Imagine Dragons, Nickelback e Muse mobilizam fãs no Rock in Rio

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06.10.19

RIO — O que o Muse tem a ver com o Nickelback ? E o que o Nickelback tem a ver com o Imagine Dragons ? A princípio, os destaques do último dia de Rock in Rio parecem não combinar muito entre si. Mas compartilham uma característica marcante: uma base com fãs fidelíssimos.

Veja o caso do Nickelback: formada em 1995, a banda canadense liderada por Chad Kroeger desperta, para a maioria das pessoas, uma lembrança vaga de hits que tomaram as rádios FM nos anos 2000, como “How you remind me”. Ou, no caso das memórias recentes, faz lembrar a última controvérsia do presidente americano Donald Trump, que na semana passada editou o clipe de “Photograph” (sem autorização da banda) para atacar Joe Biden, seu adversário na campanha à reeleição.

No caso de pessoas como o piauiense Bruno Cavalcante, de 26 anos, porém, a coisa é diferente: morador de Altos, na Grande Teresina, o jovem, formado em Recursos Humanos, conta com 15 mil seguidores no Instagram. A grande maioria chegou à conta atraída pelo fato de ele ser o presidente do “Nickelback Brasil”. Bruno costuma receber mensagens de curiosos em saber como conseguiu tirar fotos com Chad Kroeger e o guitarrista Ryan Peake durante a última visita do Nickelback ao país, em 2013.

— Tenho uma tatuagem enorme da banda no meu peito. Da última vez em que eles vieram, fui para a porta do ( hotel ) Fasano ( em Ipanema ). Fiquei lá das 14h às 21h. Quando eles desceram pra conversar, pedi para autografarem minha tatuagem, e depois tatuei o autógrafo por cima. Carregar a banda no peito é justamente um sinal de que a paixão pela música dos canadenses não é só uma fase.  

— Quando estou sozinho, na bad , ouço o Nickelback e me traz uma paz, uma coisa tão positiva — Bruno diz. — Parece que eles têm a minha vida na ponta da caneta.

O baixista do Nickelback, Mike Kroeger, sabe disso. Ele garante que o show terá as faixas românticas que os fãs querem tanto ouvir.

— Tentamos dar a eles o que eles querem, além de nos divertir. O Rock in Rio é uma festa da música, os fãs cantam tudo, e estaremos aí para participar disso — garante.

Fã do Imagine Dragons, Marina Todescan, de 22 anos também é só empolgação. A analista de laboratório se encantou pela banda de Las Vegas na adolescência, com o hit “It's time”. Desde então, administra com mais oito pessoas uma página no Facebook sobre o grupo, que soma 44 mil seguidores.

— O público deles só cresce aqui no Brasil — conta ela, que já organizou eventos para os fãs em São Paulo, com apoio da gravadora da banda.

Disputa entre fanbases

Tanta adoração junta no mesmo espaço pode gerar disputas. Administrador da página Muse BR (com 92 mil seguidores), o agente de vendas Jonathan Gonçalves, de 28 anos, não duvida que surjam comparações sobre qual banda fará o melhor show da noite.

— Existe uma rixa entre fãs do Imagine Dragons e Muse. É uma besteira, mas ambos têm uma fanbase muito fanática — diz o morador de Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro.

Ao explicar a importância da banda inglesa na sua vida, Jonathan define o Muse, banda de rock alternativo responsável por músicas como “Supermassive black hole”, como uma “família”.

— Graças e eles, conheci minha namorada, a maioria dos meus amigos. A gente faz praticamente uma assessoria para eles, até melhor do que a própria produtora da banda — comenta.
Para o professor do Departamento de Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Thiago Soares, shows desse tamanho funcionam como arenas para bandas e fãs. São essenciais que uns possam provar a paixão que têm pelos outros.

— Grandes eventos são palcos de performatividade dos fãs. Isso significa chegar muito cedo, ficar na fila, na grade, sem água. É um espaço de disputas.

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