Uma bactéria letal para o Aedes

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Uma bactéria letal para o Aedes

ARBOVIROSES Projeto de pesquisa da UFPE sobre os zika está entre os 21 que terão financiamento de R$ 3 milhões do governo do Estado

Um time de cientistas pernambucanos, ligados a quatro importantes instituições do Estado, vai desenvolver 21 pesquisas sobre o zika vírus para ajudar no combate ao transmissor da doença, o Aedes aegypti. Os trabalhos, selecionados por meio de edital, custarão, no total, R$ 3 milhões, financiados pelo governo de Pernambuco. Um dos projetos, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), prevê a produção de um larvicida biológico, formulado a partir de uma bactéria, capaz de matar a larva do mosquito.

“Sabemos produzir a bactéria. A próxima etapa é torná-la um produto. Poderemos fabricá- la no formato líquido, em pó, grãos ou solução concentrada. A larva do mosquito se alimenta da bactéria e morre”, explicou a engenheira química Christine Lamenha, coordenadora da pesquisa e professora do câmpus da UFPE de Vitória de Santo Antão. O projeto receberá R$ 199 mil. Ela representou os pesquisadores contemplados no edital numa cerimônia realizada ontem, no Palácio do Campo das Princesas, com a presença do governador Paulo Câmara.

“Um dos desafios é produzir em grande escala e colocar o biolarvicida no mercado. Em laboratório conseguimos, mas em pouca quantidade. Temos que encontrar uma empresa que compre a tecnologia ou, a médio prazo, há a possibilidade de o IPA (Instituto Agronômico de Pernambuco) fazer numa escala piloto e depois, industrial”, observou Christine. A UFPE teve nove projetos aprovados, totalizando cerca de R$ 1,3 milhão. O pesquisador Celso Melo vai desenvolver um teste rápido de diagnóstico para identificar o vírus zika.

A Fiocruz Pernambuco também teve nove pesquisas selecionadas, que somam R$ 1,33 milhão. O Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) foi contemplado com dois projetos (R$ 200 mil) e a Universidade de Pernambuco (UPE) com um (R$ 170 mil). Gabriel Wallau, do Departamento de Entomologia da Fiocruz, propôs o sequenciamento do genoma do vírus zika, que será extraí- do do agente vetor (o Aedes aegypti), coletado em campo.

“Não será usado o vírus encontrado em humano para sequenciamento. Isso permitirá saber se existe uma ou mais linhagens do vírus em circulação no Estado e se ele está sofrendo mutação. Conhecer a linhagem circulante permitirá predizer qual o melhor tratamento”, destacou Gabriel, que terá R$ 148 mil para pesquisa. Lindomar Pena, do Departamento de Virologia da mesma instituição, receberá R$ 164 mil para desenvolver uma técnica para diagnóstico da zika com estrutura mínima, sem uso de equipamento sofisticado. Segundo ele, será um teste portátil, com resultado em horas e que poderá ser usado para testar amostras de sangue humano e do vetor.

RECURSOS

Paulo Câmara ressaltou a importância de investir em pesquisa. “Há pouca informação do zika vírus, ainda não conhecemos muito sobre ele. Além de cuidar das pessoas que adoeceram, dar assistência às mães que têm bebês com microcefalia, preparar a rede de saúde, vamos agora destinar R$ 3 milhões para pesquisa, pois entendemos que é estratégico”, enfatizou.

O edital foi resultado de parceria entre Secretaria Estadual de Saúde e Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe). As pesquisas devem ser concluídas em 18 meses.

 

Campanha eleva autoestima de mães

É com dedicação integral que as mães de bebês com microcefalia tomam conta de seus filhos, num ato que muitas vezes significa sacrificar o cuidado consigo mesmas. Ontem as mamães e cuidadoras que acompanham seus bebês no Centro de Reabilitação Menina dos Olhos, da Fundação Altino Ventura (FAV), na Iputinga, Zona Oeste do Recife, tiveram uma grata surpresa ao chegar à unidade de saúde. Na ação “Cuidando de quem cuida”, a FAV, com o apoio de parceiros, proporcionou a essas mulheres um dia especial dedicado aos cuidados com saúde e beleza.

