Universidade Federal de Pernambuco - Agência de Notícias - Clipping
Ariano Suassuna, erudito e popular PDF Imprimir E-mail

18/06/2017

 

Há três anos, em um 24 de julho, assim falavam as notícias:

"O velório de Ariano Suassuna, realizado no Palácio do Campo das Princesas, no Centro do Recife, foi encerrado na tarde desta quinta-feira (24). Iniciado na noite anterior, ele ficou aberto durante toda a madrugada e recebeu grande número de parentes, amigos e fãs do escritor.
Em cima do caixão, foram colocadas bandeiras do Sport, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), do estado de Pernambuco e do Brasil. O enterro está previsto para acontecer no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, Grande Recife, por volta das 16h"

Mas as notícias nada falavam do clima real, do povo real, no enterro de Ariano Suassuna. Eu estava na fila, do lado de fora do Palácio do Governo, à espera da ordem para que todos pudessem entrar em ordem até o caixão. Mas a fila não se movia. Nela, apenas se ouviam murmúrios de um povo que se conformou à fila de inúteis esperas, sob o sol ou sob a chuva como um destino. Na longa conformação as pessoas se lamentavam: "disseram que depois da missa a gente podia entrar. Mas já faz mais de hora que a missa acabou". Eu olhava meu relógio, que parecia também ganhar a imobilidade da fila: 30 minutos, quarenta minutos... Juro que eu temia ouvir a qualquer momento um grito de lá da frente:

- O ingresso acabou!

E na minha frustração, me vi de volta para casa entre impotentes protestos, em voz baixa e educadas: "não deixaram o povo entrar". Então eu fui até a frente da fila, me aproximei da grade de ferro que nos separava até do pátio da grande casa, e perguntei ao funcionário muito importante, pois metido ele estava num terno que é a farda dos áulicos.

- Por que demoram tanto a permitir a entrada?

Ele, como toda autoridade que se preza, pois os áulicos também se tornam autoridades por efeito de imantação e imitação, ele, o Superior, não me viu nem ouviu. Então eu ergui uma pouco a voz, até porque o de cima, por estar muito longe de mim, podia não ter me ouvido:

- Eu perguntei ao senhor por que o povo não pode entrar.

O grande desceu os olhos sobre mim, não tanto pela altura distinta, mas pela diagonal com que evitou o meu rosto e foi até o meu peito. Respondeu:

- Agora, só entra a família.

Mas para desgraça da discriminação, ou para sua melhor prova, eis que se dirige ao obstáculo em forma de gente a então presidenta da Academia Pernambucana de Letras, escritora Fátima Quintas. Quase sem palavras, o emocionado funcionário lhe deu entrada. Mas não o fez por mal, considero agora. Pelos traços diáfanos do rosto pálido e modos gentis, só podia mesmo ser parenta de um ilustre. Engoli, com o intimo entrando em revolta. "Vá lá, foi uma exceção aberta para o cargo de presidenta da academia. Não podemos ser sectários", me falo, com esforçada dialética. Mas ato contínuo, veio o mais grave. Eis que se apresenta uma senhora quase tão pálida quanto a anterior, mas com voz de mando e conhecedora do ambiente do palácio. Era Margarida Cantarelli, pessoa da confiança de Marco Maciel, e que no ano seguinte seria também presidenta da Academia Pernambucana de Letras. Que profecia do impedidor. Então este aqui, um jamais imortal, perguntou ao oficial general da proibição:

- Por que essa senhora entrou?

E o portão abusado:

- É família.

Eu lhe respondi:

- É não, senhor. Essa é Margarida Cantarelli, nada tem a ver com a família do Ariano.

O comandante de ar-terra-e-mar sorriu da minha ignorância. Agora percebo a extensão do seu ar de mofa. O seu risinho certamente queria dizer:

- Então você não sabe que quem manda é Pernambuco é família? Mandou, é parente. Foi parente, manda, não vê?.

