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Povo Indígena: Pankará
 

População: 4.000(Serra do Arapuá) e 71 famílias (Itacuruba/Serrote dos Campos) – Dados do Conselho de Lideranças

Localização(município): Carnaubeira da Penha e Itacuruba

Terra Indígena:

Situação Fundiária: Em Identificação (Portarias N° 1014/PRES-FUNAI de 04/09/09 e Nº 413 PRES/FUNAI de 24/03/10)

Extensão (ha.):


As serras do Arapuá e Cacaria são o território tradicional do povo Pankará. Com uma altitude aproximada de 900 metros, a Serra do Arapuá está localizada no município de Carnaubeira da Penha, sertão do semi-árido pernambucano, na mesorregião do São Francisco, pertencendo a microrregião de Itaparica. A Serra da Cacaria, apesar de estar ligada à Serra do Arapuá, se distingue dela por ser um relevo independente. A Terra Indígena está em estudo pela FUNAI, ato deflagrado pelo processo administrativo Portaria Nº 1014, PRES/FUNAI de 4 de setembro de 2009. foto 1

Os principais municípios de referência são Belém do São Francisco, Mirandiba, Salgueiro e Floresta. Outras referências importantes são a Serra Umã (T.I Atikum) e o Rio São Francisco. O acesso à Serra do Arapuá pode ser feito pela Rodovia Federal BR-232 seguido da Estadual PE-360 até o município de Floresta, e mais trinta quilômetros de estrada de terra batida. Outra opção é pela Rodovia Federal BR-232 até o município de Mirandiba, seguido da PE 425 até Carnaubeira da Penha e mais dez quilômetros de estrada de terra batida até o pé da Serra. Ambos os caminhos representam um percurso aproximado de 500 quilômetros da capital.

            A atual cidade de Carnaubeira da Penha, antes distrito do município de Floresta, antigo “Sítio da Penha”, foi elevada à categoria de município autônomo pela lei estadual nº 10.626, de 01 de outubro de 1991. Importante destacar que este município tem uma população de 12.451[1] pessoas, com cerca de 85% [2] deste contingente nas áreas rural. Compondo esta população existem dois povos indígenas, os Pankará e os Atikum, que juntos somam mais de 7[3] mil pessoas, ou seja, mais de metade da população municipal, isso quer dizer, mais da metade da população vive com certa autonomia em relação às políticas e ao poder municipal. Carnaubeira é o segundo município mais pobre de Pernambuco, com uma incidência que chega aos 80% da população[4].

A eletrificação foi instalada na década de 1990, exceto a Cacaria que foi eletrificada em 2008. Possui inúmeras fontes de água, o que caracteriza a Serra como um “oásis do sertão”. Segundo especificam os índios, são cerca de 19 grotas, 15 lagoas, 28 açudes e barragens e 82 nascentes permanentes de água.

foto 3

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Outra característica da Serra do Arapuá é a presença de sítios arqueológicos, onde são encontrados grafismos, sítios de grupos agricultores-ceramistas em excelente estado de conservação, fragmentos de cerâmica e de artefatos de material lítico (LIMA, 2008). De acordo com a pesquisa arqueológica realizada na Serra do Arapuá, há material cerâmico com diversas tipologias “urnas funerárias, cachimbos de cerâmica, cerâmica lisa, incisa e corrugada, pilões, mãos-de-pilão, batedores, machados, tembetás de amazonita, tipo de adorno labial encontrados na superfície, e no caso das urnas em subsuperfície, na maioria das vezes durante o trabalho na lavoura, das áreas planas dos topos da serra da Cacaria e no vale da Aldeia Boqueirão”. O arqueólogo complementa que observa a incorporação do material arqueológico ao universo mítico-religioso dos índios da Cacaria, segundo palavras do pajé Pedro Limeira: ”estes cacos são a escritura da Mãe-Natureza que os antepassados deixaram pra nós” (LIMA, 2008, p.29). [fotos – artefatos dos sítios arqueológicos]



[1] DATASUS/2009 projeções intercensitárias (1981 a 2009), segundo faixa etária, sexo e situação de domicílio;
[2] IBGE Contagem da população 2007 (IBGE/SIDRA).
[3]Fonte: SIASI - FUNASA/MS, 17/10/2010.
[4] IBGE - cidades, 2009 e IBGE Produto Interno Bruto dos Municípios 2003-2007 (em parceria com órgãos estaduais de estatística e secretarias estaduais de governo; ** TRE/PE e TRE/BA ***Mapa da Renda em Pernambuco/FGV 2008. Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos micro-dados Censo Demográfico de 2000/IBGE.

Referência Bibliográfica

ANDRADE, Lara. “Nem emergentes, nem ressurgentes, nós somos povos resistentes”:território e organização sócio-política entre os Pankará. Monografia, bacharelado em Ciências Sociais, UFPE, 2010.

FERRAZ, Carlos Antonio de Souza. História Municipal de Floresta – os vales, o povo, a evolução sociocultural e econômica. Prefeitura Municipal de Floresta: FIDEM, 1999.

GRUNEWALD, Rodrigo de Azeredo. ‘Regime de Índio’ e faccionalismo: os Atikum da Serra Umã. Rio de Janeiro, 1993. Dissertação de Mestrado em Antropologia. Museu Nacional, UFRJ .

LIMA, Manoel. Breve Relatório Etnográfico e Arqueológico Pankará. Programa de Pós Graduação em Arqueologia/UFPE, 2008.

MENDONÇA, C. F. L. Povo Pankará: os percursos da etnicidade no sertão de Pernambuco. In: ATHIAS, r. (org.) Povos Indígenas de Pernambuco: identidade, diversidade e conflito. Recife, Editora da UFPE, 2007, VOL. 1.

ORGANIZAÇÃO INTERNA DE EDUCAÇÃO ESCOLAR PANKARÁ. Escola Pankará: memórias do passado, saberes do presente: história, luta, ciência e resistência. Projeto Político Pedagógico, 2007.

ROSA. Hildo Leal. A Serra Negra: refúgio dos últimos “bárbaros” do sertão de Pernambuco. Recife, 1998. Monografia do bacharelado em História. Centro de Filosofia e Ciências Humanas, UFPE.

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