Ministério Público pede fim do minizoo do Parque 13 de Maio

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23/11/2017

 

O Centro de Triagem de Animais Silvestres de Pernambuco (Cetas Tangara), espaço voltado à reabilitação de animais silvestres administrado pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), no bairro da Guabiraba, deverá ser o novo lar dos cerca de 60 animais que hoje sobrevivem nas jaulas apertadas do minizoológico do Parque 13 de Maio, no Centro do Recife.

A recomendação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) à gestão municipal é um desdobramento de um processo aberto em 2014, no qual o órgão determinava a ampliação do viveiros para melhor adequar os bichos, e que não foi cumprido pela prefeitura por falta de verba, conforme alegou na época. Acatada a medida, a Autarquia de Melhoramento e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), responsável pelo minizoo, terá até seis meses para encaminhar os animais ao Cetas. Caso contrário, o MPPE ingressará com ação civil pública, em caráter emergencial, no Poder Judiciário.

À frente da recomendação, o promotor de Meio Ambiente da Capital, Ricardo Coelho, chama a atenção para a situação de maus tratos na qual vivem os bichos, considerando ainda o agravante de o minizoológico funcionar há mais de 50 anos sem qualquer licenciamento do Ibama por não atender os padrões de um zoológico legal. Ele aponta que, além das péssimas condições de instalação, os bichos recebem todo o tipo de alimento como algodão doce, chiclete, pipoca, e o quantitativo de público que o parque recebe, principalmente nos fins de semana, colabora para estressar os animais.

"Situações como essas só evidenciam a necessidade urgente de uma solução definitiva para esse problema que se arrasta há décadas. A Prefeitura faz a parte dela, dando comida na hora certa, comprando medicamentos, mantendo tratadores, mas os bichos ficam expostos para qualquer tipo de maus tratos", considera o promotor.

Professor do Departamento de Botânica da UFPE, o biólogo Felipe Melo considera a versão do promotor mas, na sua avaliação, o Cetas Tangara não é o local ideal para os animais do minizoo. Para ele, o mais apropriado seria o Parque Estadual Dois Irmãos, no bairro de mesmo nome, na Zona Norte. "O Cetas foi criado para reabilitar os animais silvestres para depois devolvê-los à natureza, o que não é o caso desses bichos do 13 de Maio. Por estarem muito tempo em cativeiro, perderam os hábitos selvagens. Então, o ideal seria o zoológico do Dois Irmãos", reforça o estudioso.

O Parque 13 de Maio é a maior área verde da zona central do Recife, com 6,9 hectares, e, de acordo com a Emlurb, o minizoo conta com 13 araras, 13 macacos-prego, duas siriemas, uma maria anita (espécie de pequeno papagaio), um pavão, além de patos, tartarugas e peixes. Em nota, a autarquia informa que "irá, dentro do prazo estipulado, discutir a determinação junto aos órgãos responsáveis" e esclarece que "nesse período de 50 anos em que o minizoo existe "nunca recebeu qualquer punição de órgãos ligados ao bem-estar animal. A Emlurb também acatou a todas as determinações apontadas pelo Ibama durante esse tempo por meio de pareceres contendo indicações do que deveria ser cumprido pelo órgão".

 

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