Três anos após sair da Funase, jovem aposta na educação por um futuro melhor

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14/09/2021

Em maio de 2019, quando a Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) divulgou a segunda queda anual consecutiva no índice de reincidência em atos infracionais entre o público atendido pela instituição, a história de Messias Daniel ganhou espaço em jornais, sites e redes sociais.

Na época, Messias já era egresso da medida de internação havia dez meses e vinha apresentando bom desempenho em projetos longe da criminalidade. Ele ainda colhe frutos do apoio que encontrou para recomeçar, concretizado em um estágio remunerado na sede da Funase, já concluído, e na inserção no programa Jovem Aprendiz.

Depois que saiu do sistema socioeducativo, Messias terminou o Ensino Médio e chegou a fazer um pré-vestibular. Agora, sua meta é obter uma bolsa parcial no curso de tecnólogo em análise e desenvolvimento de sistema na Cesar School, ligada ao Porto Digital, para dar vazão à sua paixão por tecnologia, área na qual ele atuou quando foi estagiário na Funase. A outra opção é a graduação em ciência da computação na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

A rotina de estudos não tem sido fácil durante a pandemia, começando por uma dificuldade comum a diversos estudantes no país: a falta de bons equipamentos para acompanhar aulas online.

"Estou com um computador defeituoso, que desliga de hora em hora. Estou comprando algumas coisas com o que junto do meu emprego como aprendiz. É daí que estou conseguindo me estruturar. Já passei por várias empresas e estou fazendo valer meu direito como jovem e as oportunidades que me deram. Consegui comprar uma escrivaninha. Antes, estudava em uma caixa de papelão que fazia de gabinete. Não falta força de vontade", afirma Messias, que, com 21 anos, ainda na faixa etária atendida pelo Jovem Aprendiz, trabalha meio expediente em um hospital público do Recife.

Messias se diz agradecido pelo apoio que recebeu para se inserir produtivamente na aprendizagem profissional e, ainda que relate dificuldades vivenciadas por muitos brasileiros em tempos de crise, acredita no quão longe pode ir por meio da educação.

"Não vou parar de estudar. Peguei amor por isso. A felicidade não está só em fazer vestibular e passar. Está também no processo até lá, mesmo que seja difícil. Eu lutava por algo que não tinha sentido. Agora luto com um propósito, pra alcançar meus objetivos", conclui.

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