Mas eu, crente de viver em uma república democrática, me enchi de indignação cívica. E falei para o marechal, pensando estar fortalecido pela massa excluída à minha volta:

- É um absurdo que no enterro de Ariano Suassuna o povo não possa entrar.

Ao que recebi o convite em fórmula corruptora:

- O senhor quer entrar? Entre!

E eu, amigos, falei num repente de cordel que nem mesmo imaginara:

- Não falo por mim. Eu não quero privilégio.

As pessoas concordavam, e o murmúrio foi crescendo. Então o comandante-da vedação recebeu a ajuda do seu chefe de um piso mais alto. Apareceu outro funcionário de terno e lhe falou:

- Já pode entrar. Libere.

Entramos. Mas lá dentro, houve outra decepção, porque se levantou mais um impedimento. Nós não podíamos nos aproximar do corpo de Ariano Suassuna. Quero dizer, vê-lo de perto, tocar-lhe as flores, observar a curta distância a sua face de artista do povo. Havia um retângulo de corda a nos separar dos restos mortais do escritor. No espaço mais íntimo, vizinho ao corpo, se mostrava a família e quem mais fosse família em Pernambuco. Eram, para usar a imagem preferida do escritor, os dois Brasis. O oficial e o real. O oficial, resguardado, em sua nobreza e classe ao lado do caixão. O real estávamos em fila, a rodar, a circular, como numa fila de Tântalo. Queríamos estar juntos, mas nos afastávamos. Então embriagado de espírito democrático chamei a administradora daquela divisão, uma jovem uniformizada:

- Você não pode levantar esta corda?

- Não. Ali somente pode estar a família.

- Só a família? – respondi, olhando os grandes vultos da sociedade recifense

- E os amigos da família.

- Mas no enterro de Miguel Arraes não foi assim. Todo o mundo pôde chegar perto.

Ao meu lado, o cantor Santana do forró balançava o queixo em aprovação. Mas para evitar um pequeno escândalo em frente ao caixão, a jovem voltou com a lógica implacável dos servidores:

- Com Arraes, foi a família também que deixou.

Mais tarde, soube que Germana Suassuna, neta do escritor, não aceitou aquela odiosa divisão. Emocionada, falou em discurso no cemitério: :

- Dentro da corda, está o Brasil oficial. Mas meu avô gostava mesmo era do Brasil real, que está fora da corda..

Ela viu bem, estava certa. Então é para Ariano Suassuna, o escritor amante do Brasil real, que continuo estas linhas.

As intervenções, falas, entrevistas, aulas magistrais de Ariano Suassuna eram e continuam a ser até hoje impagáveis na memória. Nele, se subverteu aquele princípio que rezava: os escritores são melhores quando lidos. Não. A sua fala, com expressiva eloquência e graça, rivalizava com a escrita. Não sei, não conheço outro caso de escritor, em todo o mundo, que chegasse perto de Ariano Suassuna quando falava em entrevistas ou nas suas imperdíveis aulas-espetáculo. Entendam, por favor, o que desejo expressar sem qualquer ufanismo. Não é que ele fosse o mais espirituoso da história ao falar. Ou possuísse os repentes geniais de Nelson Rodrigues, o teatrólogo que disputou com ele o prêmio de autor de obras-primas do teatro brasileiro. Em Nelson, o humor era outro, uma visceral corrosão cujo poder vinha do inesperado em palavras. Nem era tampouco que a ironia nele estivesse ao nível de Bernard Shaw e Mark Twain. Nesses, o embate mordaz era contra a desorganização social do moderno capitalismo.

