Fronteiras da arte urbana são debatidas no Bairro do Recife

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19/06/18

Como preservar sem criminalizar a arte? Nesta terça-feira (19), às 19h, o INCITI - Pesquisa e Inovação para as Cidades (rede de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco-UFPE com o objetivo de incitar, junto a diversos setores da sociedade, novos conhecimentos capazes de transformar a vida nas cidades) vai abrigar mais uma edição do projeto "Provocações Urbanas".

Desta vez, o fio condutor da conversa é o grafite e também a pichação, que recentemente foram alvos de uma operação da Polícia Federal (a "Grapixo", que prendeu oito suspeitos de picharem o Sítio Histórico de Olinda. Segundo a nota oficial da PF, a operação teve o objetivo de neutralizar um "grupo criminoso" de pichadores que "atua na deterioração de bens protegidos por lei ou ato administrativo no Sítio Histórico da cidade de Olinda", que é um patrimônio tombado pelo Iphan em 1968). A roda de conversa será aberta ao público e vai acontecer na sede do INCITI/UFPE, no Bairro do Recife.

Na mesa, vão estar presentes o grafiteiro e articulador social Stilo Santos, membro do Coletivo Pão e Tinta (da Comunidade do Bode); a curadora independente e crítica de arte Cristiana Tejo; o chefe do escritório técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Olinda, Fernando Augusto Lima; a grafiteira e historiadora Rebecca França (membro da Coletiva das Vadias); e os pesquisadores do INCITI, Alex Oliveira, Renata Paes, Lenne Ferreira e Natan Nigro, que também é integrante da Sociedade Olindense de Defesa da Cidade Alta (Sodeca).

"A ideia surgiu de uma longa discussão acerca das relações entre o grafite, o pixo e a cidade", conta Natan Nigro, que é arquiteto, urbanista e já teve amigos presos na adolescência, por conta de pichação. "As pessoas não param para escutar os jovens e suas motivações. O pixo é um grito por acesso aos espaços públicos das cidades, aos serviços públicos de forma geral. O Recife é uma cidade segregada, então, é preciso tentar perceber que ímpeto é esse, de onde vem essa energia", afirma ele, frisando que a ideia do debate é olhar para os dois lados, já que a educação patrimonial é algo imprescindível, ainda mais em se tratando de monumentos históricos.

MAC de Olinda fechado
"Há cerca de dez anos, um grupo de jovens tentou ocupar o prédio central da Bienal de São Paulo para se expressar através de uma pichação coletiva, e uma jovem acabou presa por três meses. Muitos artistas lamentaram o fato, achando que isso devia ter sido tratado de forma estética, de expressão de um discurso, e não criminal. Mas o fato é que as leis brasileiras criminalizam o pixo e regulamentam o grafite, limitando sua possibilidade de execução", relembra. E alfineta: "Para mim, é uma agressão maior ter o Museu de Arte Contemporânea de Olinda estar fechado há um ano, do que ver seu muro sendo pichado".

Serviço:
Provocações Urbanas: Como preservar sem criminalizar a arte?
Nesta terça-feira (19/06), às 19h
Sede do INCITI/UFPE (rua do Bom Jesus, 191, Bairro do Recife)
Entrada gratuita
Informações: (81) 3037-6689

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