Presidente do PL diz que vai pedir ao TSE a revisão de 250 mil urnas usadas nas eleições |
19/11/2022 O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que o partido irá propor ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), até a próxima terça-feira (22), a revisão de cerca de 250 mil urnas eletrônicas usadas nas eleições de 2022 que, segundo ele, "não podem ser consideradas". Isso é quase metade das cerca de 577 mil unidades à disposição da Justiça Eleitoral. A declaração foi dada em vídeo que circulou neste fim de semana nas redes sociais e que foi compartilhado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). No vídeo, Costa Neto disse que a intenção não é pedir uma nova eleição. Mas, de acordo ele, essas urnas "não podem ser consideradas" e o TSE tem de dar uma resposta a isso. O dirigente do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, afirmou ainda que essa foi a conclusão de um estudo encomendado pela legenda. A Gazeta do Povo procurou a assessoria de imprensa do PL no sábado (19) para confirmar as informações e pedir mais esclarecimentos. Mas, até este momento, não recebeu retorno. A reportagem também procurou o TSE, que apenas informou não ter recebido qualquer questionamento do PL ou de Valdemar Costa Neto. "Tem várias urnas que não podem ser consideradas", diz Costa Neto Questionado se o fato de todas as urnas de modelo mais antigo que o de 2020 terem o mesmo número seria realmente um indício de irregularidade, o presidente do PL disse apenas: "Se elas têm o mesmo número, como você vai checar a urna antes da eleição". No vídeo, Costa Neto não apresentou mais detalhes sobre qual seria a irregularidade e por que isso implica que essas urnas não podem ser consideradas. O presidente do PL foi perguntado sobre como o partido não percebeu a irregularidade durante a vistoria que o TSE conduz junto com partidos e entidades antes da eleição. Mas Costa Neto não respondeu diretamente. "Isso é culpa dos funcionários do TSE, porque a direção do TSE não tem conhecimento disso. O pessoal de cima não sabe que existe isso lá embaixo", disse. "A insistência do Bolsonaro para ver esse assunto... Eu tinha tranquilidade [com as urnas], porque eu disputo eleição desde 1990 e as urnas estão aí desde 1994. Nunca tive preocupação com isso, e ele vem insistindo comigo. Aí eu insisti com o pessoal, eles foram lá e descobriram isso aí", prosseguiu. O ex-deputado afirmou que terá o "estudo completo" só na segunda (21) e que "tem muita gente trabalhando nisso". Questionado sobre a zerésima e os boletins de urna, que funcionam como uma espécie de extrato das urnas eletrônicas antes e depois do pleito, Costa voltou a dizer que esses equipamentos antigos "têm o mesmo número" e por isso não há como identificá-los. "Eu tenho certeza que a direção do TSE não tem conhecimento disso, eles vão ter que resolver o que fazer, são eles que decidem o que fazer", acrescentou. No vídeo, Costa Neto também é questionado se o PL vai pedir uma nova eleição eleição. "Nada. Nada de ter nova eleição. Não vamos propor nada disso. Não queremos tumultuar a vida do país. Mas têm umas urnas que têm que ser revistas e nós vamos propor para o Tribunal Superior Eleitoral até a próxima terça-feira essa nova proposta", afirmou. "Temos tudo já comprovado, tudo fotografado, tudo colocado em cartório. Agora, nós não queremos nova eleição, não queremos agitar a vida do país, mas eles [TSE] têm que decidir o que vão fazer. Eles tem que fazer.” Auditoria do PL nas urnas começou em julho No final de setembro, o PL divulgou um documento de duas páginas, sem assinatura, apontando supostas irregularidades no sistema eleitoral eletrônico, como a possibilidade de alguns técnicos do TSE para “manipular resultados da eleição, sem deixar qualquer rastro”. Em nota oficial, o TSE afirmou que as conclusões do documento eram "falsas e mentirosas". O presidente do Tribunal, ministro Alexandre de Moraes, determinou a apuração de responsabilidade criminal de seus idealizadores, bem como uma investigação contra o PL por suposto desvio de finalidade no uso de verba do fundo partidário. TSE já rebateu acusações semelhantes às citadas por Valdemar O TSE rebateu a argumentação de Cemedo. Em nota, a Corte informou que "não é verdade que os modelos anteriores das urnas eletrônicas não passaram por procedimentos de auditoria e fiscalização". "Os equipamentos antigos já estão em uso desde 2010 (para as urnas modelo 2009 e 2010) e todos foram utilizados nas Eleições 2018. Nesse período, esses modelos de urna já foram submetidos a diversas análises e auditorias, tais como a Auditoria Especial do PSDB em 2015 e cinco edições do Teste Público de Segurança (2012, 2016, 2017, 2019 e 2021)", informou o tribunal. O TSE ainda diz que os resultados desses testes estão disponíveis em seu site (veja o link aqui) e que, no teste realizado no ano passado, máquinas do modelo mais recente, de 2020, ainda não estavam prontas. Por isso, elas foram testadas em 2022 por técnicos da USP, da Unicamp e da UFPE, com resultados positivos. "Nas três avaliações, não foi encontrada nenhuma fragilidade ou mesmo indício de vulnerabilidade. O software em uso nos equipamentos antigos é o mesmo empregado nos equipamentos mais novos (UE2020), cujo sistema foi amplamente aberto para auditoria dentro e fora do TSE desde 2021", diz o TSE. A nota acrescenta que "todas as urnas são auditadas e ela é um hardware, ou seja, é um aparelho". "O que importa é o que roda dentro dela, ou seja, o programa, que ficou aberto por um ano para todas as entidades fiscalizadoras. O software da urna é único em todos os modelos, tendo sido divulgado, lacrado e assinado", ressaltou o tribunal. |