Superlotação e suspensão de partos em maternidades do Recife

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10/10/17

Caos em duas grandes maternidades de média e alta complexidade de Pernambuco evidenciam a situação limite que o setor enfrenta. Nesta terça-feira (10), denúncias de pacientes apontavam que o Hospital Barão de Lucena (HBL), na Iputinga, na Zona Oeste do Recife, teria suspendido alguns partos por falta de material. E no Hospital das Clínicas da UFPE, na Várzea, mesma região, houve o fechamento da maternidade devido à superlotação da unidade.

Funcionários e gestantes apontam que o quadro reflete o sucateamento da assistência ao parto em muitos municípios pernambucanos. A situação acaba estourando nos hospitais da capital, que acolhem uma demanda que, a priori, não é deles.

O centro obstétrico do HC parecia um cenário de guerra. Com capacidade para oito pacientes, o espaço tinha 27, ou seja, cerca de 300% a mais. Todas as mulheres esperavam vaga na enfermaria, que já estava com 22 mulheres e seus bebês. A UTI neonatal operava no limite de oito leitos, mas na unidade de Cuidados Intermediários (UCI) havia 19 recém-nascidos num espaço que deveria comportar dez. Pelo menos três bebês precisavam de isolamento. Um dos temores iminentes da superlotação dos espaços é um surto de infecção hospitalar.

O HC confirmou a interdição da maternidade por medida de segurança de mães, bebês e dos profissionais de saúde. Em nota, o hospital informou que a Unidade Neonatal solicitou à Secretaria Estadual de Saúde (SES) a interrupção temporária do encaminhamento de gestantes devido à superlotação. A solicitação foi atendida e, após reavaliação da situação, o plantão poderá ser reaberto nesta quarta-feira (11).

Já a SES, que gerencia o HBL, negou interrupções de partos nesta terça (10). Em nota, a pasta afirma que a emergência obstétrica esteve atendendo as mulheres que deram entrada na unidade, com prioridade para os casos mais graves de acordo com a avaliação médica e os critérios de classificação de risco. Até a tarde haviam sido realizados oito procedimentos cirúrgicos e partos.

A Central de Regulação de Leitos reconhece a grande demanda nas principais maternidades de alto risco do Grande Recife, causada, principalmente, pela deficiência das unidades municipais, que acabam encaminhando casos menos complexos para estes centros de referência. A SES informou ainda que vem dialogando com os gestores municipais sobre o fortalecimento da rede de atenção materno infantil em suas cidades.

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