Coquetel Molotov: 'A crise dificulta um festival para fomento de artistas independentes', diz diretora |
18/11/22 O festival No Ar Coquetel Molotov retorna com o seu formato tradicional neste sábado (19), no campus da UFPE, Zona Oeste do Recife, com quatro palcos, mistura de artistas consagrados e novidades frescas do mercado independente. Entre os destaques estão nomes como Letrux (participação de Supla), Rico Dalasam, Flora Matos, Marcos Valle, Don L, MC Carol e Tasha & Tracie. Já as revelações são aquelas atrações que motivam a ida ao festival "para conhecer". Para citar alguns exemplos: Glor1a, uma britânica de raízes nigerianas que brinca com o folclore africano; Melly, baiana de 20 anos inspirada no soul e R&B, e Djuena, cantora do povo Tikuna, a maior nação indígena do país. Confira a programação com horários no final da matéria.
"Tínhamos uma expectativa muito grande com essa volta. Achávamos que as marcas iriam fazer um grande investimento e que o público teria uma sede de comprar ingressos. Tudo isso rolou muito no começo da retomada, claro, mas depois a crise foi realmente se instalando", admite Ana Garcia, diretora do No Ar. "Estamos sentindo isso de todas as formas: a logística triplicou, os cachês aumentaram muito, pois estão todos tentando tirar o atraso da pandemia. E, é claro, teve essa explosão de eventos, as agendas estão super concorridas. Dificulta para nós, que somos um festival de fomento e com um ingresso mais em conta", continua. Ana Garcia diz que pouquíssimas marcas estão entrando em festivais no Nordeste atualmente. Mas, para além disso, existe um agravante em Pernambuco: a ausência de uma lei de mecenato estadual, tipo de fomento em que instituições privadas repassam recursos para projetos culturais em troca de renúncias fiscais. A diretora do No Ar ressalta que muitas grandes empresas, como cervejas e telefonia, só usam esse tipo de ferramenta. "O Funcultura era um mecenato, mas se transformou num fundo, o que é interessante. Mas precisamos do mecenato", pede. Neste ano, o Molotov tem patrocínios como o da Natura Musical, da Prefeitura do Recife e da Companhia Editora de Pernambuco. "São marcas muito importantes para a gente, que enxergaram importância de um festival como o nosso. Estou muito agradecida".
"Nesse ano, fiquei muito instigada a fazer uma coisa diferente ao ver todos esses festivais de marcas e agências que rolaram, principalmente no primeiro semestre. Eles pegaram o formato do Molotov, mas fizeram uma programação pop", diz Ana Garcia. "Fiquei instigada em fazer uma coisa diferente, mas até eu mesmo demorei a entender se estávamos no caminho certo. Até comecei a ficar confusa em relação a trazer artistas pop. Será que é isso que o público e as marcas querem, para sairmos do sufoco?", questiona.
UFPE "Quando vimos a Concha Acústica sendo reformada, sentimos um grande estalo. Eu queria poder voltar apenas nos 20 anos, em 2023, mas teve que ser agora mesmo. Vai ser bom porque vamos conseguir fazer essa primeira edição e entender como o espaço vai se comportar, para fazer uma festa de 20 anos ainda mais bonita", finaliza a diretora.
O Kamikaze é uma novidade da edição: um palco eletrônico traz um recorte fresco da cena atual com curadoria de Libra que traz atrações como MC Carol, Taxidermia, Miss Tacacá, Makeda, projeto Brasil Grime Show, Festa DIP + Gueros e Baile do Marley. A parceria de três anos com a Feira Na Laje também se estende para mais esta edição. O projeto traz a curadoria de produtos criativos de pequenos produtores de Recife e João Pessoa nos segmentos de decoração, autocuidado, moda, armazém, papelaria, jardinagem e artes.
Confira a programação do 19º Coquetel Molotov Palco Natura Musical
Palco Som na Rural |