UFRN investe no desenvolvimento tecnológico para as Ciências Agrárias |
05/06/18 Criar um curso de Tecnologia da Informação voltado para o desenvolvimento tecnológico para as Ciências Agrárias foi a inquietação inicial de um grupo de professores do Curso Técnico em Informática da Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), Unidade Acadêmica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A união do TI e das Ciências Agrárias, áreas de conhecimento desenvolvidas na EAJ, fez surgir o curso superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS). “Sendo um grupo de Tecnologia da Informação, funcionando dentro de uma unidade de Ciências Agrárias, entendemos que essa aproximação era necessária”, comenta o professor Max Lacerda, um dos idealizadores do curso. Apesar de ser um curso novo, a procura está aumentando. “Essa é uma realidade que está mudando muito rapidamente devido ao trabalho realizado pelos professores com a divulgação das nossas ações”, conta o coordenador do TADS, Taniro Chacon. Segundo ele, os novos estudantes entram no curso com uma outra visão acerca do potencial e do nicho de mercado no qual está inserido. A taxa de empregabilidade é animadora. “Todos os alunos formados estão com atividades que demonstram a aplicação das habilidades adquiridas. Temos alunos trabalhando com desenvolvimento, realizando mestrado na UFRN, realizando residência de software na UFPE, e até atuando como professor”, comemora o coordenador. Para Taniro Chacon, a formação dos alunos com foco na integração entre TI e as Ciências Agrárias pode impactar positivamente as comunidades e o mercado. “O nosso mercado possui uma carência enorme de tecnologia, principalmente na área das Ciências Agrárias. Muitas produções agrícolas ainda usam técnicas custosas em recursos como espaço, energia, água. Com a aplicação da tecnologia, de ferramentas apresentadas no nosso curso, é possível mudar essa realidade beneficiando produtores, meio ambiente e comunidade”, afirma. O curso possui atualmente Nota 5 na avaliação realizada pelo Ministério da Educação (MEC). Um dos fatores que contribuíram para a avaliação é o projeto político pedagógico moderno, alinhado com propostas de aplicação da TI nas Ciências Agrárias e compatível com outros cursos de TADS do país; a qualificação do corpo docente, além da infraestrutura com laboratórios para aulas práticas e pesquisa. Pesquisas beneficiam a comunidade O professor conta que a Universidade de Ohio nos EUA havia desenvolvido um software para analisar o vigor de sementes a partir da avaliação de imagens de plântulas – primeiro estágio da planta que surge com a germinação da semente, mas o alto custo inviabilizava o uso por grande parte dos produtores e de pequenas universidades. “Então pensamos em desenvolver um software livre e de fácil uso, que desde as instituições até o agricultor pudessem ter acesso”. Para isso, o grupo utilizou uma plataforma livre, desenvolveu uma técnica de captação de imagens a partir da câmera de um smartphone – que garantisse a leitura correta pelo software – e, com a ajuda de uma pedaço de EVA azul, o trabalho que seria feito em 2 dias, pode ser feito agora em alguns segundos. Já registrado, o software SAPL – sigla para o Sistema de Análise de Plântulas, começa a ser disponibilizado para utilização. “Estamos na fase em que as pessoas começam a utilizá-lo, trazendo feedbacks para possíveis melhorias e até o ano que vem uma segunda versão deve ser liberada”, comemora Márcio Dias. Outros softwares estão sendo desenvolvidos pela equipe. Um deles, analisa as sementes através de raio-x, uma vantagem para sementes que não podem ser destruídas por razões diversas – como custo e raridade. Outro, simula peneiras para soja e milho, técnica que poderá ajudar produtores a medir os tamanhos das sementes também por fotos, uma informação importante para os produtores porque impacta diretamente o preço do produto. Da universidade para o mercado Sua primeira experiência profissional foi resultante do conhecimento adquirido no curso e ele avalia positivamente essa experiência e as conquistas proporcionadas por ela, mesmo antes de ter se formado. “Conseguimos desenvolver muita coisa boa dentro do curso, tanto que, na nossa turma, tivemos a oportunidade de sair com um registro de software no nosso nome. Isso foi muito valioso, porque não é uma coisa que você consegue da noite para o dia”, comenta. Renan Farias é um dos alunos que participaram da elaboração do SAPL e é otimista sobre as contribuições do curso para o desenvolvimento tecnológico local: “O curso contribui de forma grandiosa. As outras turmas têm muitos outros sistemas interessantes e os trabalhos de conclusão estão sendo muito benéficos para as Ciências Agrárias, que carecem de informações. Nada te impede de atuar em outras áreas da Informática, mas é um acréscimo que você tem, uma oportunidade de trabalhar com um campo maior”, comenta. O Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas tem duração de seis semestres. Para ingressar, o estudante concorre a uma das 40 vagas disponibilizadas semestralmente, por meio do SISU. Ao formar-se adquire o título de Tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas.
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