Pesquisa para avaliar crianças em idade escolar afetadas pela epidemia de Zika é lançada no Recife |
20.03.2024 Foi lançado na manhã desta quarta-feira (20), no Recife, um estudo que pretende avaliar os impactos a longo prazo nas famílias afetadas pela epidemia de Zika em 2016. O lançamento da pesquisa, intitulada Life Zika, aconteceu no Cais do Sertão, no Bairro do Recife, e contou com a presença de pesquisadores, ONGs e famílias afetadas pela epidemia do vírus. O estudo será desenvolvido em um período de sete anos, e em parceria, por pesquisadores da Universidade de Pernambuco (UPE), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Brasil, e pesquisadores da London School of Hygiene & Tropical Medicineum (LSHTM), na Inglaterra. Início da pesquisa “Não se sabia que a infecção pelo Zika vírus, durante a gravidez, estava relacionada a manifestações congênitas nas crianças. Quando surgiu a epidemia da microcefalia, apareceu uma quantidade muito grande de crianças com essa condição, muito maior do que em todos os anos anteriores”, relata o professor. Estudo divido em duas etapas Segundo a reitora da UPE, um estudo científico mais aprofundado em casos como o da pandemia do Zika é vital para responder com clareza diversos questionamentos, além de viabilizar questões acerca dos direitos e acessibilidade para as crianças e famílias afetadas no futuro. - PUBLICIDADE - Adaptação social Entre os pontos que serão avaliados nas crianças afetadas estão: os desenvolvimentos cognitivos, de linguagem e motor; o comportamento e se há sintomas do transtorno do espectro autista (TEA), os resultados educacionais de aprendizagem e inclusão social (como fazer amigos, ou sofrer bullying), etc. Entre os pontos a serem avaliados nas mães estão os impactos da SZC na vida e na saúde das mães. Estratégias de superação, mudança na trajetória de vida, tomada de decisão sobre a vida reprodutiva, etc. A pesquisa também pretende avaliar a situação socioeconômica das famílias após as consequências da síndrome. Se houve apoio social, uso de serviço de saúde, acesso a políticas públicas, entre outros prontos como renda e situação profissional. O impacto na vida das mães “Desde que ele nasceu precisou de acompanhamento neurológico, fono, pediatra, infectologista, e muitos outros. Mudou muito a minha vida. Deixei de trabalhar e passei a frequentar vários lugares, onde conheci várias outras mães que passam pela mesma dificuldade que eu”, relatou a mãe de Danilo. Ana Paula só descobriu a síndrome congênita do filho após o nascimento, no dia 27 de setembro de 2016. “No sétimo mês eu tive sintomas, umas manchinhas na barriga, passei três dias mal, mas até aí eu não sabia. A médica pediu o teste de dengue, mas eu não fiz. Então só vim saber da microcefalia depois do nascimento. Cinco meses depois o pai de Danilo saiu de casa”. A mãe atípica sustenta sozinha, com o benefício do filho e a pensão dada pelo pai da criança, Danilo, e outros três filhos. Existe a possibilidade de uma nova epidemia? “Como era um vírus que nunca havia circulado nas américas, todas as pessoas eram suscetíveis. Elas não tinham imunidade, e isso aumentou a propagação do vírus. Além, também, de ter ocorrido em um momento muito especial de proliferação dos mosquitos transmissores do vírus”, afirmou o pesquisador. Ainda segundo Ricardo, a infecção pelo Zika vírus está passando por um momento de retração, situação que ocorre quando boa parte da população adquire imunidade contra um vírus. Porém, isso não impede o surgimento de novas contaminações. “É possível que estejam ocorrendo novas infecções, mas numa escala bem mais baixa. A questão é que o grupo de crianças que entrou em contato com o vírus naquela época está crescendo. Assim, está aumentando o número de pessoas suscetíveis agora. Então, é possível que, em algum momento, volte a ocorrer um aumento dos casos”, concluiu Ricardo. |