Aedes Aegypti. Especialistas divergem sobre uso do fumacê

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03/06/2017

Indicado para períodos de epidemia, o fumacê pulveriza o inseticida, que fica de dois a 30 minutos no ar e mata apenas mosquitos adultos, explica o biólogo Luciano Pamplona, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC). Criadouros do mosquito, portanto, não são afetados. Em dias de muito vento, como no segundo semestre do ano, a ação ainda é dificultada. Quando o morador fecha portas e janelas, a pulverização também perde o sentido, acrescenta.

A divergência vem no que o fumacê pode causar aos humanos. Conforme Pamplona, os produtos utilizados em estratégias de saúde pública não trazem transtornos à saúde das pessoas, podendo afetar pontualmente os alérgicos. Daniela Ferraz Navarro, professora do Departamento de Química Fundamental da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), acrescenta que as baixas concentrações dos inseticidas são recomendadas pelo Ministério da Saúde para não haver riscos para a população. “Mas há pesquisadores que defendem que ele poderia fazer mal”, sinaliza. Questionamentos Em nota técnica, estudiosos da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) questionam a ausência de pesquisas suficientes para investigar o efeito da exposição das pessoas aos produtos químicos utilizados. Em fichas de segurança química dos produtos, segundo a nota, há descrição de riscos de náusea, vômito, diarreia, dificuldade respiratória e sintomas de fraqueza muscular. O agravamento das arboviroses ou até mesmo desdobramentos a longo prazo são desconhecidos, denuncia a entidade por meio dos grupos de trabalho de Saúde e Ambiente, Saúde do Trabalhador, Vigilância Sanitária, Promoção da Saúde e Desenvolvimento Sustentável. O texto acrescenta que as comunidades mais carentes, por concentrarem maiores índices de infestação do Aedes, são as mais expostas aos produtos.

Dentre as reivindicações do documento, a Abrasco pede a suspensão do uso do inseticida Malathion (distribuído pelo Ministério da Saúde e utilizado em Fortaleza) e outros produtos organofosforados carbamatos, piretroides ou organopersistentes. Conforme a nota técnica, estes produtos precisam ser substituídos por barreiras mecânicas, limpeza, aspiração, telagem de janelas e portas.

O fumacê é uma estratégia pontual no combate ao mosquito e somente traria riscos à saúde das pessoas caso houvesse exposição prolongada aos inseticidas, defende Daniele Queiroz, coordenadora de Promoção e Proteção à Saúde da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Por esta razão, ela explica que as áreas não recebem a ação repetidamente. Ainda segundo ela, as visitas periódicas e a eliminação dos focos nas residências e prédios comerciais são o trabalho principal de controle do vetor.

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Desde o fim de janeiro, 45 bairros de Fortaleza receberam a estratégia do fumacê: Álvaro Weyne, Amadeu Furtado, Antônio Bezerra, Autran Nunes, Barra do Ceará, Bela Vista, Bom Jardim, Bonsucesso, Centro, Conjunto Ceará II, Couto Fernandes, Cristo Redentor, Demócrito Rocha, Dionísio Torres, Dom Lustosa, Genibaú, Henrique Jorge, Itaoca, Itaperi, Jóquei Clube, Jangurussu, João XXIII, Joaquim Távora, Luciano Cavalcante, Maraponga, Mondubim, Montese, Olavo Oliveira, Padre Andrade, Panamericano, Parangaba, Parque Araxá, Parquelândia, Pici, Planalto Ayrton Senna, Prefeito José Walter, Presidente Kennedy, Quintino Cunha, Rodolfo Teófilo, São João do Tauape, Serrinha, Vicente Pinzon, Vila Pery e Vila União. A estratégia é solicitada para bairros com mais pessoas infectadas e maior infestação do Aedes aegypti na fase adulta.

 

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