Ano VIII - Nº 101 - Junho/2002














 

UFPE dá apoio à comunidade

Professores e alunos de Farmácia capacitam agentes comunitários para o uso de plantas medicinais. As aulas vão desde as melhores forma do cultivo da planta até a preparação de chás e remédios

Juliana Holanda e Suzana Valença

Projeto de extensão da UFPE, que capacita agentes comunitários para o uso correto de plantas com fins medicinais, está obtendo ótimos resultados nas comunidades do Córrego do Jenipapo e Engenho do Meio. O trabalho é realizado pelo Departamento de Ciências Farmacêuticas e foi idealizado a partir de uma demanda natural dos próprios moradores das áreas, que buscavam, junto à Universidade, informações sobre o uso das plantas como alternativa aos medicamentos convencionais.

Criado no ano 2000 e batizado de Programa Para o Uso Racional de Plantas Medicinais pela População o projeto prevê, inicialmente, estudo e classificação botânica, ação biológica, composição química e uso terapêutico das plantas. Depois, os universitários repassam às comunidades o conhecimento adquirido. Segundo a coordenadora do projeto, professora Elba Lúcia Cavalcanti, as informações são transmitidas aos interessados a partir de palestras. Os participantes do projeto recebem instruções de didática para que possam ensinar com mais eficiência. "Fazemos um trabalho dinâmico, porque nosso público é muito variado", garante a coordenadora.

A contribuição da equipe vai desde aulas sobre as melhores formas de cultivar e colher as plantas medicinais até instruções sobre como utilizá-las na preparação de chás e remédios. Os instrutores buscam, também, alertar a população sobre os perigos do mau uso das plantas. "Um exemplo muito comum de má aplicação de plantas medicinais é o uso do chá de erva cidreira. As gestantes tomam o chá como calmante e ele pode ter efeito abortivo. Outro erro veio com a popularização da babosa. Se a babosa for tomada de maneira errada, pode provocar hemorragia" afirma a coordenadora.

O Programa Para o Uso Racional de Plantas Medicinais beneficia tanto as comunidades que recebem a equipe quanto seus próprios integrantes. Flávio Souza, estudante do curso de Farmácia, participou da última turma do projeto e diz que o aprendizado não foi apenas acadêmico. "Entrei no projeto para conhecer o uso das plantas medicinais e achei bastante interessante poder repassar o que eu aprendi para outras pessoas. Todos os alunos deviam passar por essa experiência", afirma. Atualmente, o projeto conta com a participação de oito alunos dos cursos de Farmácia e Ciências Biológicas, mas matricula interessados de qualquer área.

Atendimento com resultado prático

O Centro de Educação e Medicina Popular (Cempo), que funciona na comunidade do Córrego do Jenipapo, no Recife, cultiva plantas medicinais para a produção e comercialização de remédios. Foi a partir da parceria com o centro que a UFPE levou professores e alunos para capacitar a comunidade para um melhor aproveitamento das plantas.
A equipe da Universidade ministrou palestras abertas a toda a comunidade, na sede do Cempo e na igreja local. Até mesmo o bairro vizinho recebeu a equipe da UFPE, que passou seu conhecimento à comunidade em palestra na Escola Paraíso Educacional.

Para Ana Negromonte, uma das coordenadoras e fundadoras do Cempo, a parceria com o projeto de capacitação da UFPE beneficiou não apenas a comunidade, mas também o próprio centro. "Foi uma troca de experiência e uma divulgação do nosso trabalho através da Universidade", afirma ela.

O centro funciona desde 1980 e sempre atuou na área de educação para a saúde. Desde então o Cempo conseguiu crescer e ampliar sua abrangência de atuação. Atualmente, possui duas hortas e dois pontos de vendas de remédios populares.

ATENDIMENTO - A equipe da UFPE também prestou serviços à comunidade da Cidade Universitária. Professores e alunos da sétima série da Escola Diário de Pernambuco montaram uma pequena horta de plantas medicinais. A iniciativa tinha como objetivo fazer com que os estudantes aprendessem noções de botânica de forma mais interessante. Para incrementar ainda mais as aulas, os integrantes do projeto foram à escola ministrar duas palestras sobre o uso correto dessas plantas. A professora Elba Lins explica que os atendimentos à comunidade são importantes para a melhor formação dos universitários que integram o projeto. Por isso, ela e sua equipe estão sempre procurando outras comunidades interessadas na capacitação.