Quando escrevo que não há outro escritor que se ponha na altura de Ariano Suassuna quando falava, quero dizer: esse paraibano do Recife era um ator de gênio ao enunciar o próprio pensamento. Mas isso é universal, poderiam dizer: Mark Twain, Nelson Rodrigues, Shaw e outros faziam gênero de personagem em suas palestras. Acontece que com o nosso escritor havia o palhaço – Ariano era um autêntico palhaço sem pintar visível a cara. Ele fazia mesmo palhaçadas de matar de rir, pelos tiques nervosos e recriações dos tipos humanos que conhecera na juventude e infância. Olhem, por exemplo aqui, na sua entrevista a Jô Soares, ao relembrar Benedito Mucica https://www.facebook.com/pontodoboivivo/videos/665591233534420/

Mas nessa comédia viva há uma reflexão moral, já observamos. À sua maneira de palhaço, ele expressava atos de gente de cara e dente, ou seja, cumpria uma função do artista. Era do ofício. Em lugar de uma dissertação, uma ação. Em lugar de uma discussão filosófica, um movimento de gente. Gente com ideias, com conceitos, ainda que analfabeta, pasmem os equívocos. E mostrar gente sem instrução formal, expressando à sua maneira ideias civilizadas, vinha a ser escolha de só fio. Na fala de Ariano Suassuna havia a contradição do complexo, o pensamento mais elaborado, e da formulação desse complexo em língua que se ouvia na cozinha da nossa casa.

Dai que muitos o confundiam com o exterior de inculto do sertão nordestino. Risível engano. O quanto estamos acostumados com a pose, em prejuízo do que os olhos não veem. Eu confirmei a história que divulgo agora, vivida pelo poeta José Carlos Targino.

Na aula de Estética, do curso de Letras da UFPE, quando Ariano Suassuna falava sobre o Dom Quixote, o poeta recifense que os amigos conhecem por Targino interrompeu o mestre. Com base na confiança que Ariano lhe concedia e a quem imitava a fala, na ausência de Ariano, Targino falou:

- Ariano, até hoje eu não levei adiante a leitura do Dom Quixote.

E Ariano: 

- Por quê, Targino?

- É muito volumoso, professor, toma muito tempo....

E Ariano Suassuna:

- Targino, pelo amor de Deus, não faça uma desgraça dessas. Eu mesmo já li o Dom Quixote mais de 3 vezes.

"Então eu acabei lendo essa maravilha que é o romance do Cervantes", me escreveu, por email, o poeta José Carlos Targino ainda ontem E acrescentou na sua mensagem:

"Quando eu também disse a ele que não havia lido o monumental romance de Tolstoi, ele observou que havia lido onze vezes o Guerra e Paz!"

Eu próprio testemunhei a sua cultura, quando assisti a uma palestra em que ele mostrava os antecedentes literários do Dom Quixote a partir do livro Lazarillo de Tormes. E com uma graça que era inimiga do pedantismo. Nele, não havia a exibição de lombada, como algumas vezes se vê em Jorge Luis Borges. É que Ariano aprendera por ofício e natureza a arte de citar sem a citação entre aspas. Isso significa: a citação que era critação, porque leitura e vivência recriadas no próprio ser, que terminavam por fazer um novo autor. É ilustrativo disso o que lhe ocorreu depois do sucesso do Auto da Compadecida.

Contam que um crítico de teatro lhe perguntou certa vez de onde Ariano Suassuna havia tirado, para o Auto da Compadecida, as histórias do gato que descomia dinheiro, a história do testamento deixado pelo cachorro do padeiro e a da gaita que ressuscitava defunto. Ariano respondeu que tudo ali havia sido retirado dos folhetos de cordel. Ao que perguntou o jornalista, à beira da indignação:

- Mas o que o senhor escreveu então?

Resposta do autor:

- Eu escrevi foi a peça.

Só a peça, que era tudo, e o crítico míope não sabia. Na formação cultural do escritor muito ele devia ao ambiente do tempo de ouro da cultura e política no Recife. Ele teve a sorte, única, de ser amigo de João Cabral de Melo Neto, Paulo Freire e Capiba. Mas acima de tudo, de modo mais central, do escritor, teatrólogo, jornalista e agitador cultural Hermilo Borba Filho. Do seu encontro com Hermilo, ele falou uma vez:

