Vitrine da paleontologia brasileira, museu no Sul do Ceará é reaberto à visitação |
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24/01/2018
As asas de um pterossauro podiam ter cerca de 8 metros de uma ponta a outra. Envergadura comparável à de um ultraleve ou até mesmo à de um pequeno jato. Há milhões de anos, esses seres alados sobrevoavam o vale hoje conhecido como Cariri. É possível encontrar fósseis desse animal na cidade de Santana do Cariri, no Museu de Paleontologia, que, nesse dia 21 de janeiro, teve o primeiro domingo de visitação após meses em reforma. Foi a primeira visita da estudante de medicina Raquel Uchoa, que ficou impressionada com a possibilidade de ver detalhes de insetos por meio de uma lupa. A interatividade com o visitante é resultado da reorganização do museu. O acervo reúne cerca de 9 mil peças, boa parte exposta em um casarão no centro de Santana do Cariri. Além de pterossauros e de insetos, há fósseis de vegetais – folhas, flores, troncos – e muitos animais aquáticos. Os peixes estão em maior variedade. “São fósseis de peixes em três tipos de rochas. O calcário representa a fase do lago. Aqui já foi um imenso lago de água doce. As concreções representam o mar, porque aqui foi invadido por um braço de mar, vindo do Maranhão, por conta da movimentação das placas. E folhelho, que tem uma coloração mais escura por causa de uma influência com o petróleo”, explica a guia de turismo Ana Luíza da Silva. O museu é uma vitrine de alguns dos principais fósseis estudados no país. Tem ligação com três instituições públicas: a Universidade Regional do Cariri (URCA), que administra o espaço, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), referências nacionais em paleontologia, que são parceiras nas pesquisas. O Cariri é considerado uma das principais áreas no mundo de estudo de campo para paleontólogos. Esse reconhecimento vem da quantidade e da qualidade dos fósseis. Alguns têm estado de conservação que permite ver três dimensões. "Temos a principal bacia paleontológica do cretáceo do mundo. Cretáceo é o período que vai entre 150 a 65 milhões de anos passados", diz o paleontólogo Álamo Saraiva Feitosa, curador do museu. A paleontologia foi o principal motivo para a criação do Geopark Araripe. O sul do Ceará foi o primeiro lugar do Brasil a conquistar o status de geossítio concedido pela Unesco a regiões que contam a história do planeta. Nesta cidade sertaneja com cerca de 20 mil habitantes, o museu é a principal forma de atrair turistas. Para o secretário de Cultura e Turismo de Santana do Cariri, Ypsilon Felix, a reabertura vai incentivar a chegada de visitantes à cidade. É a isca para outros pontos turísticos, como o Pontal da Santa Cruz, que faz parte do Geopark Araripe, e a capela de Benigna Cardoso da Silva, santa popular da região que pode se tornar a primeira pessoa nascida no Ceará a ser beatificada pelo Vaticano. Serviço
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