Folhetos
de aeronaves para emergências contêm falhas
A aviação civil internacional obriga as companhias aéreas
a apresentar aos passageiros folhetos de instruções
sobre procedimentos de emergência. Esse material, no entanto,
muitas vezes dá informações que mais complicam
do que ajudam. Essa foi a constatação da professora
Carla Spinillo, do Departamento de Design da UFPE. Em sua pesquisa,
a professora estudou especificamente as instruções
gráficas de coletes salva-vidas, e encontrou vários
problemas de representação.
Num primeiro momento, um grupo de
60 pessoas foi instruído a colocar o colete sem usar o
folheto de informações. O resultado, já esperado,
foi uma seqüência de erros dos usuários, numa
tarefa que deveria ser feita em seis a sete passos, mas que foi
concluída em até 52 passos. “Quando mostramos
as instruções para um outro grupo, e depois pedimos
para colocarem o colete, o resultado não foi muito diferente”,
completa Carla Spinillo. “Apenas duas pessoas conseguiram
executar a tarefa sem erros”, afirma a professora.
A professora conseguiu juntar materiais
de diversas empresas aéreas internacionais e constatou
praticamente os mesmos problemas nas instruções.
“Um exemplo que foi identificado diz respeito ao momento
de inflar o salva-vidas. A recomendação é
que o passageiro só faça isso na saída da
aeronave, para facilitar a locomoção. Mas apenas
um dos 13 folhetos analisados traz essa recomendação
de forma clara”, explica Carla Spinillo. Setas e números,
que poderiam facilitar a leitura dos procedimentos, são
ignorados, tornando a tarefa ainda mais complexa, principalmente
em se tratando de vôos internacionais. “Em alguns
países orientais, por exemplo, a leitura não é
feita da esquerda para a direita, mas ao contrário, ou
de baixo para cima. Deveria haver dispositivos para mostrar a
ordem das figuras, já que não podem ser usadas palavras”,
lembra.
A pesquisa já foi publicada e apresentada
em diversos congressos internacionais. O próximo passo
é entrar em contato com as companhias aéreas e com
a Infraero para apresentar os resultados desse trabalho. Podem
parecer meros detalhes de desenho, mas algumas pessoas no experimento
levaram 20 minutos para vestir o colete, enquanto o tempo ideal
seria algo entre um minuto e um minuto e meio. “Vidas podem
ser salvas com apenas algumas modificações”,
lembra a pesquisadora.
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