Lucas Santos Jatobá: Murais esquecidos de Brennand |
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16/11/2017
Nem todos os murais cerâmicos do escultor e pintor Francisco Brennand possuem, no Recife, para além dos limites da Oficina da Várzea, a total – democrática – visibilidade do grande floral que ornamenta a fachada de conhecido edifício na Rua do Sol (antiga loja A Primavera, 1968), cartão-postal da cidade, assim como o da “Batalha dos Guararapes”, 1962, na Rua das Flores, também no Centro da capital. Nessa linha de ampla exposição pública, a parte frontal do edf. Ana Regina, na Rua Oliveira Lima; igualmente, o mural cerâmico de frutos e flores, compondo o oitão do Shopping Center Boa Vista, 1981, a “Mandala”, 1971, nos jardins da Biblioteca Pública do Estado, em Santo Amaro, a “Batalha do Riachuelo”, 1975, na pça. 11 de junho, Vila Naval c/av. Cruz Cabugá, além daqueles dois rostos de jovens, interligados pelo sol – estudantes, esperança e futuro – encimando a entrada da Reitoria da UFPE, 1970, na Cidade Universitária, ou o mural do Shopping Center Recife, 1980, representativo de vegetação e tons regionais. Na sequência do livre acesso à contemplação do belo artístico, agora em escala mundial, o belíssimo mural “Pastoral”, 1958, no Aeroporto dos Guararapes/Gilberto Freyre, síntese multicolorida de paisagens e temas rurais da vida nordestina, do trabalho e dos costumes do homem simples, imerso na difícil faina do cultivo da terra e da criação de animais servíveis à agricultura de subsistência. Ainda guarda certa visibilidade pública, o “Monumento aos Três Heróis da Restauração Pernambucana”, 1981, às margens da rodovia BR-232, no Curado. Bem conhecidos, por muitos nordestinos, mas com algumas restrições ao acesso, os murais “O Canavial”, de 1963, no Museu do Homem do Nordeste, em Casa Forte, além do intitulado “As Mergulhadoras”, junto à piscina do Sport Club do Recife, 1974, de grandes dimensões e de rica mescla de cores. Existe um grande mural, de 1976, na sede do DNIT, no Pina, de impressionante floral, totalmente ofuscado pela parede que o suporta, pois proibitiva aos olhares de milhares de pessoas que trafegam, diariamente, pela av. Antônio de Góis, justamente porque afixado em sentido oposto ao da movimentada via, ou seja, destinado à apreciação quase que exclusiva dos funcionários da repartição (uma pena), não sendo o caso, por exemplo, do mural “Homenagem a Pelé”, 1971, à frente do prédio da Federação Pernambucana de Futebol, na rua Dom Bosco. Há outros importantes murais assinados por Francisco Brennand e que, somente por “obra do acaso” (sem trocadilho), são vistos por admiradores ou por qualquer do povo, a exemplo do surpreendentemente colorido floral (e muito bem conservado), 1971, no hall de entrada do edf. Círculo Católico, na Rua do Riachuelo, como também o exuberante painel, 1963, localizado no 10º andar da agência centro do Banco do Brasil, na avenida Rio Branco e, também, “O Grande Sol”, 1965, transposto para os fundos do museu Mamam, na Rua da Aurora, sem qualquer indicativo exterior de sua existência naquele imóvel. Campeões de invisibilidade pública – ou muito próximo disso –, seguem dois extraordinários murais brennandianos, merecendo o registro, ora feito, do excelente estado de conservação das obras, a saber, primeiramente, o situado nas dependências da ATI – Agência de Tecnologia da Informação, junto à Casa da Cultura, Avenida Rio Capibaribe, de extensas dimensões, representando passageiros em trem da antiga RFFSA, e o grande mural, s/título, de 1979, no hall do edifício da Chesf, em San Martin/Bongi, tematizando bichos, plantas e outros símbolos regionais. Quase na mesma condição de alijado da percepção pública do seu valor estético, o extenso mural multicolorido e politemático, s/título, 1975, emparedado entre blocos de edifícios, na sede da Prefeitura do Recife, à vista, tão-somente, dos que frequentam as filas para regularização dos impostos municipais, ainda assim prejudicada pela vegetação que compõe o vão livre. Sugere-se, aqui, consultado o mestre Francisco Brennand, ouvidas as autoridades à frente das políticas públicas de incentivo à cultura e ao turismo, bem como à preservação do patrimônio artístico, com o concurso de representações acadêmicas, implementar a transposição de alguns desses murais antes referenciados, mediante celebração de acordos de cessão de uso, exposição e conservação, para locais de maior acessibilidade pública, a exemplo do Centro de Convenções de Pernambuco, com grande fluxo de transeuntes de vários estados e nações, ou, no mesmo sentido, em áreas livres da zona portuária recifense, no bojo dos atuais e futuros processos de sua revitalização e criação de equipamentos culturais e de lazer, para que tão originais e expressivas manifestações artísticas deixem, de vez, a condição de ocultas e “emparedadas”, levando, assim, a arte ao alcance de todos.
