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Território

 

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Foto 1. - Vista panorâmica da Aldeia Faveleira, ao fundo o 
cume da Serra Negra.

Foto 1. - Vista panorâmica da Aldeia Faveleira,
ao fundo o cume da Serra Negra.


A história do povo Pipipã está relacionada ao “drama social” resultado do embate cultural e a disputa de poder entre as lideranças do Povo Kambiwá , iniciado em junho de 1998. Ao final desse cisma, o pajé Expedito Roseno liderando seus parentes diretos e  os indígenas que o apoiaram saem da Aldeia Baixa da Alexandra, centro administrativo do Povo Kambiwá, se dirigem para o Travessão do Ouro, agora com o etnônimo Pipipã de Kambixuru.  Para o pajé Expedito, esse etnônimo é uma expressão que vem do “idioma dos antigos”, Pipipã é o nome da nação indígena, e Kambixurú significa: Kambi, serra e Xurú negra. O surgimento dessa nova aldeia está relacionado à ocupação do território, implicando julgamentos sobre a legitimidade das práticas culturais e a função simbólica da cultura material (BARBOSA, 2003).

 Segundo a Funasa(2010), este povo constitui uma população de 1274 indígenas que está localizada no município de Floresta - na mesorregião do São Francisco e na microrregião de Itaparica -  no sertão pernambucano. Região de clima semi-árido onde predomina a vegetação caatinga (ARCANJO, 2003).

O povo Pipipã está organizado em nove núcleos populacionais - denominados aldeias - são elas: Aldeia Travessão do Ouro, que é o centro político e administrativo,  local de moradia  do Pajé com maior concentração Pipipã, localiza-se próximo a Serra do Periquito, no km 29 da BR-360 em Floresta - PE; Aldeia Caraíbas, os membros dessa localidade não haviam assumido nenhum outro etnônimo, identificando-se atualmente como Pipipã, são pequenos proprietários de terras, a aldeia situa-se próxima a Serra do Taiado e ao Serrote do Tamanduá; Aldeia Serra Negra, situa-se perto da Serra com o mesmo nome e está em processo de esvaziamento; Capoeira do Barro, aldeia em que viviam os não índios, atualmente ocupada pelos  Pipipã vindos da aldeia Travessão de Ouro, Faveleira e Serra Negra; Aldeia Faveleira, onde convivem índios e não índios, tendo muitos posseiros na área; há ainda a Aldeia Alfredo (ARCANJO, 2003), atualmente os pipipã declaram a exestência das Aldeias Barra do Juá, Aldeia Pipipã e a Aldeia Pai João.

Foto 2 - Pau Ferro Grande


Embora em 2009 tenham sido realizados estudos complementares para a identificação do território Pipipã (FUNAI, 2010), a demarcação ainda não foi concluída. Por isso, seu território ainda está em processo de identificação como consta nas Ports. Nº 802 PRES/FUNAI de 20/07/2005 e Nº 1177 PRES/FUNAI de 07/10/2008. É nesta atual proposta de demarcação do território Pipipã que a Serra Negra é incluída em sua totalidade enquanto Reserva Biológica.

Para o povo Pipipã a Serra Negra é um lugar de destaque na cosmologia do povo e é constituída a partir de vários espaços sagrados, entre eles: o Pau Oco da Serra, o Pau Ferro Grande, o Pé de Coité, a Pedra da Espia, o Pau d’Alho, a Mata do Ventador (ARCANJO

, 2003). Por ser este bem simbólico e material a Serra Negra é referência da territorialidade tanto do povo Pipipã, como do povo Kambiwá, uma área historicamente pleiteada por estes dois povos.

 


Patrícia Fortes 
Graduada em Educação Física pela UPE/Esef e mestranda em Educação pela UFRN na linha Práticas pedagógicas e Currículo.

Pesquisadora nas áreas de Educação escolar indígena e Educação Física escolar. Integrante do grupo de Estudos
Etnográficos em Educação Física e Esporte (Ethnós/UPE).

Jozelito Arcanjo 
Mestre em Antropologia pelo Programa de Pós-graduação em Antropologia da UFPE

Fotos Jozelito Arcanjo

Foto 1. - Vista panorâmica da Aldeia Faveleira, ao fundo o cume da Serra Negra. 
Foto 2 - Pau Ferro Grande. 
Foto 3 - Manoel Pereira, Expedito Roseno e José Joaquim do Nascimento. Lideranças em reunião na aldeia Travessão do Ouro 04.08.2001 
Foto 6 - Abastecimento de água na Faveleir

Citar o autor(a) e o Núcleo de Estudos e Pesquisa Sobre Etnicidade/ NEPE para a reprodução de textos e fotos do site

Referência Bibliográfica

ARCANJO, J. A. Toré e identidade étnica: os pipipã de kambixuru (índios da Serra Negra). 2003. 162 f. il. Dissertação (mestrado) - Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2003.

BARBOSA. W. D. O Toré (e o Praiá) entre os kambiwá e os Pipipã: performances, improvisações e disputas culturais. In: Toré: regime encantado do índio do Nordeste. Recife: Massangana, 2005.

_____________. Pedra do Encanto: dilemas culturais e disputas políticas entre os Kambiwá e os Pipipã. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria/Lacede, 2003.(Territórios Sociais nº 10) 216 p. 

Comissão de Professores indígenas de Pernambuco. Caderno do Tempo. 2 ed. Olinda, 2006. 

TOMÁZ, Alzeni et all. Povos indígenas do Nordeste impactados com a transposição do rio São Francisco. APOINME, AATR, NECTAS/UNEB, CPP e CIMI, s/d (Relatório de denúncia).

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