Baixos salários desestimulam jovens a seguirem o magistério

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15/10/2017

 

Taciana Ferreira, 40 anos, leciona na Escola Municipal Dom Helder Camara, no Espinheiro, Zona Norte da capital, e na rede municipal de Paulista, Grande Recife. Com graduação em pedagogia, está cursando a segunda especialização. São 15 anos de magistério e salário mensal, somando os dois empregos, de cerca de R$ 4 mil.

“É gratificante acompanhar a aprendizagem de um aluno. Gosto muito de ser professora. Lamento que haja tão pouco estímulo e valorização da nossa carreira”, diz Taciana. “Consigo me manter porque sou solteira e não tenho filhos. Mas sou exceção. Tenho colegas que ensinam no terceiro turno ou fazem outras atividades para complementar a renda”, conta.

Para o diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos, o maior desafio é instituir um plano de carreiras. “A diferença salarial de um professor em início de carreira é de 11% em relação à média de outras profissões com a mesma titulação. No meio do percurso a diferença sobe para 43%”, informa Mozart Neves. “Um plano de carreira e formação continuada ao longo da vida devem ser fundamentais para valorização do professor”, destaca.

Ainda segundo ele, “a formação precisa dialogar com o chão da escola, principalmente da rede pública. As universidades deveriam se voltar mais para essa questão”. Mozart Neves sugere uma pactuação entre Ministério da Educação, Estados e municípios para criação e implementação de um plano de carreira docente nacional.

“É preciso que a formação se inscreva como política pública de Estado e não de governo, não apenas institucional. Para que escolas e universidades estejam comprometidas com a melhoria da formação dos professores, tendo em vista a crescente melhoria da aprendizagem na educação básica, em todos os níveis e modalidades”, complementa a coordenadora das licenciaturas da UFPE, Adriana Paulo da Silva.

REALIDADE

“Comecei a estagiar numa escola pública há um mês. É um choque, pois a teoria da universidade é bem diferente da prática de uma sala de aula. Mas estou aprendendo bastante com essa experiência”, diz Mariana Cosme, 20 anos, aluna do 3º período de pedagogia da UFPE

“Acho realmente que a educação pode transformar a vida das pessoas. Estou começando o curso de pedagogia e espero não perder a empolgação com a docência. Mas defendo que os professores deveriam ser mais valorizados”, afirma Juliana Ferreira, 20 anos, colega de turma de Mariana.

 

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