Graças para iniciantes: entre histórias, lugares e árvores |
20/12/2017
Eu demorei para conhecer as Graças. A única coisa que eu sabia era que meu psiquiatra era na Rua das Pernambucanas. Mas saber qual bairro que era, isso eu não sabia. Criada em Jaboatão, a “Zona Norte” era um grande bolo de coisas. As divisões todas eram confusas, as ruas pareciam nunca acabar, tinha muita árvore no meio do caminho. Ano passado, comecei a dar aulas de inglês na Cardeal Arcoverde e na Rua das Pernambucanas. E me apaixonei. Talvez eu tenha me apaixonado pela torta de cebola da – falecida – Tortaria. Ou pelas árvores da Rua da Amizade. Ou pela distância até a UFPE (e o ônibus CDU/Caxangá/Boa Viagem, com ar-condicionado, logo ali na Joaquim Nabuco). Ou pelo vento que bate no rosto durante a tarde. Ou a quantidade de restaurantes que eu posso escolher pelos aplicativos de delivery de comida. Ou a curta distância até o Sebo da Torre. Ou o Museu do Estado – que eu nunca visitava, achava longe demais – ser meu vizinho. Ou a quantidade de pokestops (pois eu ainda jogo Pokemon Go). Sempre primavera Percebi que as pessoas ainda dizem boa noite para pessoas aleatórias em plena Rosa e Silva. Percebi que as padarias daqui são as melhores. Que decidir onde jantar na Rua do Futuro é um supremo desafio. Que o cinema do ETC é o melhor programa para as segundas após a aula. E percebi que existem histórias para contar, lugares para ver e árvores para desviar. E é isso que eu pretendo fazer.
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