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Pernambucana vence disputa nacional de poesia e vai para etapa mundial em Paris PDF Imprimir E-mail

19/12/2017

 

Revigorando a produção local de poesia feminina e ocupando espaços públicos com arte, o Slam das Minas de Pernambuco revelou um talento para o resto do país. Depois de vencer a edição estadual da batalha de poesia falada, chamada de slam, Isabella Puente, de 24 anos, conquistou, em São Paulo, a versão nacional da competição. Agora, a mestranda em história pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) se prepara para representar o estado na França em 2018, onde artistas de todo o mundo competirão pelo título mundial.

Da última quinta-feira (14) até domingo (17), Isabella e poetas de diversos lugares do Brasil se apresentaram no Sesc Pinheiros. A competição consiste na performance de textos autorais de até três minutos, que podem discorrer sobre temas variados, com inspiração na prática batizada de slam poetry que surgiu na década de 1980 em Chicago, nos Estados Unidos, em um movimento encabeçado por Marc Smith. Dentre temas como machismo, racismo, a ideia de depredação do patrimônio público e o adoecimento psicológico de jovens em decorrência da pressão da sociedade capitalistas, a pernambucana versou a respeito do e a identidade nordestina, com destaque para o próprio estado.

"Nordeste tem nove estados, nem vem dizer que não sabia. Sul e Sudeste têm IDH foda, mas não tem aula de geografia. De onde eu venho, nós 'fala' 'oxe, eita carai, misericórdia, minha fia'. Ataque. Ator de novela quando imita nosso sotaque. É que pra vocês, nós somos caricatura. Não importa de onde eu venho, me chamam de "paraíba". Me respeita, boy. Sou da terra de Capiba! Mestre Vitalino, Paulo Freire, Manoel Bandeira, brega, frevo, coco de roda, maracatu, cultura popular pulsante!", recita Isabella em uma das apresentações, que, postada pela irmã no Facebook, se tornou viral.

Ela explica que tem família carioca por parte de mãe e sempre sentiu na pele o preconceito por ser nordestina. "Como boa pernambucana, sou bairrista e comecei a refletir sobre questões que eu não via nos slams, que era essa relação do Nordeste com o Sudeste. Minha família do Rio de Janeiro é pobre e, mesmo sendo classe média no Recife, as pessoas de lá se sentiam melhores do que a gente, nos chamando de 'paraíba'", reflete, citando que, todo o Norte - cerca de 45,25% do território nacional - estava representado por apenas uma pessoa, enquanto cinco paulistas competiam na disputa.

Com o título nacional, Isabella agora dividirá o tempo entre a dissertação do mestrado e a observação da competição internacional, que ela enfrentará em Paris em maio do ano que vem. Assim como ocorreu para a viagem a São Paulo, deve receber apoio para custear a viagem. "Preciso estudar e ver vídeos do que os artistas de outros países fazem por lá. "É uma felicidade muito grande por todo o compromisso e dedicação, estou muito feliz por ser de Pernambuco e do Nordeste", comemora.

Assista à apresentação de Isabella Puente sobre Pernambuco (disponível no link da matéria)

 

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Solidariedade em favor de bebês com microcefalia PDF Imprimir E-mail

19/12/2017

 

O Projeto Anjos, voltado para assistência de crianças com microcefalia, promove no próximo sábado (23), em parceria com a Prefeitura de Olinda, a entrega de 170 cadeiras adaptadas para famílias carentes cadastradas no projeto. A iniciativa será realizada dentro da programação “Natal da Esperança”, na praça do Carmo, logo após a chegada do Papai Noel às 19h. Idealizado pela fisioterapeuta Danielly Lima, a cadeira tem como objetivo auxiliar na postura das crianças e, por ter um custo baixo na sua produção, é fácil de ser replicada. “Na época do meu mestrado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), fiz algumas pesquisas de campo em cidades do Interior e percebi que as famílias de crianças com microcefalia tentavam criar um ambiente para que elas se integrassem mais ao convívio familiar, já que elas passam muito tempo deitadas”, explicou Danielly.

A fisioterapeuta esclareceu que a estrutura da cadeira de plástico é adaptada com espumas e isso ajuda a criança a fixar melhor o quadril ao sentar. Todas foram confeccionadas por alunos de Direito da Faculdade de Olinda (Focca) e financiadas pelo mutirão organizado pela Câmara de Dirigentes de Olinda (CDL). Elas serão distribuídas junto com cestas básicas. Os alimentos estão sendo arrecadados até a próxima sexta-feira, na Focca (rua do Bonfim, nº 47) e Empório de Tia Dulce (rua do Sol, nº 487), no Carmo; na loja O Boticário (avenida Getúlio Vargas, nº 817) e na CDL (praça 12 de Março, nº 26), no Bairro Novo; e na Real Energy (avenida Beira Canal, nº 49), que fica no bairro dos Bultrins.

