Festas
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O Toré é um dos rituais que se destaca no contexto indígena do Nordeste. A importância do Toré para os povos indígenas do Nordeste, deve-se ao fato de ser, desde a década de 1970, um significativo elemento de distinção e reafirmação étnica (BARBOSA, 2005). Assim, segundo Barbosa (2005) o Toré pode ser definido como uma “modalidade ritual que, descrita como uma espécie de iniciação, envolve em escalas aproximadas elementos religiosos, políticos ou simplesmente lúdicos, apresentados de uma forma claramente performática.”( BARBOSA,2005,p.156)
É a partir desta compreensão, que abrange as várias dimensões do Toré, que Arcanjo (2003) nos situa e descreve o Toré Pipipã. Para isso, o autor identifica rituais e cerimônias pelos quais analisa o Toré do povo Pipipã, são eles: Limpeza do terreiro; Aricuri; Encruzamento das crianças e Dia das crianças.
O ritual de proteção - Limpeza do terreiro - é realizando antes da abertura do Aricuri, feita pelo Pajé e grupo de iniciado. Este, consiste em coletar folhas/palhas de ouricuri para serem cravadas nas extremidade do terreiro (ARCANJO,2003). Esse ritual faz parte da limpeza do terreiro para a realização do Aricuri.
O Aricuri, que tem no Pajé seu principal mentor e articulador, é um ritual que acontece no período de 10 a 20 de outubro, uma vez por ano, e é também considerado como uma festa pelo povo Pipipã. O primeiro ritual Aricuri foi realizado em 1995, quando os Pipipã ainda moravam na Aldeia Baixa da Índia Alexandra, aldeia do povo Kambiwá. Este ritual é a expressão maior da religiosidade do povo Pipipã e se constitui a partir de uma simbologia do retorno ao ventre materno, representado pelo oco de uma grande árvore. Assim, o povo pára suas atividades do cotidiano e segue mata adentro na Serra Negra - onde permanecem por dez dias isolados - em direção a esta grande árvore que está localizada no alto da serra.
Sobre o ritual Encruzamento de crianças há poucas informações. Segundo Arcanjo(2003) é um ritual de iniciação, como uma espécie de “batismo” realizado no Aricuri.
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Além destes rituais, cerimônias e festas o povo Pipipã tem ainda algumas celebrações religiosas durante o ano, entre elas: o dia de Santo Expedito, o dia do índio, comemorando no terreiro do Travessão do Ouro, o mês de Maria – festejado pela comunidade com novenas e procissões no mês de maio; o dia de Santo Antônio, São João e São Pedro comemorados com fogueiras e comidas típicas; o dia do Padre Cícero no mês de julho (Comissão de Professores indígenas de Pernambuco, 2006).
Pipipã
Patrícia Fortes
Graduada em Educação Física pela UPE/Esef e mestranda em Educação pela UFRN na linha Práticas pedagógicas e Currículo.
Etnográficos em Educação Física e Esporte (Ethnós/UPE).
Fotos Jozelito Arcanjo
Foto 1. - Vista panorâmica da Aldeia Faveleira, ao fundo o cume da Serra Negra.
Foto 2 - Pau Ferro Grande.
Foto 3 - Manoel Pereira, Expedito Roseno e José Joaquim do Nascimento. Lideranças em reunião na aldeia Travessão do Ouro 04.08.2001
Foto 6 - Abastecimento de água na Faveleir
Citar o autor(a) e o Núcleo de Estudos e Pesquisa Sobre Etnicidade/ NEPE para a reprodução de textos e fotos do site