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Culto a santos negros está ligado às irmandades do Rosário dos Pretos PDF Imprimir E-mail

17/06/2018


Os santos negros chegaram ao Brasil pelas mãos das Irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e no início da colonização portuguesa foram usados para catequizar escravos. Santa branca que cuida da população negra, Nossa Senhora do Rosário era muito venerada na Europa e os padres jesuítas trazem essa tradição para cá, informa o historiador e professor da UFPE Severino Vicente da Silva.

De acordo com o museólogo e pesquisador aposentado da Fundação Joaquim Nabuco Fernando Ponce de León, as Irmandades do Rosário dos Pretos são instituições com longa permanência em Pernambuco. A mais antiga é criada na Ilha de Itamaracá, em 1630. Depois são fundadas irmandades em Olinda (1662-1670), Recife (século 17), Igarassu (anterior a 1695) e Goiana (anterior a 1703).

“Engenhos mais ricos mantinham irmandade para seus escravos”, acrescenta Fernando Ponce de León. Ele cita como exemplo a associação fundada em 1743 no Engenho Novo, em Goiana, município da Região Metropolitana do Recife, de propriedade da família de André Vidal de Negreiros, um dos heróis da Insurreição Pernambucana, nome dado às lutas que resultaram na expulsão dos holandeses do Nordeste brasileiro no século 17.

Livros

Também são formadas irmandades em Paudalho (1778), Itambé (anterior a 1806) e Nazaré da Mata (1833-1854), no interior do Estado. O culto a Nossa Senhora do Rosário dos Pretos em Pernambuco já existia no século 16, diz Fernando Ponce, citando o livro Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil, do padre Serafim Leite (1890-1969), que traz uma carta do padre Antônio Pires, da Companhia de Jesus, escrita em 5 de junho de 1552.

“Há nesta capitania de Pernambuco grande escravaria, assim de Guiné (africanos) como da terra (indígena). Tem uma confraria do Rosario. Digo-lhe missa todos os domingos e festas”, escreve padre Antônio Pires, um dos fundadores do Colégio dos Jesuítas em Olinda. Serafim Leite aborda o assunto na publicação Suma Histórica da Companhia de Jesus no Brasil, informa o museólogo.

“A festa dos Reis Magos da escravaria índia do Rio de Janeiro assumiu extraordinária proporções, enquanto a não suplantou a escravaria africana com as suas confrarias de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, a quem os jesuítas prestavam relevantes serviços”, relata o padre. A Irmandade do Rosário dos Pretos do Recife foi extinta em 2015. As associações ofereciam aos integrantes benefícios espirituais e materiais.

 

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Santos negros com pouca visibilidade na Igreja Católica PDF Imprimir E-mail

17/06/2018


Eles são minoria dentro das igrejas. Dificilmente ocupam nichos no altar principal. E com raras exceções são cultuados em dias festivos pela comunidade cristã pernambucana. Benedito, Moisés, Elesbão, Baltazar, Antônio de Categeró, Egênia e Bakhita são negros reconhecidos como santos pela Igreja, mas com pouca visibilidade na liturgia católica.

“Os padres, de um modo geral, não animam a população católica negra a cultuar os seus santos. Negligenciar a vida e a história desses negros e negras é um erro pedagógico, de catequese e de pastoral cometido pela Igreja, na minha avaliação”, lamenta Severino Vicente da Silva, professor do Departamento de História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

São Benedito, diz ele, tem grande importância para um tema bastante atual: o desperdício de alimentos num mundo onde pessoas morrem de fome. Frade franciscano, São Benedito foi cozinheiro no convento onde morava e combatia o estrago de refeições. Um dia, ele botou num pano a comida que seria jogada fora, espremeu e saiu sangue, relata o historiador.

“Com o gesto, ele mostra que na comida há sangue e fala para os frades que, quando a pessoa joga comida fora está jogando fora o sangue dos pobres. Esse é um dos milagres atribuídos a São Benedito”, informa Severino Vicente da Silva. “A gente tem um santo católico preocupado com o desperdício de alimentos, já no século 16, e essa história não é contada”, diz o professor.

Africano radicado na Sicília e falecido em 1524, Benedito é o mais famoso santo negro em Pernambuco e no Brasil por causa das diversas irmandades e confrarias que levam seu nome, ressalta o historiador. Em Floresta, no Sertão do Estado, a primeira procissão do ano, dia 1º de janeiro, é dedicada a ele. “Reis e rainhas do Congo, em Floresta, ainda são coroados na Igreja de São Benedito.”

Olinda

A cozinheira Maria Auxiliadora Canuto, moradora da comunidade do Rosário, no bairro do Monte, em Olinda, confirma as declarações do professor ao afirmar que desconhece a história e as datas em que se celebram os santos negros. “Eles são esquecidos pela Igreja Católica, não me lembro de nenhuma comemoração em homenagem a Santo Elesbão”, destaca.