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As riquezas da arte Pernambucana, por Cris Lemos |
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15/11/2017
A designer de joias Cris Lemos é a convidada desta quarta-feira (15) da coluna Sucesso, uma parceria do Portal FolhaPE com o Sucesso.site, de Felipe, Camila e Eduarda Haeckel.
"A arte sempre esteve muito presente na minha vida. Meu pai, além de advogado e procurador, sempre foi apaixonado por música clássica, e acabou se tornando um maravilhoso pianista e produtor musical. Acostumou a mim e as minhas irmãs, a escutar Chopin no nosso dia-a-dia enquanto praticava e tocava suas composições no piano. E tanto ele como minha mãe fizeram das idas a museus, concertos, óperas e ballets pontos obrigatórios em todas as nossas viagens e na nossa educação. Como eles sempre disseram, “a humanidade é herdeira de tantas maravilhas e quase todas estão disponíveis pra nós vermos e apreciarmos.”
E de mim a arte nunca mais saiu! Sempre tive fascínio por seus diversos meios de expressão (pintura, dança, música, escultura) e consegui canalizar essa “paixão” e me realizar profissionalmente quando resolvi ser designer de produto, posteriormente me especializando em design de joias, tentando sempre inserir um pouco de arte com um produto comercial.
Acredito que a maioria de nós pernambucanos, mesmo às vezes sem nos dar conta, carregamos muito da bagagem cultural de Pernambuco intrínseca no nosso imaginário. Somos um estado extremamente rico culturalmente falando. Sabia que Já fomos a capital do Piano? E mesmo aqueles que não tiveram uma educação tão voltada para a arte, levam no seu imaginário essas referências. Seja nas artes plásticas, música, dança ou artesanato, fomos e somos reconhecidos no Brasil e no mundo quando o assunto é arte. Daqui surgiram grandes poetas, músicos, artistas plásticos e movimentos de arte. O movimento armorial é um grande exemplo disso. Idealizado por Ariano Suassuna traz à tona o olhar para nossas raízes e nossa cultura marcante através de uma arte brasileira erudita. Foi nele que me inspirei recentemente para criar a coleção "Raízes" e fazer nas joias uma releitura super contemporânea, mas cheia de significados!
E num mundo onde a industrialização é massificada e há uma grande padronização dos produtos, a originalidade e a criação se tornou um bem valioso! Todos buscam por suas raízes e sua identidade em resposta a tamanha globalização em que vivemos. Conseguir voltar o nosso olhar para a arte é sempre um grande “respiro”. São comprovados os inúmeros benefícios que uma música de qualidade, a arte, a dança trazem a saúde mental e até física do ser humano, melhorando nossa qualidade de vida. Quem nunca ouviu e sentiu aquela velha frase “Quem dança, seus males espanta?”.
