permitindo uma análise de seu processo produtivo. Dentre essas empresas, a forma de desperdício relatada foi a redução dos lotes de produção. Ainda que não seja uma redução expressiva, ela indica que o processo de aplicação do JIT ainda não atingiu o nível mais elevado de otimização.
 
Segundo Valença, uma exploração mais profunda com uma população amostral maior e que disponha de mais tempo pode ser mais reveladora. Mesmo assim, o trabalho serve como o primeiro passo para compreender como funciona a produção de um dos maiores centros econômicos do país. “Esse trabalho foi apenas uma porta de entrada e consulta aos próximos pesquisadores que o terão como norte de onde devem começar. Pode-se dizer que esse trabalho foi um dos primeiros, ou o primeiro, nesta área que envolve Suape e seu parque industrial”, completa.
 

Mais informações
Juliana Valença de Sousa
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