Erosão ameaça um terço do litoral pernambucano

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06/06/2017

 

Países de todo o mundo celebraram ontem o Dia Mundial do Meio Ambiente. Em terras pernambucanas, porém, poucos são os motivos para comemorar. Um estudo realizado pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Smas) em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Ministério do Meio Ambiente revelou que 62,3 (aproximadamente 33%) dos 187 quilômetros de faixa litorânea do Estado sofre com a erosão provocada pelas mudanças climáticas e alterações no nível do mar. A pesquisa, que teve início em 2013, deu origem ao Atlas da Vulnerabilidade do Litoral de Pernambuco, lançado ontem pelo governo estadual.

A publicação, inédita em Pernambuco, faz parte do Plano Estadual de Mudanças Climáticas, lançado em 2011, e promete nortear as ações do poder público. “Com este atlas a gente sabe exatamente quais são os pontos mais vulneráveis, mais críticos, não só agora, mas com projeção para o futuro. Serve também como indicador de riscos. Assim, qualquer investimento feito não será desperdício de dinheiro”, pontuou o secretário de Meio Ambiente, Sérgio Xavier.

Os 13 municípios que formam a costa pernambucana foram analisados durante os anos de 2013 a 2015. O estudo apontou a faixa litorânea da Região Metropolitana do Recife (RMR) como a mais afetada. A justificativa é a densidade demográfica da área – 56% da população urbana do Estado vivem no Grande Recife, segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – e os problemas trazidos pela ocupação humana. Em decorrência dela, o litoral do Estado é considerado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) prioritário em nível mundial para receber ações e projetos de mitigação e adaptação.

Para combater os efeitos da erosão, a Praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, foi a primeira a receber o projeto de engorda, em 2013. “Não temos como retirar a cidade dali. Então, retiramos areia do fundo do mar e colocamos nos pontos que têm avanço”, explica o secretário. Segundo ele, existem projetos semelhantes para Olinda, Recife e Paulista. As intervenções aguardam recursos para sair do papel.

MATA SUL

Os melhores resultados estão no Litoral Sul. “Os níveis de vulnerabilidade são de baixo a moderado, principalmente porque existe uma baixa ocupação. A maioria das residências são casas de veraneio, e não prédios”, explicou Pedro Pereira, do Departamento de Oceanografia da UFPE e coordenador do estudo. “Se não forem respeitados os parâmetros de 33 metros para construções exigidos pelo Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro, a situação, em pouco tempo, ficará igual à da Região Metropolitana”, alertou.

O estudo projetou diferentes cenários de aumento das ondas. “As pessoas se preocupam mais com o nível do mar do que com o nível das ondas, sem saber que o último é muito mais devastador. Quem remove o sedimento é a onda. O nível do mar só determina o alcance”, argumentou Pereira.

Os pesquisadores não estimaram tempo para a evolução do problema. “É difícil de prever, porque o mesmo aumento pode acontecer em poucos ou muitos anos, depende da situação climática”, completa Pedro.

 

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