Recentemente fiz uma viagem à Alemanha com minha família. E mesmo em meio a programações como Legoland, parques e compras, consegui visitar diversos museus e assim transmitir aos meus filhos experiências incríveis, focando sempre nos pontos principais de cada um para não ficar cansativo pra eles, mas sem deixar de despertá-los para esse diferente “olhar”. Sendo três desses Museus super inspiradores e importantes pra mim profissionalmente. São eles:
1. Museus Bauhaus em Berlim Eu, uma designer de formação, não poderia deixar de visitar o Museu da Bauhaus, dedicado a esse movimento que foi um dos mais importantes do Design, inclusive foi a primeira escola de Design no mundo. O museu em si é super pequeno e tem uma lojinha cheia de produtos de Design bem legais.
2.The Green Vault em Dresden Dresden foi a capital do império saxônico e esse museu abriga uma das maiores coleções de joias e tesouros existente, realmente de se impressionar. Pra mim a coleção, além de joias mais tradicionais, tem uma imensidão de “esculturas de joias” em formato muitas vezes de objetos utilitários. E ainda é a “casa” do diamante verde mais famoso do mundo, com uma coloração raríssima. Esse museu com certeza foi a surpresa da viagem pela riqueza, quantidade e variedade coleção!
3.Museu Fabergé em Baden Baden Museu lindo e pequeno em Baden Baden dedicado ao famoso joalheiro russo Carl Fabergé, que ficou muito conhecido pelos ovos que confeccionava para Família imperial russa, e que o czar anualmente presenteava os familiares. Obras-primas na joalheira, os Ovos Fabergé eram feitos pela combinação de materiais como ouro, prata e platina através da utilização da esmaltação. Mas a coleção vai mais além dos ovos e mostra joias e também a maior coleção de estojos de cigarros do mundo!
Fazer visitas a Museus (seja de arte contemporânea, pinturas, esculturas, artesanato, etc) é uma ótima sugestão para fugir um pouco do turbilhão de informações iguais que recebemos todos os dias, e nos depararmos com a beleza em suas mais variadas formas.
Quantos de nós não deixamos de ir pra vários museus que muitas vezes estão tão pertinho? E por que já não levar nossos pequenos pra que eles despertem uma sensibilidade diferente?
Oficina Brennand, IRB, Mamam, Museu Cais do Sertão, Museu do Frevo, entre outros são grandes opções pra se visitar por aqui, bem do nosso lado, muitas vezes conhecemos o espaço mas não programamos um tempo pra realmente conhecer suas coleções e visitar suas obras!
A arte faz parte da nossa essência. Um viva à Criação, à Originalidade, à Arte! Esse “respiro” é mais que importante para todo ser humano, ele é VITAL!"
* Pernambucana, Cristiana Lemos é filha de Ana Luiza e do maestro Alexandre Lemos. Formou-se em Design de Produtos na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), fez curso de ourivesaria e passou dois meses na Inglaterra estudando design de joias. Começou a desenhar e produzir suas peças de forma autônoma até que sua amiga de infância, Camila Paes Mendonça Vecchione, sugeriu abrirem uma joalheria. A marca de Cristiana, CiS, produz tudo em atelier próprio e desenvolve o projeto La Vie, uma coleção exclusiva que tem parte da renda revertida para instituições sociais. A marca já encantou personalidades como Camila Coutinho, Deborah Secco, Claudia Leite, Sabrina Sato.
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Violência é tema de debate na Fiocruz PE |
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17/11/2017
Os índices de violência apresentados em Pernambuco nos últimos anos apontam para um cenário semelhante a uma guerra. De acordo com os números divulgados pela Secretaria de Defesa Social (SDS), foram registrados 4.576 assassinatos de janeiro a outubro de 2017, um crescimento de 27% em relação ao mesmo período de 2016. Para tratar dos aspectos que compõem essa realidade e as medidas de prevenção possíveis, a Fiocruz Pernambuco reunirá especialistas no assunto na próxima quinta-feira, a partir das 9h, para o debate “Violência versus cidadania plena”. O encontro é gratuito e aberto ao público, sem necessidade de inscrição prévia.
