Jornalismo como vanguarda de transformação

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18/11/22

Na segunda-feira, 21 de novembro, a Livraria Arquipélago e a Livraria Bamboletras, reunirão em Porto Alegre as jornalistas Fabiana Moraes e Marcia Veiga em debate e sessão de autógrafos sobre o recém-lançado livro de Fabiana, com apresentação de Marcia, intitulado A pauta é uma arma de combate – Subjetividade, prática reflexiva e posicionamento para superar um jornalismo que desumaniza.

De acordo com a própria Fabiana, que já coleciona três prêmios Esso de Jornalismo, a obra surgiu de uma artigo escrito por ambas, em 2015.

Em síntese, conforme a própria autora: “Este livro fala sobre como o jornalismo pode servir como meio de se opor a esses cenários de destruição de humanidades. Este livro fala sobre como não há espaço, em um dos países campeões em desigualdade social e concentração de renda no mundo, para posturas ‘neutras’ e falsamente
equilibradas no jornalismo. Este livro é engajado e é antirracista; este livro é bicha, é preto, é indígena e é insurgente. Este livro quer pensar junto e não traz fórmulas mágicas. Este livro foi escrito por muitas mãos. Este livro é uma declaração de amor”.

No livro, Fabiana Moraes articula críticas, propostas e reflexões sobre as relações discursivas da mídia com grupos sociais historicamente oprimidos.

A pauta, segundo a autora, é a coluna vertebral da notícia, pois reflete e produz olhares sobre as coisas do mundo, situada em um contexto atravessado por hierarquias de gênero, raça, classe social e origem geográfica.

Fabiana faz a crítica ao jornalismo que espetaculariza e vê os personagens como seres exóticos em busca de audiência e cliques. Ao ver ver o Jornalismo como parte das narrativas que transformam diferenças em desigualdades, a jornalista percorre caminhos que buscam uma ruptura com os modos colonizados pelos quais os jornais atuam desde o século 19.

Objetividade e subjetividade
Para Fabiana, um jornalismo que se acomoda numa suposta isenção e se acovarda na objetividade, ao ignorar a subjetividade necessária à análise e reportagem dos fatos, acaba por reproduzir e perpetuar preconceitos.

Em seu livro anterior, O nascimento de Joicy: transexualidade, jornalismo e os limites entre repórter e personagem, de 2015, a jornalista conta a história da transexual Joicy, ex-agricultora que procura o serviço público de saúde para adequar seu corpo masculino ao feminino que deseja para si. No livro, também escreve sobre os bastidores da reportagem e expõe a complicada relação com sua personagem.

Teoria e prática em jornalismo
Em um esforço para aproximar teoria e prática, o livro apresenta três reportagens de Fabiana publicadas no Jornal do Commercio do Recife: A vida é Nelson (2012); Ave Maria (2013); e Casa grande & senzala (2013).

A autora se propõe a analisar os trabalhos uma década após sua publicação original, fazendo uma autocrítica e narrando com proximidade afetiva os bastidores dessas reportagens.

Fabiana Moraes é recifense, nascida no Alto José Bonifácio, mãe de Mateus e professora do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco. É jornalista com mestrado em Comunicação e doutorado em Sociologia, ambos pela UFPE.

Seu campo de pesquisa é mídia, imprensa, poder, raça, hierarquização social, imagem e arte.

Prêmios e publicações
É vencedora de três prêmios Esso com as reportagens A vida mambembe (2007), Os sertões (2009) e O nascimento de Joicy (2011). Recebeu ainda o Prêmio Petrobras de Jornalismo, o Prêmio Imprensa Embratel e o Prêmio Cristina Tavares de Jornalismo.

Ela também é autora de outros quatro livros: Os sertões (2010), Nabuco em pretos e brancos (2012), No país do racismo institucional (2013) e Jomard Muniz de Britto: professor em transe (2017).

Fabiana Moraes conversou com exclusividade com o Extra Classe sobre seu livro para reportagem que será publicada na edição impressa de dezembro.

Lançamento do livro em POA

O que: debate e sessão de autógrafos com Fabiana Moraes e Marcia Veiga
Quando: 21 de novembro (segunda-feira), às 18h30
Onde: Livraria Bamboletras (Av. Venâncio Aires, 113)

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