Para a diretora social da CDL de Olinda e coordenadora do Projeto Anjos, Jacira Salsa, essa ação será muito marcante para todos que participam do grupo. “Será um dia de confraternização onde poderemos proporcionar um momento de alegria para as crianças e para as mães”, comentou. A gestora antecipou que até o fim de dezembro será aberta a primeira unidade física do projeto. A casa, localizada no Bairro Novo, é fruto de uma parceria coma Faculdade São Miguel e a Prefeitura de Olinda. O Projeto Anjos contempla mais de 200 crianças também do Recife, Paulista e outras cidades do Grande Recife. Para ajudar, basta entrar em contato pelo número (81) 97111-2223.

Casos
Pernambuco registrou, até setembro deste ano, 137 casos de síndrome congênita do zika em bebês, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Ainda em 2017, a SES notificou 627 pessoas com suspeita de infecção provocada pelo Aedes Aegypti.

 

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Morre, aos 85 anos, o jornalista Juracy Andrade PDF Imprimir E-mail

16/12/17

Morreu, no Recife, o jornalista Juracy Andrade, de 85 anos, em decorrência de complicações cirúrgicas. Juracy, que foi seminarista até 1957, atuou como jornalista no Recife, em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro e, na década de 60, integrou a equipe do educador Paulo Freire na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), por onde aposentou-se. O corpo de Juracy está sendo velado no cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife, neste sábado (16), quando também está prevista uma missa para as 15h que antecede a cremação, marcada para as 16h.

A advogada Ana Patrícia Leitão era casada com Juracy há 18 anos e conta que ele deixa quatro filhos adultos, com idades entre 49 e 54. "Ele tinha feito uma cirurgia para retirar um câncer do intestino no dia 7 de novembro. Foi tudo bem inicialmente, mas depois teve aderências e precisou operar de novo no dia 16 de novembro. Fez uma terceira cirurgia no dia 27 de novembro e, desta vez, teve complicações, infecção, foi parar na UTI [Unidade de Terapia Intensiva], aí já viu, né? O rim paralisou", conta ela.

Segundo Ana Patrícia, Juracy estava bastante lúcido e costumava escrever assiduamente. Ela conta que ele colaborava com o jornal virtual Porta-Voz, sobre religião, e para revistas de bairro em Aldeia, onde morava. No Jornal do Commercio, onde foi articulista e colaborador, era conhecido como "Pai Jura" ou "Nego Veio". Juracy mantinha o "Blogue de Nego Veio", onde escrevia sobre política, religião, urbanismo e outros temas. No blog, consta o último post no dia 13 de novembro deste ano, pouco depois da primeira cirurgia. "Gente, estou sem poder postar para vocês porque tive que me submeter a uma operação. Mas espero voltar o mais breve possível, ainda esta semana."

Juracy nasceu em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, em 28 de julho de 1932. Fez os estudos religiosos iniciais em Olinda, Mossoró (RN) e depois cursou três anos de filosofia no Seminário Central de São Leopoldo (RS), na década de 50. Também é licenciado em teologia em Roma e Lyon (França). Foi preso político na época em que trabalhou na equipe de Paulo Freire, na UFPE, e, uma vez anistiado, se aposentou pela UFPE.

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Nenéu Liberalquino: 15 anos à frente da Banda Sinfônica do Recife PDF Imprimir E-mail

19/12/2017

 

O ano de 2017 marcou de forma importante a trajetória do maestro Nenéu Liberalquino junto à Banda Sinfônica do Recife – BSR. Há 15 anos, ele assumia a regência e direção artística do grupo, imprimindo uma marca muito própria de renovação e ecletismo, conquistando um público fiel cada vez maior.

Era julho de 2002 quando Nenéu realizava seu primeiro concerto à frente da BSR. Foi naquele ano que aceitou, sem titubear, o convite para o novo desafio. “Senti que era a hora de realizar esse sonho que eu tinha”, diz. O sonho era ser maestro.

“Eu tive um pequeno contato com a música erudita ainda na adolescência, ouvindo em disco. E me lembro que quando eu ouvia já imaginava, um dia, ser um regente”, conta Manuel Deodoro Liberalquino, 56 anos, natural de Canhotinho, Agreste de Pernambuco.

Sob a sua batuta, a BSR fez jus a uma de suas principais características: a versatilidade. Há espaço para tudo, da música erudita à popular. Lembrando que música popular abrange muita coisa: “Dentro dela, está, praticamente, a música do mundo todo: jazz, MPB, música pernambucana, trilhas sonoras”.

Isso permitiu uma renovação constante do repertório. De 2002 até agora, a BSR já executou mais de 400 peças, informa Nenéu. “Nunca repetimos nenhuma música nos concertos de um mesmo ano”, garante.

A única exceção, diz Nenéu, são as trilhas sonoras de cinema, que ganham um concerto exclusivo, inteiramente dedicado a elas, sempre no mês de novembro. E são elas que vêm conquistando um público, até então, alheio a esse tipo de espetáculo: os jovens.

“O jovem pode até não conhecer uma sinfonia de Beethoven, mas, certamente, ele conhecerá a trilha de Game of Thrones, de Star Wars, de Batman, e tantas outras”.

A aposta vem dando certo. “Hoje, vejo muitos jovens vindo aos concertos. Eu fico super feliz porque é uma oportunidade única que eles têm de ver uma banda sinfônica tocando um repertório de qualidade, seja de música erudita ou popular”.