"Encontramo-nos, pela primeira vez, quando entramos ambos para a Faculdade de Direito, no ano de 1946. Ali teria início, sob a liderança dele, o importante movimento do Teatro do Estudante de Pernambuco. Nós íamos para a faculdade pela manhã, mas a universidade onde realmente se fazia a nossa verdadeira formação era a casa de Hermilo, na Rua do Capim, casa onde, à noite, nos reuníamos até altas horas, conversando, concordando e discordando, brigando e ensinando. Hermilo, que acreditava demais em mim, metia-me na mão, quase à força, os livros que achava que ajudariam na minha caminhada. Foi ele quem praticamente me intimou a escrever a primeira peça de teatro"

A maioria das pessoas não sabe, mas na peça que lhe trouxe a consagração universal, ele não devia só à leitura dos folhetos de cordel e o ao natural talento. Sobre isso, o ator Carlos Reis, que interpretou Jesus Cristo na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, de 1969 a 1977, me prestou esta preciosa informação:

"O cenário da abertura da peça como um picadeiro de circo, assim como o palhaço que anuncia o espetáculo por vir, foram sugestões de Clênio Wanderley, o diretor que estreou o Auto da Compadecida em 11 de setembro de 1956, no Teatro de Santa Isabel. As ideias sugeridas por Clênio Wanderley foram incorporadas por Ariano Suassuna no texto da peça. Houve ainda outras ideias de Clênio acatadas por Ariano, como se mostram na primeira edição em livro do Auto da Compadecida, e que foram informadas pelo próprio Ariano Suassuna no texto".

Prova de grandeza o agradecimento público do autor. Mas o fato é que a peça terminou por ser, de certa maneira, a vitória de um trabalho coletivo, guiado e composto pela obra de Ariano Suassuna. Ele "só" fez escrever a peça. Os elementos estavam diluídos na atmosfera, até que o seu gênio os organizasse em um corpo dramático.

Penso, por fim, que as intervenções de Ariano Sussuna como escritor educador, nas entrevistas e aulas-espetáculo, de um ponto de vista político eram um Shaw e Twain contidos, nos limites da convivência dos governantes da província. Daí que o poder político retira dele até hoje uma parte do todo, sintetizando-o no quadro de um "defensor da causa nordestina". E por "causa nordestina" muitas vezes querem dizer: a raiz, o autêntico homem do sertão, em caminho até o primitivo original, quase como um adão de tempos medievais. O que o próprio Ariano Suassuna aqui e ali fazia bandeira. É claro que é um equívoco, para dizer o mínimo. Cultura de raiz é sempre cultura de misturada, de outras terras, fora da raiz primeira. É como se Ariano Suassuna se tornasse o ideólogo da vaquejada. Mas o seu alcance é outro e mais longínquo: ele era um artista, um cultor da estética teórica e prática, um homem que falava para o mundo a partir da sua aldeia. E ganhou o prêmio de ser visto como um homem de todas as aldeias. O nosso universal popular. Um nacionalista que gozava com a cara da burguesia cuja maior cultura era ter conhecido Disney World. Ou como declarou uma vez e para sempre:

"Quem um dia ler o Auto da Compadecida, vai saber que eu estou do lado de João Grilo e de Chicó, os dois personagens que representam o povo do Brasil Real".

Este é, enfim, o Ariano Suassuna que guardamos.

 

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CTTU desliga semáforos da Via Mangue para iniciar teste de fluidez do trânsito PDF Imprimir E-mail

19/06/2017

Nesta segunda-feira (19), A autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) desligou os semáforos do início do Túnel Josué de Castro, o Túnel do Pina, na Zona Sul do Recife. Os sinais foram implantados no dia 10 de abril para desafogar o trânsito da Via Mangue e da Avenida Engenheiro Antônio de Góes, no bairro do Pina. Segundo a CTTU, os semáforos foram desligados para estudos técnicos da área e não têm previsão de
retorno de funcionamento.

