Aplicação vive 2 impasses

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Aplicação vive 2 impasses

Cidades - Página 18

3 de outubro de 2021

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REMOTO Colégio da Aplicação está sem aulas presenciais há um ano e meio por causa da pandemia

Considerada uma das melhores melhores escolas públicas do Brasil, o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) está envolvido em dois impasses. Ainda não voltou a ter aulas presenciais (suspensas há um ano e meio por causa da covid-19), o que motivou o envio de uma carta aberta das famílias de alunos reivindicando esse retorno já que a maioria das escolas públicas e privadas do Estado reabriu. E não decidiu se a seleção dos novatos para 2022 será novamente por meio de sorteio, adotado excepcionalmente por causa da pandemia, ou voltará a aplicar provas de seleção. Em meio a essas indefinições, estudantes, professores e servidores voltaram, na última quinta-feira (30), de forma escalonada, para atividades integradoras presenciais.

A decisão de manter as aulas remotas foi tomada no dia 24 pelo pleno do colégio e informada à comunidade escolar. Significa que os 420 alunos do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio continuarão com aulas síncronas pela manhã e assíncronas à tarde. Para as atividades integradoras, a cada dia poderão ir duas turmas, uma em cada turno. As turmas têm em média 30 estudantes. No dia 11 de outubro a direção pretende avaliar como foi esse retorno e adotar ou não novas medidas, inclusive não está descartado o início de aulas presenciais, a depender da avaliação dos docentes.

Na carta aberta dos pais, as famílias classificam a decisão pelo não retorno das aulas presenciais como "unilateral e equivocada" e afirmam que "não atende aos interesses dos alunos e das famílias, desconsidera a inegável perda da qualidade do ensino com a permanência do formato remoto, além de ignorar os graves malefícios psicológicos causados a crianças e adolescentes".

As famílias afirmam que compreendem as limitações financeiras impostas pelo governo federal e que sempre defenderam a volta do ensino presencial apenas com professores e boa parte da população vacinados. "Entendemos que esse momento chegou e a escola não pode simplesmente ignorar os fatos", escreveram. Entre os prejuízos da manutenção das aulas remotas, destacaram o comprometimento do conteúdo programático, desmotivação dos alunos e a fragilidade do vínculo entre docentes e discentes.

Em resposta à carta, a equipe de gestão assegura que sobre o retorno presencial e o seu formato, a decisão não foi tomada de forma unilateral e que houve amplo debate com a direção, docentes, técnicos e representantes dos alunos.

"A forma de retorno adotada pelo Colégio de Aplicação foi pensada por profissionais da educação, sempre pensando na melhor maneira de reintrodução dos estudantes no espaço escolar. Não seria prudente ao colégio, depois de 18 meses sem atividades presenciais, colocar os alunos em sala de aula para trabalhar conteúdos curriculares sem antes tratar questões emocionais e de acolhimento", ressaltam os gestores.

Segundo a direção, as atividades integradoras presenciais serão encontros pedagógicos "que envolvem, além do acolhimento, ações de ensino e aprendizagem que vão além dos conteúdos específicos de cada componente disciplinar".

Não foi usado o termo aula porque, conforme os diretores, "a aula pressupõe o registro da frequência e o cômputo da carga horária. Caso essas atividades fossem registradas como 'aulas", estudantes que não pudessem participar presencialmente poderiam ser reprovados por falta ao atingirem mais de 25% de ausência", explicam.

NOVATOS

Sobre o ingresso dos novatos, o diretor do colégio, Erinaldo Carmo, diz que a comissão de seleção não chegou ainda a uma entendimento sobre o formato. Ele estima que o edital será publicado em meados de outubro. Haverá 56 vagas para o 6º ano, sendo 28 pra cotistas (egressos de escolas públicas) e 28 para ampla concorrência.

Até 2019, os novos alunos eram selecionados por meio de uma seleção com provas de português, matemática e redação. Ano passado, devido à pandemia, o colégio informou que os testes aconteceriam este ano. Depois, decidiu realizar um sorteio para preenchimento das vagas, o que causou indignação em algumas famílias.

Independentemente do modelo de ingresso a ser adotado, Erinaldo informa que não haverá cobrança de taxa de inscrição. Outra novidade é a reserva de vagas para candidatos com deficiência. Serão quatro vagas.