Saúde do homem é tema de colóquio internacional |
03/04/2017 Estudos sobre homens e masculinidade é tema do VI Colóquio Internacional que acontece nesta segunda, a partir das 9h, em Boa Viagem, no Recife. Representantes do Ministério da Saúde, das Nações Unidas e das redes de pesquisadores sobre homens a partir de um enfoque de gênero estarão presentes no evento. Na sequência, uma mesa temática sobre saúde apresentará estudos que demonstram como a saúde do homem esbarra no machismo. O evento internacional que reúne especialistas de 13 países, se estenderá até a próxima quarta-feira, debatendo também assuntos como violências, educação, direitos sexual e paternidade, entre outros. Dados de saúde - Segundo dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Brasil possui 93.390.532 homens e 97.342.162 mulheres. Ou seja, são 95,9 homens para cada cem mulheres. “Pesquisas demonstram que o número de nascidos vivos do sexo masculino é maior, mas a sua presença vai diminuindo ao longo das demais faixas etárias em decorrência da violência e dos hábitos de saúde”, afirma Benedito Medrado, professor da Universidade Federal de Pernambuco. Quando levantadas as principais causas de mortalidade na população masculina na faixa de 15 a 59 anos, verifica-se que a maior parte destas (78%) situa-se em cinco grupos principais, sendo o primeiro as causas externas, seguida das doenças do aparelho circulatório, em terceiro lugar aparecem os tumores, em quarto, as doenças do aparelho digestivo e por último as doenças do aparelho respiratório. Sobre estes dados, chama a atenção o fato de ocorrerem modificações na incidência destes fatores com o passar da idade, quando as causas externas são superadas pelas doenças do aparelho circulatório (a partir dos 45 anos) e pelos tumores (após os 50 anos) (BRASIL, 2009). Outro dado importante refere-se ao coeficiente de incidência de óbitos na população masculina em todas as idades, em que se percebe um aumento progressivo de óbitos à medida que se avança a faixa etária. Dentre as causas externas, as quais são isoladamente as maiores responsáveis pelas altas taxas de mortalidade na população masculina, encontram-se os acidentes de transporte, as lesões autoprovocadas e as agressões. As agressões predominam como principal responsável pela mortalidade masculina na faixa dos 15 a 40 anos. A partir desta idade são os acidentes de transporte que aparecem em maior quantidade. As causas externas também respondem por cerca de 80% dos internamentos hospitalares, preponderando a ocorrência na faixa de 20 a 29 anos. O COLÓQUIO - VI Colóquio Internacional de Estudos sobre Homens e Masculinidades tem como objetivo apresentar experiências e promover o conhecimento acerca das masculinidades, ou seja, sobre as diversas identidades masculinas existentes. A sexta edição do colóquio é organizada localmente pelo Grupo de Estudos sobre Masculinidades da Universidade Federal de Pernambuco (Gema/UFPE), Instituto PAPAI, IFF/Fiocruz, Instituto Promundo e MenEngage Brasil. Seu tema é “Masculinidades frente às dinâmicas de poder/resistência contemporâneas: pressupostos éticos, ideológicos e políticos das diversas vozes, práticas e intervenções no trabalho com homens e masculinidades”. Outras informações podem ser acessadas pelo site: www.masculinidades.org POLÍTICA DE SAÚDE DO HOMEM - A política de saúde do homem deve considerar a prevenção e promoção da saúde. Essa deve englobar aspectos holísticos de educação não sexista e desconstrução dos tabus de gênero. Pesquisadores e representantes de movimentos sociais que discutem relações de gênero e masculinidades propõem que uma política integral de atenção à saúde dos homens deve se assentar nas seguintes diretrizes: 1. Uma política de saúde para os homens deve contribuir para os direitos das mulheres. As ações em Saúde Pública/Saúde Coletiva dirigidas à população masculina devem ser vistas como um avanço das políticas feministas e de gênero, na medida em que trazem benefícios para a vida dos homens, mas também para a vida das mulheres. Não deve, portanto, competir por investimentos ou recursos destinados à saúde das mulheres, nem criar estruturas isoladas. 2. Cuidar da saúde é mais do que tratar das doenças. 3. A atenção à saúde masculina deve ser integral. 4. Informação é a base de qualquer política pública. 5. Os homens são diversos, mas os direitos devem ser os mesmos. 6. Homens jovens, negros e pobres devem ter atenção prioritárias. 7. Homens idosos também devem ser contemplados. 8. Os serviços de saúde devem ser atrativos ou “amigáveis”. 9. É preciso ir onde os homens estão. 10. A emergência é também espaço de prevenção. 11. Sexualidade e reprodução também são questões de saúde para os homens. 12. Paternidade é também um direito. 13. Violência de gênero é questão de saúde pública. 14. A Redução de Danos deve ser um princípio básico nas ações em saúde. 15. Os gestores e os profissionais de saúde precisam rever práticas, conceitos e valores. Ações educativas devem ser oferecidas aos gestores, gestoras e profissionais de saúde para que possam, de forma mais qualificada, compreender a importância e a necessidade de ações em saúde dirigidas aos homens e, assim, definir, coletivamente, prioridades e estratégias a serem implementadas em seus serviços. 16. Saúde é cidadania. Promover e garantir a participação popular envolvendo homens e mulheres em qualquer processo de formulação e monitoramento de políticas públicas em saúde é um exercício de cidadania e a garantia do controle social das políticas.
|