Vizinha da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Olinda, a primeira a ser construída por escravos alforriados no País, no século 17, Maria Auxiliadora fazia parte da Irmandade do Rosário dos Pretos, hoje desativada. O templo, localizado no Sítio Histórico, tem as imagens de Santo Elesbão, São Moisés, São Benedito e São Baltazar.

“Na Igreja do Rosário dos Pretos de Olinda, Santo Elesbão e São Moisés Anacoreta cam na capela-mor, um de cada lado de Nossa Senhora do Rosário, essa arrumação é muito rara", comenta Maria Auxiliadora. A imagem de Santa Efigênia, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos do Recife, no Centro da Cidade, ocupa um dos altares laterais.

Em Olinda, São Benedito segura rosas numa mão e um lenço branco na outra. “São os atributos que identificam o santo, ele doava rosas e pães, embrulhados num lenço, aos pobres. São Benedito é um luxo de humanidade para os franciscanos, ele tem uma história forte ligada a responsabilidade social, conforto espiritual, paz e harmonia”, reforça a restauradora Débora Mendes.

Exposição

Ela recuperou as quatro imagens dos santos negros da Igreja do Rosário dos Pretos de Olinda em 2000. As peças participaram de exposição internacional pelos 500 anos do Brasil, representando Pernambuco em Nova Iorque, Paris, Londres e Itália. “A foto do Santo Elesbão de Olinda foi usada como capa do catálogo da mostra de Londres, no Museu de Oxford”, diz ela.

Rei negro da Etiópia, Santo Elesbão é representado abraçado à talha de um templo católico e pisando num rei branco, simbolizando sua defesa da igreja para a comunidade negra, descreve Débora Mendes. Carmelita, Santo Elesbão é considerado o advogado dos perigos do mar. Santa Egênia, pertencente à mesma ordem religiosa, é a protetora dos incêndios em edifícios.

Santa Egênia, da Etiópia, era filha de um rei, se converte e passa a acompanhar São Mateus, evangelista. “A tradição a remete ao tempo dos apóstolos de Cristo, ela está ligada à igreja primitiva”, diz Severino Vicente da Silva. Santa Josena Bakhita (1869-1947), do Sudão, escrava liberta, viveu nos tempos modernos e foi canonizada pelo Papa João Paulo II no ano 2000. O culto a Santo Antônio de Categeró é maior na Bahia, acrescenta. “Os santos negros são mais animados e animadores nas comunidades de religião brasileira de origem africana", observa o historiador.

 

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Minicurso da UFPE readequará vozes de homens transgêneros PDF Imprimir E-mail

18/06/18

Empoderar ao dar a possibilidade de falar com as pessoas em situações simples sem temer ser confundido com o outro gênero. Esse é o principal interesse do minicurso de readequação vocal para homens transgêneros (pessoa trans que foi designada mulher ao nascer, mas que se identifica como homem), a ser promovido pelo Departamento de Fonoaudiologia da UFPE, no Campus Recife, entre os meses de agosto e setembro.

Por meio de exercícios individualizados e que deverão ser repetidos em casa, os pacientes farão com que suas vozes se tornem condizentes às suas imagens. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até o próximo dia 28 por meio do e-mail Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo. ou pelo telefone (81) 2126.7518.

A professora Ana Nery Araújo, à frente da coordenação do curso, explica que, para a maioria dos pacientes que são atendidos, o trabalho com os fonoaudiólogos é uma ajuda contra a timidez e, também, de satisfação pessoal. Um anseio de homens transgêneros que, para a docente, serviu de inspiração para a iniciativa.

"A modificação da voz ocorre com o tratamento hormonal, mas não é suficiente para o ajuste da voz considerado satisfatório para eles. Essa é uma queixa recorrente dos homens transgêneros. Por meio dessa oficina, ensinaremos uma série de treinamentos adequados para que (a voz) fique dentro da faixa mais próxima da voz masculina", detalha.

Em Pernambuco, o TRANS Identidade do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam) e o Espaço Trans do Hospital das Clínicas são serviços de referência no atendimento à população trans. Porém, ressalta Ana Nery, mais do que empoderá-los, o workshop também tem a intenção de ensinar os homens trans a readequarem a sua voz sem afetar a saúde da laringe, órgão responsável por adequar a altura e o tom vocal.

"Esse treino deve ser feito com acompanhamento profissional. Muitos sentem dor ou rouquidão por esforçarem muito a laringe. A hormonoterapia deve ser aliada à fonoaudiologia. Estamos aqui para ajudar nesse processo", diz a professora. Segundo ela, não há critério algum para se inscrever.

A escolha da turma que participará do minicurso, que deverá se limitar a 15 pessoas, será após entrevista individual. "É nesse primeiro contato que conheceremos cada um, saber se fazer tratamento hormonal ou se estão inseridos em algum programa de assistência para homens trans. É por isso que as inscrições estão sendo feitas dois meses antes da capacitação", justifica.