O sinal foi desligado pouco mais de um mês de implantação. A CTTU o instalou no dia 10 de abril, porque os tráfegos da Via Mangue e da Avenida Antônio de Góes estavam retidos. Na época, a Autarquia enviou um comunicado à imprensa, afirmando que ele foi implantado após "testes realizados pelas equipes técnicas da CTTU desde o início do mês de abril". Ainda, na nota, a CTTU armava que tanto este sinal quanto o localizado na saída do túnel, quando cruza com a Antônio de Góes, funcionariam em sincronia. Mesmo após a instalação do sinal, tanto a Via Mangue, quanto a Antônio de Góes continuaram engarrafadas nos horários de pico.

Congestionamentos constantes

Dia 10 de maio, a reportagem do JC mostrou o sufoco que os congestionamentos constantes na via expressa vem
causando tanto para quem usa carro, quanto para quem vai de ônibus. A médica Gabriele, 34 anos, moradora do bairro de Boa Viagem, relata que nos últimos seis meses tem sido difícil chegar ao trabalho. "Depois que começaram as aulas, para chegar ao trabalho nesse horário, entre 7h30 e 8h, tem sido complicado". A bancária Valkíria Cavalcante, de 28 anos, pondera: "Quando (a Via Mangue) foi inaugurada, foi nítida a melhora nas avenidas Conselheiro Aguiar e Boa Viagem". Mas com a via expressa cada vez mais cheia e com retenções, faz
com que todos que precisam cruzar a Zona Sul voltem ao costume de sair mais cedo de casa.

A Via Mangue saiu do papel em definitivo em janeiro de 2016, quando foi aberta ao público a pista oeste, que leva o tráfego do Pina até Boa Viagem. Com isso, a Avenida Conselheiro Aguiar ganhou um trecho de 5,8 quilômetros de faixa exclusiva para ônibus, entre a Rua Barão de Souza Leão e a Avenida Antônio de Góes. O trecho mencionado ficou livre, mas ao chegar no nal da Avenida Conselheiro Aguiar, já se nota os reexos causados pelo intenso trânsito no cruzamento da Antônio de Góes com o Túnel do Pina. Os usuários das linhas ônibus que circulam na região relatam que este trecho acaba atrapalhando o percurso: "O problema é que a Antonio de Goes é um grande funil. Não importa se você vem pela Conselheiro Aguiar ou pela Via Mangue, no final, todo o fluxo se encontra na ponte. A Via Mangue foi muito eficaz, mas o número de carros continua crescendo. Daqui a alguns anos, já precisaremos de outra rota alternativa", relatou a estudante Giovana Ferreira, de 19 anos.

Leonardo Meira, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista em mobilidade, comenta que isto é reflexo de criar obras em vez de dar alternativas. "Tem um ditado que se diz muito na Alemanha: quem planta via, colhe congestionamento", diz o professor, que complementa: "A frota de carros continua crescendo. E cresce de uma forma que a infraestrutura não consegue acompanhar. Não é proibir que se
tenha carros, e sim que as pessoas tenham opções para se deslocar de outras formas".

 

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Estudante de Caruaru defende TCC sobre ‘Os Cavaleiros do Zodíaco’ PDF Imprimir E-mail

19/06/17

Há muito tempo que o anime e a série de mangás de “Os Cavaleiros do Zodíaco” são ícones da cultura nerd no Brasil e no mundo. Mas um estudante de Caruaru, em Pernambuco, decidiu que dava para aumentar ainda mais o potencial de “nerdologia” da série e produziu um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), baseado nas sagas dos Cavaleiros de Atena. Jonathan Julian, de 26 anos, é aluno do curso de Administração do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco (CAA-UFPE). Com o título de “Me dê seu líder, Pégaso”, o trabalho viralizou nas redes sociais e já é assunto bastante comentado entre os fãs da série na web.

