No pós-pandemia, colégios devem manter lives e aulas online

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29.06.2020

A pandemia de Covid-19 mudou a forma de dar aula. Enquanto as redes municipais e estaduais têm dificuldade em fornecer conteúdo por conta da desigualdade de acesso à tecnologia entre os alunos, o setor privado teve que elaborar uma estrutura para garantir a continuidade das atividades e o pagamento das mensalidades.

As aulas remotas são vistas como solução momentânea até a possibilidade de uma segura volta às atividades presenciais. Ainda assim, no meio da mudança, colégios encontraram em plataformas e redes sociais formas de reinventar a formação escolar.

— Foi um processo intempestivo, muitos professores se viram, de um dia para o outro, lidando com a tecnologia e tentando fazer isso num contexto de pressão das escolas, dos gestores, dos pais e de várias outras críticas. Mas a experiência tem um saldo positivo. Muitos professores perderam preconceitos e descobriram na tecnologia uma ferramenta factível — afirma Marcelo Sabbatini, especialista em educação digital na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Guilherme Cintra, gerente-executivo de Inovação da Eleva Educação, acredita que a tecnologia é fundamental para reunir informações dos alunos e ajudá-los.

— Um elemento fundamental do uso de tecnologia na educação é possibilitar o uso de dados para apoiar a evolução dos alunos. Com a devida preocupação com a proteção desses dados, ao utilizá-los é possível encontrar padrões de comportamento e entender os alunos em sua individualidades.

Para Cintra, através desse tipo de ferramenta, é possível inovar e modificar a aprendizagem para além da pandemia.

— Com isso, podemos oferecer o melhor suporte para que exista uma comunidade formada por educadores, responsáveis e gestores que tenham melhor compreensão do que cada estudante precisa para evoluir.

Revolução antecipada
Para Sandro Bonás, CEO da Conexia Educação, empresa que desenvolve soluções digitais para escolas, o processo de integração de tecnologia e sala de aula já existia, mas foi acelerado.

— Estamos antecipando em mais de cinco anos a revolução digital que prevíamos para o mundo da educação. Não se trata apenas de aula virtual, os professores também precisam de outros elementos para garantir a aprendizagem e podem tê-los no meio digital— afirma Bonás.

Em épocas de aula remota, pedir para alunos largarem o celular e saírem das redes sociais ficou de lado e, agora, se aconselha a sua utilização, com participação em lives que ajudam vestibulandos com temas interdisciplinares e orientam pedagogicamente os alunos.

No colégio Sion, no Rio de Janeiro, a cada semana dois professores diferentes — que dificilmente conseguiriam dar uma aula juntos presencialmente —, passaram a discutir temas diversos, que já foram do livro “1984”, de George Orwell, até o racismo no futebol.

— As lives informam, formam e possibilitam a participação desse aluno de um modo diferente do que ocorre em sala de aula e usando uma ferramenta que é utilizada majoritariamente para o entretenimento. Vamos continuar com essa atividade mesmo depois da pandemia — diz Alexandre Alves, coordenador do ensino médio.

O uso das redes também ocorre no Colégio de A a Z, no Rio, que promove monitorias para tirar dúvidas remotamente dos estudantes.

— As lives, monitorias online e outras ações mostram que essas soluções podem ser aproveitadas e continuadas. Os próprios simulados online, que já haviam sido testados antes da pandemia, nos deram a segurança para continuarmos o uso eventual de ações digitais— afirma Rafael Pinna, professor de redação do colégio.

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