Pais de alunos do Colégio de Aplicação da UFPE acionam MPF e questionam manutenção de aulas apenas remotas

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28/09/2021

Pais de estudantes do Colégio de Aplicação (CAP) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) entraram com representações no Ministério Público Federal (MPF) para questionar a decisão da escola de não retornar às aulas presenciais. Os estudantes estão em ensino exclusivamente remoto devido à pandemia da Covid-19.

As famílias querem entender porque a escola não adotou o ensino híbrido, com parte das aulas presenciais, como outras instituições de ensino públicas do Recife fizeram em julho. A escola explica não ter estrutura para dividir as turmas e manter o distanciamento (leia mais abaixo).

O g1 entrou em contato com o MPF para saber sobre o andamento das representações, mas o órgão informou que não identificou nenhum procedimento instaurado sobre o assunto.

Mãe de um aluno matriculado na escola, Giani Santos contou que as aulas remotas começaram apenas em setembro de 2020, após seis meses sem nenhuma aula. Ela foi uma das que procurou o órgão federal e questionou o formato de ensino adotado.

"A gente sabe que o Colégio de Aplicação é considerado um dos melhores colégios públicos do Brasil e esperava que o CAP conseguisse revelar isso também em relação a essa problemática, mas não é a resposta que a gente está tendo. É angustiante também porque a gente está vendo o prejuízo educacional e emocional para os alunos", relatou.

Ao g1, nesta terça-feira (28), Giani Santos explicou que outros pais de estudantes entraram com representações junto ao MPF e que soube ter sido aberta uma investigação por parte do órgão federal. "Na minha representação, ataco duas frentes: esse formato pífio adotado, que não cumpre a carga horária, e o fato de não ter retornado, mesmo com os professores vacinados", declarou.

O estudante José Renato de Carvalho Ribeiro contou que tem duas ou três horas de aula pela internet diariamente. Quantidade de atividades bem inferior àquela que era praticada no ensino presencial pré-pandemia.

"A gente tem menos aulas. A primeira do dia é às 8h. Tem a segunda aula às 9h, um intervalo de 20 minutos e termina às 10h20", relatou o garoto.

Para o estudante do 8º ano Júlio de Barros da Hora, a experiência da escola presencial faz falta. "​​Todo o intervalo, ao invés de ir andar pelo CAP, conversar com o pessoal, comer um lanche, a gente fica uns 20 minutos rodando pela casa", disse.

Resposta do CAP
Em entrevista à TV Globo, o vice-diretor do CAP, Danilo Carvalho, afirmou que a instituição não deve modificar o modelo de ensino até 2022. Segundo ele, o colégio não tem estrutura para dividir as turmas e garantir o distanciamento social necessário entre os alunos.

De acordo com o Plano Convivência com a Covid-19, é necessário que as carteiras escolares permaneçam a uma distância de um metro umas das outras. Os estudantes também devem permanecer de máscaras.

Segundo o vice-diretor, a instituição também não possui recursos necessários para transmitir ao vivo as aulas presenciais e não concorda em disponibilizá-las de forma gravada.

"Isso não iguala as oportunidades de aprendizagem, porque aquele que ficou em casa, pode assistir a uma videoaula mais curta, com outra profundidade, diferente de quem está dentro da escola. Os alunos acabam tendo acesso aos conteúdos de forma muito diferenciada", declarou Carvalho.

Segundo o CAP, a partir da quinta-feira (30), a instituição deve oferecer atividades extracurriculares de forma presencial, para promover o contato dos alunos. Essas atividades representam um momento de transição, em que devem ser trabalhadas questões emocionais e de acolhimento, de acordo com o colégio. No entanto, os conteúdos programáticos do calendário escolar obrigatório seguem pela internet.

O vice-diretor disse, ainda, que a escola pretende reavaliar o modelo de ensino para 2022. "A vacinação vem aumentando, uma vez que a gente também já vem pensando estratégias para o retorno efetivamente seguro em 2022. A gente prefere ter cautela nesse momento e finalizar o ano do jeito que planejamos lá no início, totalmente de forma remota".

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