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Organização

Ritual e autoridade estão estritamente ligados e constituem a dinâmica política e social entre os Pankará. O modo de representar sua organização política é semelhante aos demais povos da região: cacique, pajé e lideranças de aldeia.

“Nossa organização social tem por base o Toré. Os mais velhos estão ligados à tradição, são eles que guardam a sabedoria da ciência Pankará. Temos também uma organização interna composta pela cacique, os quatro pajés, o conselho de anciãos, lideranças das aldeias, Organização de Educação Escolar Indígena Pankará, o CISPAN (Conselho Indígena de Saúde do Povo Pankará), a Organização dos Jovens e Associações Comunitárias.” (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA PANKARÁ, 2007, p.06)

Segundo Andrade (2010, p.64), depois de deflagrado o processo de auto-declaração e reconhecimento oficial em 2003, os índios da Serra do Arapuá começaram a estabelecer uma organização política com base no ‘modelo genérico’ que se criou entre os índios do Nordeste, que surge como modelo para as agência oficias, primeiro o SPI e depois a FUNAI, vão estabelecer demandas, separando as funções religiosas e políticas.

Paje pedro limeiraPorém, essa visão, aparentemente dicotômica, e que vem de demandas dos órgãos oficiais, não impediu que no momento de ‘estabelecimento de papéis’ os índio da Serra do Arapuá usassem de sua cosmovisão, e de sua forma anterior de organização, dando formato ao 'modelo genérico' É assim, que os mestres rituais passam a ser os pajés: Pedro Limeira, da Cacaria, Manoelzinho Cacheado, da Lagoa, e João Miguel do Gonzaga/Enjeitado. Há ainda um quarto pajé, Pedro Leite, que sempre foi reconhecido como um ‘homem de ciência’, acompanhou o episódio do levantamento de aldeia Atikum, e tinha fortes laços com os ‘Caboclos de Rodelas’. Segundo a cacique, “tem quatro pajé porque a história da Pankará é de quatro famílias, cada família tem o dono da ciência que já vem dos antepassados”.(ANDRADE, 2010, p.65)

Cada pajé possui um círculo de relacionamentos mais próximos, dentro da própria família, que consolida e legitima a autoridade de cada um. No caso de Sr. Pedro Limeira, sua autoridade político-religiosa é mais estável por ser também o patriarca. São muito recentes as mobilizações conjuntas para a resolução dos problemas comuns, embora sempre tenha existido uma articulação permanente que gira em torno do ritual, sendo este o espaço principal dos encontros e socialização das informações.

  A organização social dos Pankará também caracteriza-se por famílias extensas com base na filiação cognática. Não há regra de residência preestabelecida, mas é comum a residência bilocal, o que caracteriza os núcleos populacionais que residem em núcleos familiares. Entre estes destacam-se a Cacaria, o Enjeitado, a Lagoa e o São Bento por serem também os quatro centros políticos do território, que corresponde respectivamente aos quatro grupos de parentesco Limeira, Amanso, Cacheado e Rosa.

Referência Bibliográfica

ANDRADE, Lara. “Nem emergentes, nem ressurgentes, nós somos povos resistentes”:território e organização sócio-política entre os Pankará. Monografia, bacharelado em Ciências Sociais, UFPE, 2010.

FERRAZ, Carlos Antonio de Souza. História Municipal de Floresta – os vales, o povo, a evolução sociocultural e econômica. Prefeitura Municipal de Floresta: FIDEM, 1999.

GRUNEWALD, Rodrigo de Azeredo. ‘Regime de Índio’ e faccionalismo: os Atikum da Serra Umã. Rio de Janeiro, 1993. Dissertação de Mestrado em Antropologia. Museu Nacional, UFRJ .

LIMA, Manoel. Breve Relatório Etnográfico e Arqueológico Pankará. Programa de Pós Graduação em Arqueologia/UFPE, 2008.

MENDONÇA, C. F. L. Povo Pankará: os percursos da etnicidade no sertão de Pernambuco. In: ATHIAS, r. (org.) Povos Indígenas de Pernambuco: identidade, diversidade e conflito. Recife, Editora da UFPE, 2007, VOL. 1.

ORGANIZAÇÃO INTERNA DE EDUCAÇÃO ESCOLAR PANKARÁ. Escola Pankará: memórias do passado, saberes do presente: história, luta, ciência e resistência. Projeto Político Pedagógico, 2007.

ROSA. Hildo Leal. A Serra Negra: refúgio dos últimos “bárbaros” do sertão de Pernambuco. Recife, 1998. Monografia do bacharelado em História. Centro de Filosofia e Ciências Humanas, UFPE.

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