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São João ajuda destinos menos carnavalescos PDF Imprimir E-mail

18/06/18

As festas de São João, que acontecem em pelo menos 140 cidades brasileiras, devem aquecer a economia do Norte e Nordeste. Apesar do ânimo dos empresários do ramo hoteleiro, de alimentação e entretenimento, muitas cidades diminuíram os recursos destinados às festividades. “O mês de junho é muito importante para o turismo em destinos menos beneficiados pelo Carnaval. Mas nos últimos anos caiu o total de cidades que investem na folia”, diz a especialista da UFPE Ângela Silva Coutrin. PÁGINA 6

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'Fico feliz em ver a cultura recifense se expandindo pelo mundo', diz MC Loma. Confira a entrevista PDF Imprimir E-mail

15/06/2018


Até alcançar o sucesso nacional, cantores costumam realizar uma série de shows em suas cidades de origem. Nesse sentido, MC Loma e as Gêmeas Lacração foram uma exceção à regra. A escalada meteórica das adolescentes não reservou tempo para apresentações em Pernambuco antes da mudança para São Paulo. Neste sábado (16), no entanto, o trio desembarca no Recife para a segunda performance no estado como atração da festa Brega Naite, realizada no Catamarã, no bairro de São José. MC Elvis e Michelle Melo completam a programação do evento.

São quatro meses que separam o lançamento do hit Envolvimento da atual fase das meninas. Nesse período, elas lançaram oito clipes, colaboraram com nomes do funk paulista como Jerry Smith, MC Gui, Os Cretinos, venceram uma categoria da premiação MTV Miaw e cumpriram agenda de shows por todo o país. "Está sendo bem legal morar em São Paulo, mas ainda não nos acostumamos muito com o frio da cidade. Nas viagens, apesar da agenda cheia, sempre conseguimos um tempinho para conhecer algumas coisas dos lugares", conta Loma em entrevista ao Viver.

Além de acumular milhões de visualizações a cada música lançada - sendo Disputa do Bumbum a mais recente -, o trio está abrindo portas para outros nomes do brega pernambucano no eixo musical paulista: MC Elvis assinou contrato com a produtora Start Music e MC Bruninho é o novo nome da GR6 Eventos.

Enquanto esses artistas ganham espaço, as precussoras da nacionalização do brega funk se preparam para uma turnê na Europa - ainda sem datas divulgadas. "A gente se sente muito feliz em ver a cultura recifense se expandindo pelo mundo. Estamos muito ansiosas porque além de fazer os shows, vamos conhecer outros países. Vai ser nessa viagem que vou brincar na neve, que é um dos sonhos que ainda não realizei", diz a MC.

No palco do Catamarã, os recifenses vão ver uma Paloma diferente da menina que deixou Jaboatão dos Guararapes em fevereiro. Ela colocou um mega hair loiro e realizou mudanças estéticas consequentes da nova etapa. De acordo com a MC, o trio sente uma sensação especial quando se apresenta em Pernambuco. “Nos sentimos mais acolhidas. Bate muita saudade. Nascemos aí, sabemos tudo daí, além de ser a terra dos nossos amigos e família".

O "POP BUBBLEGUM" E A "FEMINILIDADE ESCAMOSA"
Na apresentação, as garotas comprovam que conseguem sustentar um show com carisma e danças ensaiadas. Elas materializam a narrativa “teen” dos clipes, apostando em figurinos adolescentes e coreografias com dançarinos. Além disso, evocam performances bastante ligadas à tradição da música pop, principalmente de um movimento que ficou conhecido como pop bubblegum. Essa vertente apela para o público pré-adolescente/adolescente e teve seu auge durante os anos 1990 com artistas como Backstreet Boys, N’Sync e Britney Spears.

Essa tendência "brega adolescente" é o que o pesquisador do gênero Thiago Soares tem chamado de "feminilidade escamosa". "Percebemos que não há apelação sexual nos clipes da Loma, porque é uma narrativa da música teen. Vemos ela 'tirando onda', em uma chave do humor, uma outra performance de feminilidade que não é a consagrada por Michelle Melo, a mulher fatal e sexy”, explica o professor da UFPE, que atualmente está em Porto Rico para palestrar sobre a música brega no XIII Congresso Latino-Americano da Associação Internacional para o Estudo da Música Popular.

SERVIÇO
Brega Naite com MC Loma e as Gêmeas Lacração, MC Elvis e Michelle Melo
Onde: Catamarã (Cais Santa Rita, São José, Recife)
Quando: Sábado, às 23h
Quanto: R$ 60 (pista), R$ 180 (open bar), à venda nos pontos físicos Haus, Loja Avesso e Redley.

 

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