Prosa da inflação brasileira

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28/12/2023

No artigo imediatamente anterior, mencionei a dificuldade de se fazer prosa palatável, que não indisponha o leitor a cumprir a leitura do texto. Ainda mais difícil é dizer algo inteligível a um público amplo, sobre tema tão intragável: inflação (aumento generalizado de preços). De todo modo, seguem alguns dedos de prosa sobre esse indigesto personagem.

Em geral, inflação é referida como percentual anual (ou mensal) e, quando desembestada, vem a referência diária; coisa que, além de causar dor de cabeça para ser entendida, fura o bolso e amplia a pobreza – quando alcança a dezena (ao ano) e, célere, vai bem além. Passagem para a tal “inflação de dois dígitos”. Ou três dígitos [100+], quatro dígitos [1000+] e além, até se tornar hiperinflação, coisa que felizmente o país não conheceu (Alemanha, 1921-23, caso clássico).


Na hiperinflação, a moeda deixa de circular, “desaparece”; encontra-se na Internet a imagem de uma alemã alimentando um forno, com cédulas de marco, para aquecer a família...; era mais barato do que carvão ou outro combustível. Sabe mesmo o que é, só quem viveu. Quem hoje se lembra das moedas derramadas no campus da UFPE, por exemplo, por onde quer que se passasse durante uma caminhada, nos idos de 1989-93? “Pratas” pra todo lado. Descartadas, porque pouco valiam.

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