Maria Helena Guimarães de Castro, a conselheira do Brasil

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09/11/2022

Nos próximos quatro anos, o Brasil terá grandes desafios a vencer na área da educação, tanto no Ensino Básico como no Superior, que vão desde a questão alimentar – e aqui me refiro à merenda escolar –, passando pela recomposição da aprendizagem, em decorrência do legado deixado pela pandemia, até a questão da ampliação do acesso ao Ensino Superior pelas pessoas de mais baixa renda. Tenho dito que o(a) próximo(a) ministro(a) vai precisar literalmente dormir no Ministério da Educação (MEC), tamanho é o esforço necessário para tirar a educação brasileira dessa letargia em que se encontra. Serão oito anos em quatro!
O próximo MEC vai precisar não apenas fazer uma aliança com estados, municípios e universidades para estabelecer as prioridades necessárias ao enfrentamento dos inúmeros problemas – a começar pelo rombo no orçamento –, como também motivar as melhores pessoas para estar na linha de frente desse trabalho, caso queira ter sucesso na sua empreitada. Sem fortes lideranças e pessoas capazes e preparadas, não logrará êxito. É preciso ter os(as) melhores nos postos mais estratégicos, incluindo o Conselho Nacional de Educação (CNE). Nesse sentido, conheço pouquíssimas pessoas com tais atributos, e uma delas se chama Maria Helena Guimarães de Castro.
Só a paixão pela educação é capaz de explicar tamanha capacidade de trabalho e de entrega a essa causa. Foi assim por onde passou: no Ministério da Educação, por duas vezes, nas Secretarias Estaduais de Educação de São Paulo e do Distrito Federal, e na Secretaria Municipal de Educação de Campinas. Quantas pessoas no Brasil conhecem a fundo as três esferas (federal, estadual e municipal) de governo no campo da educação Estou falando do exercício público da educação, e não apenas no conhecimento teórico – algo que ela também detém como poucos, especialmente no campo da avaliação. Mas aqui quero em particular me referir à passagem dela, nos últimos quatro anos, no CNE.
No período da pandemia, Maria Helena nos guiou e liderou numa estrada tortuosa e obscura, trazendo luz às trevas ao relatar alguns dos principais pareceres do CNE no campo da aprendizagem escolar e do retorno às atividades presenciais. Uma pessoa absolutamente incansável! Muitas vezes, ao final de um dia de trabalho exaustivo, lá estava ela no WhatsApp pedindo sugestões para aperfeiçoar o parecer. Ouviu a todos, sem exceção, na construção desses pareceres. Por isso as instituições a reconheceram por meio de 26 indicações para que continuasse no CNE nos próximos quatro anos.
As escolhas precisam ser respeitadas, mas triste é o governo que não foi capaz de reconhecer essa trajetória de vida em prol da educação brasileira. Porém, feliz é o povo que democraticamente a escolheu como conselheira da educação brasileira.


Mozart Neves Ramos é titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira da USP de Ribeirão Preto e professor emérito da UFPE.

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