Nina: o app que ajuda mulheres a denunciarem assédio nos ônibus |
10/11/2017
Mulheres conectadas a uma rede para relatar, alertar e mapear casos de assédio no transporte coletivo. Esta é uma das funções do aplicativo Nina, que será lançado nessa quinta-feira (9). Desenvolvido pelas estudantes Simony César e Lhaís Rodrigues, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o app emite notificações quando uma passageira passa por uma situação de assédio. De acordo com Simony César, também é um objetivo do aplicativo a prevenção. "Caso sofra assédio, a mulher poderá reportar a localização dela, o ônibus em que ela está e o tipo de assédio que sofreu. Teremos um mapa em nosso site onde estarão estas informações e chegarão notificações para pessoas que estão em um raio próximo dela", declara. Inicialmente, a plataforma só funcionará para os ônibus que trafegam no campus da UFPE, que fica no bairro da Cidade Universitária, na Zona Oeste do Recife. Como surgiu o app Simony explica que o tema mobilidade sempre esteve presente na sua vida. Sua mãe era cobradora de ônibus e também um vizinho próximo. "Minha mãe saía para trabalhar às 4h e eu ficava sempre muito apreensiva, de que algo pudesse acontecer com ela. Este meu vizinho, durante uma viagem, sofreu um assalto e, mesmo levando a renda do ônibus, atiraram nele", relata. Ela conta que seu primeiro estágio foi em uma empresa de ônibus. "Eu recebia várias denúncias de assédio nos ônibus e meu chefe nem ligava para estes casos", completou. O Nina começou a ser desenvolvido durante um hackathon promovido pelo Porto Digital, o Hackacity, que desafia programadores a pensar em soluções para os problemas da cidade a partir de dados. "É muito difícil encontrar dados sobre assédio. Eu só consegui validar meu tema a partir de reportagens. Porque não tem nada oficial sobre isto", explicou Simony. O nome do app é uma homenagem à cantora Nina Simone. Até o momento, 153 estudantes se cadastraram no aplicativo, que será lançado às 16h desta quinta, no Centro de Informática (CIn-UFPE). Os casos de assédio podem ser relatados no Nina tanto pelas mulheres que sofrerem a violência, quanto pelas que forem testemunhas. Simony acrescenta que a ideia é, no futuro, a partir dos dados fornecidos pelas usuárias do app, criar um mapa de calor, com informações em tempo real, que estará disponível no site do Nina.
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