Em conversa com O VIRAL na manhã desta segunda-feira (19), Jonathan revelou que já era fã dos cavaleiros desde a infância e como decidiu que seu trabalho de conclusão da faculdade teria esse tema: “Tudo começou quando eu estava no terceiro período do curso e paguei a disciplina de ‘Método de Pesquisa’, li um trabalho que abordou o anime ‘Naruto‘, mas para a área de Jornalismo, então comecei a pesquisar sobre meu trabalho”, disse Jonathan, que chegou inclusive a cursar outra disciplina na faculdade para ter mais conhecimento sobre o tema no decorrer da produção da sua pesquisa.
Em seu TCC, Jonathan abordou a teoria do Grid Gerencial, que determina graus para diversos estilos de liderança, para traçar os per×s de liderança de cada um dos cavaleiros de bronze que protagonizam a série clássica: Seiya de Pégaso, Shiryu de Dragão, Hyoga de Cisne, Shun de Andrômeda e Ikki de Fênix.
Na conclusão do trabalho, Jonathan chegou à seguinte conclusão: “Os personagens Seiya e Ikii ×caram caracterizados como líderes que têm uma
preocupação maior com a realização das tarefas, que são líderes do per×l 9.1, que é um per×l mais caracterizado como líderes autocráticos. Os outros três personagens foram caracterizados como líderes democráticos e ×caram alocados no espaço 1.9 da Teoria do Grid Gerencial”.
Se você não é da área de administração e ×cou sem entender muito bem, o orientador de Jonathan, Luiz Sebastião, professor da UFPE, explica a Teoria do Grid Gerencial: “Num segundo momento (do estudo de liderança) passou-se a estudar o comportamento dos líderes. Determinou-se duas
dimensões principais a partir da agenda de trabalho de um líder típico: a preocupação com a tarefa, meta, objetivo e a preocupação com as pessoas.
Grande preocupação com pessoas resultava no líder democrático e grande preocupação com a tarefa no líder autocrático. Importante não confundir
com líder autoritário. Um líder autocrático se preocupa mais com as metas”.
Ainda segundo Luiz, o modelo foi aperfeiçoado, pois percebeu-se que existiam vários graus nos estilos de liderança: “Cada eixo varia de 1 a 9, e isso
determina uma grade (grid) com 81 interseções. Do (1,1) até o (9,9) que seria alguém extremamente ocupado com a preocupação de lidar com pessoas e tarefas ao mesmo tempo”, explicou Luiz.
O orientador de Jonathan enxerga como positiva a aproximação do tradicional ramo da administração com o mundo da cultura pop: “Um dos
precursores da Administração, o francês Henry Fayol, defendia que até pra fazer a ponta de um lápis era necessário conhecimentos de administração.
Precisamos olhar mais para as várias tradições e culturas para estabelecer esse contato com o mundo real”.
No decorrer do trabalho, o estudante considera que os principais problemas que encontrou foi com relação ao tempo e durante a aplicação da
metodologia, que incluía um questionário publicado na web para que os fãs de “Os Cavaleiros do Zodíaco” respondessem perguntas sobre os
personagens.
Mesmo com todos os problemas que todo universitário encontra na produção do TCC, Jonathan conseguiu um inegável sucesso com o seu: foi
aprovado com a nota 9.5 e, agora com toda a repercussão, seu trabalho vem sendo lido por vários fãs da série e, sem dúvida, vai inØuenciar muita
gente.

 

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Estudante de mestrado da UFPE participa de fórum mundial na Suíça PDF Imprimir E-mail

19/06/2017

O estudante André Lucas Fernandes, do mestrado em Direito da Universidade Federal de Pernambuco, participou do Fórum Mundial da Sociedade da Informação como representante do Youth Observatory (Observatório da Juventude), uma organização internacional que faz parte do Grupo de Interesse Especial da Sociedade da Internet, que aconteceu em Genebra, na Suíça, na última semana.

O aluno, que também faz parte do grupo de pesquisa DTE (Direito, Tecnologia e Efetivação da tutela jurisdicional), que se dedica à pesquisa de temas relacionados a direito e novas tecnologias, foi convidado para participar do evento como mediador de uma sessão sobre o tema Enabling Environment, que relaciona temas de tecnologia com o meio ambiente e desenvolvimento sustentável.