Os temas a serem discutidos no turno da manhã serão a epidemiologia social da violência; a missão da Fiocruz frente à violência; determinantes estruturais da violência nos últimos 5 anos e avaliação do Pacto pela Vida; e a crise da (in)segurança em Pernambuco. A coordenadora do evento e do Laboratório de Estudos da Violência e Saúde (Leves/Fiocruz PE), Maria Luiza Carvalho, será a primeira palestrante, seguida das falas da pesquisadora do Centro Latino-Americano de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/Fiocruz) Fernanda Ribeiro, do professor da Universidade Federal de Pernambuco José Luiz Ratton e do secretário estadual de Defesa Social, Antônio de Pádua Cavalcanti.
Às 14h, o ciclo de debates será retomado, com a participação do professor da Universidade Católica de Pernambuco Heitor Rocha, do integrante da Comissão de Justiça e Paz padre Fábio Potiguar, da pesquisadora da Fiocruz PE, Camila Pimentel e da professora da UFPE Alice Kelly Barreira. Estarão em pauta o papel da comunicação no cenário da violência e cidadania; a contribuição da religião nas medidas de promoção à vida e prevenção à violência; violência contra a mulher e questões de gênero – o exemplo da violência obstétrica. O encontro será encerrado com uma apresentação do coral Vozes da Fiocruz.
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Segunda morte por dengue é registrada em Pernambuco em 2017 |
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16/11/2017
O ano vai chegando ao fim e, em Pernambuco, dos 104 óbitos notificados por arboviroses (suspeitos de ter sido causados por dengue, chicungunha e/ou zika), cerca de 60% permanecem sob investigação. Do total, 40 mortes foram descartadas por não terem relação com os arbovírus, e duas tiveram diagnóstico laboratorial positivo para dengue – uma é do Recife, tinha 67 anos e foi confirmada em maio; a outra, de Itapissuma (Grande Recife), aparece no boletim epidemiológico do fim de outubro da Secretaria Estadual de Saúde, sem mais detalhes. A demora na avaliação, segundo a pasta, deve-se às minúcias da investigação domiciliar e hospitalar dos óbitos.
Professor da UFPE e membro do Comitê de Arboviroses do Ministério da Saúde, o clínico-geral Carlos Brito ressalta que a análise inclui busca complexa de dados nos prontuários das unidades de saúde e de informações com as famílias. “Isso é delicado porque pode prejudicar a elaboração de estratégias futuras durante a ocorrência de novas epidemias.
O ideal é ter informações precisas sobre casos e óbitos porque ajuda a compreender o que contribuiu para doenças e mortes”, esclarece.
Apesar de este ano as notificações de óbitos por arboviroses terem reduzido pouco mais de 70% (em relação a 2016, com 400 mortes suspeitas), o volume de registros é considerado alto, em comparação a anos que antecederam a entrada dos vírus chicungunha e zika no Estado, antes de 2015. “Para 2017, que permanece sem epidemias por arbovírus, 104 óbitos notificados representam muita coisa.
Será que chicungunha tem marcador para maior letalidade?”, questiona Carlos Brito sobre a possibilidade de a circulação do vírus (iniciada em agosto de 2015) ter contribuído para um número não esperado de mortes num período sem grande epidemia.
Casos
Mesmo sem surto, o Estado já contabiliza 14.574 pessoas com sintomas de dengue este ano, com 4.423 confirmações até o dia 4 deste mês. Em relação à chicungunha, são 4.331 suspeitas (1.197 confirmadas). Zika permanece sem confirmações e com 375 casos em investigação. As notificações suspeitas (das três arboviroses) chega a 19.595 casos.
O cenário que mais se aproxima ao deste ano é o de 2014, com 20.247 casos suspeitos. Havia apenas a circulação da dengue naquele ano, que precedeu a confirmação dos primeiros casos de zika e chicungunha, em junho e setembro de 2015, respectivamente.
Segundo Carlos Brito, o retrato apresentado no penúltimo Levantamento Rápido do Índice de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa) revelou que, dos 184 municípios pernambucanos, 156 estão em situação de alerta ou risco de surto de dengue, chicungunha ou zika.
Isso aumenta a possibilidade do surgimento de mosquitos e, consequentemente, facilita a transmissão das enfermidades. Só 27 cidades estão em condição satisfatória e uma delas (Tracunhaém, na Zona da Mata) não informou como se encontra em relação ao controle do Aedes.
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