O projeto nasceu a partir de demandas que surgiram no grupo de apoio que funciona no centro de reabilitação. As mães se queixavam de problemas na visão e tinham dúvidas sobre como poderiam se tratar.

Além de oferecer atendimento oftalmológico gratuito, a FAV presenteou as cerca de 120 mães atendidas ontem com óculos e lentes de contato, que serão doados pela Ótica Avvistare e pelo Instituto Varilux e terão fabricação da RX Laboratórios Óticos. A empresa de cosméticos Mary Kay participou da ação e ofereceu tratamento de beleza gratuito no local.

“Ter uma criança com microcefalia é muito difícil. O projeto se preocupa com essas mães, pois se elas não tiverem fortalecidas, física e emocionalmente, não terão estrutura para cuidar dessas crianças. Vão surgindo outras prioridades e essas mães acabam se deixando de lado. Nossa preocupação é de que a mãe não fique de lado, que a mãe se cuide e fique com uma autoestima elevada, já que isso será revertido positivamente para ela e para o bebê”, destacou a assistente social da Fundação Altino Ventura Camila Cabral.

“A campanha é maravilhosa, já que eu não tinha condições financeiras de comprar os óculos. Só soube que precisava usar quando fiz a consulta hoje (ontem). Foi o melhor presente que eu podia ganhar, vai me ajudar muito”, comemorou a dona de casa Dhulha Nascimento, 24 anos, mãe de Luiza Valentina, seis meses.

Para Girlânia Maria da Silva, 29, que participou da aula sobre cuidados com a pele, estar bem em relação à aparência ajuda a manter a confiança. “Não temos tempo para nada, só para levar nossos filhos às consultas. Ao nos sentirmos mais bonitas, elevamos nossa autoestima e ganhamos mais confiança.”

 

Concurso premia alunos

Cartazes e campanhas publicitárias foram criados por alunos de 75 escolas estaduais para conscientizar a população sobre a importância de erradicar o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chicungunha. Os colégios participaram de um concurso promovido pelas Secretarias de Educação e Saúde de Pernambuco. Nove saíram vencedores. Os estudantes ganharam tablets e livros. Receberam parabéns ontem do governador Paulo Câmara, numa cerimônia no Palácio do Campo das Princesas.

A competição foi dividida em três categorias: anos iniciais e anos finais do ensino fundamental e ensino médio. Em cada uma houve premiação para os três primeiros colocados. Da Região Metropolitana do Recife houve apenas uma escola vencedora, a Erem Professora Amarina Simões, de Paulista. As oito restantes são do interior: Timbaúba, Altinho, Limoeiro, São Bento do Una, Garanhuns, Moreilândia e Araripina.

Cada escola elegeu seu melhor trabalho em cada categoria. Em seguida, as 16 Gerências Regionais de Educação (GREs) definiram os colégios que iriam representá-las. O julgamento final coube à Secretaria Estadual de Educação.

Alice Freitas, Anny Caroline Neves, Nayane Duarte e Eduarda Gomes, da Erem Professor Francisco Joaquim de Barros Correia, de Altinho, tiraram primeiro lugar na categoria ensino médio. Todos os 114 alunos do 2º ano da escola participaram do concurso.

O trabalho delas foi escolhido democraticamente pelos estudantes, por meio de votação. “Fizemos palestras, falamos na rádio do município, conversamos com os moradores, criamos uma camisa sobre a campanha”, contou Alice. Até o lixo do entorno da unidade de ensino foi recolhido pelos alunos.

A criatividade de Eliã Marques, Velley Peixoto e Bruna Araújo rendeu o terceiro lugar na categoria anos finais do ensino fundamental. As três estudam na Escola Professora Elvira Viana, de Garanhuns. As garotas criaram três super-heroínas, batizadas de Eliancé, Cencibru e Veticha, e fizeram um cartaz. “Não esperávamos ganhar o concurso. Ficamos muito felizes”, disse Eliã.

 

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