Em meio à mudança na divulgação dos dados, PE conta 23,5 mil casos e 67 mortes por Covid em janeiro

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31/01/23

Em todo o mês de janeiro, Pernambuco contabilizou 23.524 casos de Covid-19 e 67 mortes. Os dados constam em boletins da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE). O acumulado é de 1.146.459 infecções e 22.646 óbitos desde o começo da pandemia, em março de 2020. Uma média de registro diário de mais de duas mortes e em torno de 740 casos.

O Estado registrou, somente nesta terça-feira (31), o último dia do mês, 521 novos casos e mais sete mortes, que ocorreram entre setembro de 2020 e agosto de 2022.

Desde o início do governo Raquel Lyra (PSDB), em 1º de janeiro, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) deixou de enviar à imprensa os boletins diários, diminuindo a divulgação dos dados por parte dos veículos de comunicação locais. O material era encaminhado pela assessoria de comunicação da pasta e também era publicado nas redes sociais da secretaria.

Os informes eram enviados duas vezes ao dia, sendo uma no início da tarde, com os primeiros dados, e outra no começo da noite, com os número detalhados. Esse expediente mudou devido à baixa de casos e mortes a partir do segundo semestre do ano passado, quando o Estado passou a divulgar apenas em dias úteis, com registros acumulados do fim de semana às segundas e do dia posterior a feriados.

Questionada pela reportagem no início do mês, a SES-PE afirmou que os boletins não seriam mais enviados e indicou o site do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde de Pernambuco (Cievs-PE) como fonte dos dados. A Folha de Pernambuco perguntou, nesta terça-feira (31), se haveria alguma mudança. A SES-PE ainda não retornou o contato.


Para o cientista Jones Albuquerque, do Instituto para Redução de Riscos e Desastres (IRRD) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), há uma falta de transparência na divulgação dos dados, o que altera a consciência da população acerca da situação da pandemia.

"A população de Pernambuco já não tem essa consciência de que estamos em pandemia e, fazendo essa retirada dos dados de maneira mais transparente, deixa mais ainda a população em estado de segurança e não está", pontua o pesquisador, que também integra o quadro do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika) da Universidade Federal de Pernambuco ().

Nessa segunda-feira (30), a Organização Mundial da Saúde (OMS) manteve o status pandêmico da doença, bem como o nível máximo de alerta. O planeta registrou 170 mil mortes por Covid-19 nas últimas oito semanas. Com isso, Jones também destaca que "estamos olhando muito para o número absoluto e não para o risco".

"Por que a gente não tirou as placas de tubarão da praia de Piedade? Não é porque tem pouco ataque, mas é porque o risco é muito alto. É o mesmo conceito da pandemia. Quando a OMS diz: 'Estamos em pandemia', ela está dizendo que o risco é muito alto", completa o cientista: "Se a gente tirar a placa de tubarão, vai gente morrer de ataque de tubarão".

Mortes no ano
Desde o começo da pandemia de Covid-19, é comum que os boletins epidemiológicos diferenciem data de notificação de data de ocorrência dos óbitos. Isso ocorre porque há certa demora na consolidação do envio dos resultados dos exames de detecção do vírus.

Por exemplo, apesar do registro de 67 mortes pelo coronavírus em 2023, houve sete mortes ocorridas no ano, sendo uma em 4 de janeiro; uma em 8 de janeiro; uma em 9 de janeiro; duas em 11 de janeiro; uma em 15 de janeiro; e outra em 26 de janeiro. As demais 60 ocorreram antes de 2023.

Vacina bivalente
Com a proximidade das festas de Carnaval, Jones alerta para o atraso no calendário de vacinação com o imunizante bivalente. Segundo ele, há probabilidade de haver aumento no número de casos e mortes, mas a torcida é para que não seja um incremento expressivo.

"Várias das pessoas já se contaminaram. A gente está muito atrasado no calendário vacinal. Ninguém no Brasil tomou as vacinas bivalentes ainda. O ministério anunciou para 27 de fevereiro, depois do Carnaval. O prognóstico é muito sério, não parece ser tão sério como tínhamos no passado com lockdown, mas corre o risco", acrescentou Jones Albuquerque.


O Ministério da Saúde anunciou que a imunização contra Covid-19 com a dose bivalente da Pfizer será iniciada em 27 de fevereiro em grupos prioritários. O imunizante oferece proteção contra o vírus e as subvariantes ômicron.

Na primeira parte do cronograma, o foco são as pessoas mais expostas que foram vacinadas com, ao menos, duas doses da dose monovalente. Desse grupo, serão vacinadas primeiro as pessoas com 70 anos ou mais, grupos vivendo em instituições de longa permanência (ILP), imunocomprometidas, comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas. Depois, a faixa etária de 60 a 69 anos. E por fim, gestantes e puérperas e profissionais da saúde.

A campanha também irá intensificar a cobertura vacinal com a imunização monovalente em pessoas acima de 12 anos. A recomendação da pasta é uma dose de reforço para os brasileiros de até 40 anos e duas para os que ultrapassam a idade.

"As vacinas que temos hoje não são efetivas para conter infecção, nunca foram. Elas são para conter leitos e é isso que temos visto", finaliza Joenes.


Ocupação de leitos
Como informações sobre casos e mortes pelo coronavírus Sars-CoV-2 podem ficar represadas por dias em sistemas de notificação locais e nacionais, um dos termômetros em tempo real do cenário epidemiológico da pandemia é a taxa de ocupação de leitos.

Apesar disso, o site não é atualizado desde 16 de janeiro. Nessa data, de acordo com dados compilados em plataforma do Governo do Estado, a taxa de ocupação era de 64% dos leitos de UTI na rede pública.

Havia 370 vagas de terapia intensiva ocupadas e 206 livres, sendo, portanto, um total de 576 leitos. Já a enfermaria estava 39% ocupada - 200 vagas ocupadas e 307 livres.

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