O Observatório da Juventude é um projeto que busca construir uma plataforma participativa que se utilize de diferentes ferramentas para levar o conhecimento da governança e dos princípios da Internet aos jovens, independentemente da sua língua, sexo, gênero, raça, religião, criando novas capacidades entre eles. O principal objetivo do Observatório é gerar interesse aos jovens sobre questões acerca da Governança da Internet.

 

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Especialistas debatem educação no semiárido PDF Imprimir E-mail

13/06/17

Imagine o cenário em que uma criança de uma pequena escola na caatinga pernambucana decora detalhes sobre a geografia do sudeste asiático ou mesmo as características da tundra subártica. Ao mesmo tempo, ignora as peculiaridades do bioma à sua volta. A situação, real, preocupa os especialistas em educação. Ontem, no complexo multieventos da Universidade do Vale do São Francisco, na divisa entre Juazeiro da Bahia e Petrolina, no Sertão pernambucano, o assunto foi debatido por dezenas de especialistas. Um documento com propostas para uma educação contextualizada para o semiárido está sendo criado no evento, que termina hoje.

Uma das propostas trazidas no evento é a reimpressão do livro didático “conhecendo a caatinga”, em dois volumes, que aproximaria o conhecimento das crianças ao meio em que está inserido. “Ele já foi testado e se conseguirmos produzi-lo com a marca do Governo, teremos possibilidade de inseri-lo no Plano Nacional de Livro Didático e disponibilizá-lo nas cidades do semiárido”, contou a pesquisadora Edilene Barbosa Pinto, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), responsável pelo evento. Para a pesquisadora Alexandrina Sobreira, a necessidade de contextualização já é conhecida há muito tempo. “Pesquisei, quando na Secretaria Estadual de Meio Ambiente, e descobri que o bioma mais importante para o pernambucano é o amazônico. A caatinga é apenas o quarto.”

A caatinga trazida pela educação não pode ser a já conhecida, sinônimo de problemas, de acordo com o doutor em sociologia José Souza da Silva, um dos conferencistas do evento. “Só falar sobre o semiárido num material didático não é suficiente para dizer que se está contextualizando. É preciso pensar em qual sociedade queremos para que se pense na educação que precisamos para chegar lá.

Até então se mantém a ideia de que o mundo é um mercado. Antes, de que era uma máquina, focava-se na indústria. Mas não é nem um nem outro. É uma trama de significados e práticas que dão sentido à vida”, contou o pesquisador da Embrapa.

A noção de mundo como mercado também incomoda o ex-presidente da Fundaj, Paulo Rubem Santiago, quando o tema é a educação. Segundo ele, que acatou as propostas das pesquisadoras e deu o pontapé inicial ao evento, há 13 meses, não há como financiar o bem-estar social sob a perspectiva do capital. “O Plano Nacional de Educação (PNE) é um pilar de um projeto de nação, algo que não interessa o capital internacional. Sob essa égide, o semiárido é importante para exportação agrícola.”

Para Rubem, é importante que se destaque o semiárido no Plano Nacional de Educação. É necessário que haja um observatório só para essa região. “Porque, historicamente, é a área que tem uma necessidade específica. Onde há mais escolas precarizadas”, explicou o professor da UFPE. “Na fase atual de acumulação do capital que estamos, não é possível reconhecer o protagonismo e a autonomia dos movimentos sociais para a superação do atraso e da construção do novo.”

Nesse sentido, a noção de que a escola precisa ser uma ferramenta de emancipação foi trazida à tona na mesa de abertura do evento, composta por representantes de várias organizações que trabalham diretamente com a região como a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), o Instituto Nacional do Semiárido (NSA) e a Rede de Educação do Semiárido Brasileiro (Resab). Na discussão, a secretária de educação de Petrolina, Maeve Melo, também presente, assumiu o compromisso de fazer parcerias com essas entidades e ajudar a contextualizar a educação no município. “Já fizemos isso em outra gestão, mas todo o trabalho foi descontinuado”, lamentou.

 

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