MPF de Pernambuco vai apurar ameaças a professores e estudantes da UFPE

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08.11.18

RIO — O Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco instaurou, nesta quarta-feira, um procedimento para apurar ameaças a professores e estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Uma lista com nomes de membros dos corpos docente e discente do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) dizia que eles seriam "banidos" por suas visões políticas, orientação sexual ou etnia, além trazer uma série de ofensas.

O MPF no estado recebeu a representação formal da UFPE no final da tarde desta quarta-feira, mas já tinha tomado conhecimento do caso e instaurado o procedimento, que será distribuído nos próximos dias para um procurador da República iniciar a apuração dos fatos, disse a procuradoria.

Uma foto da lista, deixada no diretório acadêmico do curso de História, viralizou nas redes sociais nesta semana. A instituição repudiou os insultos e anunciou que abriu uma sindicância interna e que acionou também a Polícia Federal (PF).

"A UFPE não admite, sob qualquer hipótese, que a violência ameace as liberdades de cátedra e individuais. A Universidade defende a academia como o espaço para o pluralismo de ideias", afirmou a instituição em nota. "Denúncias de casos como esses podem ser encaminhadas para a Ouvidoria-Geral da UFPE, por meio do site da Universidade".

A maioria dos alvos das ofensas, feitas num formato de carta, é vinculada aos cursos de História e Sociologia. Com o título "Doutrinadores e alunos que serão banidos do CFCH", os autores usaram termos pejorativos para se dirigir aos profissionais, considerados "comunistas".

Os autores da carta escreveram ainda que um dos professores representa uma "ameaça à moral e aos bons costumes cristãos" e seus orientandos são "um exército de viados, travecos, feminazis, prostitutas e todos os tipos de degenerados que atentam contra a família", além de serem "propagadores da ideologia de gênero".

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Outro professor foi acusado de fazer "apologia ao uso de drogas, junto a seus orientandos esquerdistas". Membro do Departamento de Sociologia, ele se manifestou em seu perfil do Facebook, dizendo que "providências legais estão sendo tomadas" e que esse tipo de ataque é uma forma de ofender aqueles que defendem "a cidadania brasileira, a autonomia da universidade pública, as liberdades civis e a democracia".

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