Dedicação e cumplicidade
Para deixar tudo redondinho a cada concerto, Nenéu e os músicos têm uma rotina puxada, de extrema dedicação ao trabalho a ser apresentado mensalmente.

Ao longo de duas a três semanas, são realizados ensaios diários para construir e dominar o repertório. “A gente faz esses ensaios no Mamam. Quando faltam cinco dias para o concerto, passamos a ensaiar no Santa Isabel”, explica Nenéu.

Além de disciplina e dedicação, é preciso cumplicidade e confiança na relação entre ele e os 70 músicos. “Se não tiver um diálogo, se não houver uma cumplicidade, certamente o trabalho não dará certo”, fala. “Isso é algo que se conquista com o tempo, no dia a dia. Sou um regente muito feliz de ter estabelecido isso com eles”, completa Nenéu.

Trajetória
A relação de Nenéu com a música vem de longa data. Apesar de ser difícil resumi-la, podemos demarcá-la em alguns momentos: aos 7 anos, estimulado pelo pai, ele já frequentava programas de rádio e televisão, cantando. Conquistou, nessa idade, o I Concurso de Cantores Infantis do Nordeste.

Aos 16 anos, queria ir além: ser instrumentista. O violão foi sua escolha. A música popular brasileira, sua principal escola. Autodidata, superou dificuldades físicas e desenvolveu uma técnica própria de tocar violão.

Curiosamente, sua formação acadêmica não iniciou com a música. Nenéu formou-se em Letras, pela UFPE. Mas não renegou sua predestinação, que o fez rumar até São Paulo, onde passou a cantar e tocar na noite, além de fazer alguns cursos em música.

Em 1986, recebeu uma bolsa para estudar na Berklee College of Music, em Boston (EUA). Lá, consolidou sua formação em Composição e Regência.

De volta ao Brasil, em 1990, Nenéu investiu na sua carreira como violonista. Participou de diversos festivais e projetos país a fora e no exterior. Além disso, na condição de produtor e arranjador, imprimiu sua marca em trabalhos de outros artistas, e gravou três álbuns próprios: Nenéu Liberalquino (1994), Aquarela do Brasil (1996) e Acqualuz (2002).

Este último lançado no ano em que assumiu a regência e direção artística da Banda Sinfônica do Recife.

Encerrando 2017
Nesta quarta (20), acontece o último concerto de 2017 da Banda Sinfônica do Recife. Será às 20h, no Teatro de Santa Isabel, no bairro de Santo Antônio. A entrada é gratuita, com a retirada dos ingressos uma hora antes do espetáculo, na bilheteria.

No repertório, obras do maestro e compositor russo, Nikolai Rimsky-Korsakov; do compositor estadunidense Frank Ticheli; além de músicas de Guinga e Aldir Blance, Ivan Linse, entre outros.

Último concerto de 2017 da Banda Sinfônica do Recife
Quarta (20), às 20h
Teatro de Santra Isabel | Praça da República, s/n – Santo Antônio
Entrada gratuita (com retirada dos ingressos a partir das 19h)

 

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Graças para iniciantes: entre histórias, lugares e árvores PDF Imprimir E-mail

20/12/2017

 

Eu demorei para conhecer as Graças.

A única coisa que eu sabia era que meu psiquiatra era na Rua das Pernambucanas. Mas saber qual bairro que era, isso eu não sabia. Criada em Jaboatão, a “Zona Norte” era um grande bolo de coisas. As divisões todas eram confusas, as ruas pareciam nunca acabar, tinha muita árvore no meio do caminho.

Ano passado, comecei a dar aulas de inglês na Cardeal Arcoverde e na Rua das Pernambucanas. E me apaixonei.

Talvez eu tenha me apaixonado pela torta de cebola da – falecida – Tortaria. Ou pelas árvores da Rua da Amizade. Ou pela distância até a UFPE (e o ônibus CDU/Caxangá/Boa Viagem, com ar-condicionado, logo ali na Joaquim Nabuco).

Ou pelo vento que bate no rosto durante a tarde. Ou a quantidade de restaurantes que eu posso escolher pelos aplicativos de delivery de comida.

Ou a curta distância até o Sebo da Torre. Ou o Museu do Estado – que eu nunca visitava, achava longe demais – ser meu vizinho. Ou a quantidade de pokestops (pois eu ainda jogo Pokemon Go).

Sempre primavera
Acontece que eu coloquei as coisas num caminhão de mudança e, em junho, me mudei de vez para esse território que – até um ano atrás – era só o endereço do meu antigo psiquiatra. E percebi que aqui, nas Graças, a primavera é primavera mesmo, com flores pelo caminho.

Percebi que as pessoas ainda dizem boa noite para pessoas aleatórias em plena Rosa e Silva. Percebi que as padarias daqui são as melhores. Que decidir onde jantar na Rua do Futuro é um supremo desafio. Que o cinema do ETC é o melhor programa para as segundas após a aula.

E percebi que existem histórias para contar, lugares para ver e árvores para desviar. E é isso que eu pretendo fazer.

 

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