Acervo do Diario de Pernambuco é tema de tese de doutorado

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05/02/24

O acervo bicentenário do Diario de Pernambuco foi o tema abordado em uma tese de doutorado. O pesquisador potiguar Francisco Noberto Galdino teve a tese aprovada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) na última quarta-feira (31). Com o tema “Preservação dos Registros da Imprensa Pernambucana”, a pesquisa destaca o percurso histórico do jornal.


A tese tem como objetivo apresentar um modelo de referência para preservação de jornais a partir do Programa de Curadoria Patrimonial de Acervo Histórico do Diário de Pernambuco.

“Minha pesquisa foi sobre esse percurso histórico da imprensa pernambucana até chegar aos principais jornais, tendo como ponto de destaque o Diario de Pernambuco, tendo em vista que ele já vai completar 200 anos de história”, contou o pesquisador.

Na tese de doutorado, o pesquisador traz como base o artigo “Preservação de Jornais Croatas” para destacar os principais fatores que prejudicam a conservação dos jornais, entre eles condições geográficas, climáticas e econômicas. “Embora tenha-se consciência da importância dos jornais para a sociedade, porém, a realidade mostra que na maioria das vezes este registro é considerado como documento efêmero, sendo “desnecessário” angariar esforços e recursos para a sua preservação, principalmente em âmbito institucional”, pontua Francisco Noberto Galdino.

Atualmente, o Diario de Pernambuco possui 198 anos e passou por diversos processos de modernização e resistência, possuindo ainda a versão impressa. Francisco Noberto Galdino destacou a importância de abordar o acervo do jornal diante da modernização dos meios de comunicação.

“A gente tem a ideia de que jornal é simplesmente um emaranhado de informações que foram publicadas e consumidas naquele dia e que depois ele se torna obsoleto, até porque o suporte do jornal, que é o papel, é muito frágil. Falando como pesquisador, eu vejo a necessidade de termos repositórios que preservem essa memória porque sem isto a gente não sabe o que pode acontecer no futuro. Hoje eu ainda tenho acesso aos jornais, mas daqui a dez anos não sei o que vai acontecer com esta massa documental. Estes jornais estão em emergência memorial”, explicou.

Francisco Noberto Galdino defendeu a tese de doutorado no dia 31 de janeiro (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)
Francisco Noberto Galdino defendeu a tese de doutorado no dia 31 de janeiro (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)
O pesquisador teve acesso ao acervo do Diario de Pernambuco, que está em processo de digitalização no Laboratório de Tecnologia do Conhecimento (Liber) da universidade. Esta conservação do acervo histórico do jornal faz parte de um compromisso com a Associação da Imprensa de Pernambuco (AIP).


O professor de pós-graduação em ciências da informação e coordenador do laboratório Liber, da UFPE, Marcos Galindo, foi o orientador do pesquisador Francisco Noberto Galdino. “O jornal é um ser vivo e ele vai mudando de opinião ao longo do tempo, pois é um reflexo das pessoas. É um conjunto de transformações muito grande. Essa imprensa livre tem uma importância muito grande e o que pode resumir o jornal é que ele é a voz do povo”, pontuou.

Como meio de conservação, a digitalização foi citada na pesquisa pois é vista como um método que possibilita “que o conteúdo seja acessível à múltiplos usuários e recuperável em diferentes plataformas e dispositivos eletrônicos, inclusive, conservando todas as características peculiares do documento físico, tais como marcas de envelhecimento do papel, rasuras e rabiscos deixados pelos seus proprietários, entre outros”.

Preservação do acervo do Diario de Pernambuco

O presidente do Diario de Pernambuco, Carlos Frederico Vital, assinou em novembro de 2023, um termo de compromisso com a UFPE e a Associação da Imprensa de Pernambuco (AIP) para a realização de um projeto de recuperação e conservação do acervo histórico do jornal.

Com tantos anos de história, o acervo foi se desgastando ao longo do tempo, deixando parte da coleção ameaçada. O projeto de recuperação ajudará a manter viva e em condições adequadas a memória dos trabalhos de grandes nomes como Joaquim Nabuco, Gilberto Freyre, Tobias Barreto e tantos outros que contribuíram nas páginas do jornal.


O acordo também beneficiará a UFPE, que visa utilizar a tecnologia para realizar trabalhos de conservação e digitalização com maior qualidade que nos métodos tradicionais. A universidade pretende criar um curso para formar novos especialistas em restauração de acervos e materiais orgânicos.

 

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