Inclusão na escola traz benefícios para a sociedade, apontam pesquisadores

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30/08/2021

“O estudante com deficiência não atrapalha”, afirma a coordenadora do Centro de Estudos Inclusivos (CEI), do Departamento de Psicologia e Orientação Educacionais (DPOE), da Universidade Federal de Pernambuco(UFPE), Tícia Ferro. Amparada em evidências científicas, a pesquisadora, que desenvolve estudos na área de Educação Inclusiva, considera que a inclusão das pessoas com deficiência deve ocorrer nas escolas regulares.

De acordo com dados divulgados pela Secretaria Estadual de Educação e Esportes de Pernambuco, 1.057 unidades de ensino do estado possuem mais de 4 mil estudantes que estão registrados com deficiências, seja intelectual, auditiva, física, com baixa visão, cegueira, surdos, com transtorno de espectro autista ou com altas habilidades.

“As escolas que nós temos hoje precisam entender que todo mundo é diferente. Nós temos uma heterogeneidade dentro da sala de aula. Para isso, é preciso existir um currículo acessível para todos. Se temos um estudante com deficiência, a proposta é que possamos ajustar esse currículo para esse aluno com deficiência”, reflete a pesquisadora.

Pais de crianças e adolescentes com deficiência da Região Metropolitana do Recife também concordam com a pesquisadora que, diante das barreiras instituídas física e socialmente,relatam os dilemas da Educação, num período que ameaça a volta da segregação e exclusão social de seus filhos.

“A escola pública tem esses recursos que os ajudam, principalmente para as atividades em que eles têm dificuldades”, conta a dona de casa Fabíola Maranhão. Ela é mãe de Lucas Maranhão, um jovem de 18 anos de idade, diagnosticado aos dez anos de idade com Síndrome de Asperger, uma condição associada ao autismo. O jovem atualmente cursa o Ensino Médio na Escola Estadual José Mariano, na divisa entre os bairros de Areias e Estância, no Recife.

Em Jaboatão dos Guararapes, a dona de casa Nathália Araújo relembra que a principal dificuldade da filha, Marie Kauanne, 13 anos, é de aprendizado. “Ela tem dificuldade para aprender. A escola particular foi um passo para ela melhorar. Depois ela estudou na Escola Municipal Padre Aurino Caracciolo, e ela tinha todo um acompanhamento, pois tinha apoio da professora. Agora ela está matriculada na Escola Municipal Nova Visão, onde as aulas presenciais ainda não começarama. Conversei com a direção da escola, e eles falaram que teremos apoio assim que as aulas retomarem”, relata.

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, nº 13.146/2015, foi criada para assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.

Não há evidências que favoreçam segregação na escola

A gestora de Educação Inclusiva e Direitos Humanos na Secretaria Estadual de Educação e Esportes, Vera Braga, ressalta a perspectiva de que todos os estudantes com deficiência, seja criança, adolescente ou adulto, devem estar dentro da sala de aula do Ensino Regular, junto com estudantes sem deficiência.

“Do ponto de vista das pesquisas, da ciência, as crianças e adolescentes se desenvolvem melhor juntos com pessoas da mesma idade. Além de que, todos aprendem uns com os outros, com ou sem deficiência, a líder com a diversidades, as singularidades e diferenças humanas, que fazem parte da condição humana”

Tanto a gestora da Secretaria Estadual de Educação, quanto a pesquisadora da UFPE, Tícia Ferro, concordam que não há evidências de que o estudante com deficiência atrapalhe o desempenho de outros estudantes, como declarou o ministro da Educação, Milton Ribeiro, recentemente.

“Entendo que esse pensamento de que estudantes com deficiência atrapalham os demais, é quase como voltar para uma época de segregação e de exclusão das pessoas com deficiência”, reflete Tícia. “Orientamos que as crianças com deficiência estejam nas salas comuns e que no contraturno tenha um atendimento especializado”, aponta Vera.

A Secretaria Estadual de Educação segundo dados divulgados, aponta que do corpo docente há 523 professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE), 218 interpretes, 93 brailistas, 92 instrutores e 273 profissionais de apoio. Eles são responsáveis pelos 4.293 alunos do atendimento especializado.

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