Pesqueira recebe
programas de saneamento
Equipe
de professores ajuda a comunidade de Mutuca, em Pesqueira, a instalar
dessalinizadores em poços subterrâneos e a implantar
lagoas de estabilização para o tratamento de esgotos
Clécio
Vidal
Uma equipe de professores
do Centro de Tecnologia e Geociências (CTG) da UFPE participa
de uma rede de ações de saneamento ambiental e racionalização
do uso de recursos hídricos na comunidade de Mutuca, localizada
a 18 km de Pesqueira (fronteira entre o Agreste e o Sertão
pernambucanos). O grupo dará início à instalação
de dessalinizadores nos poços subterrâneos.
O sal obtido poderá
ser empregado, por exemplo, em criadouros de camarão ou
peixe. Outra iniciativa em andamento é a implantação
de lagoas de estabilização para o tratamento de
esgotos. Os engenheiros têm em vista também recuperar
a área onde existe um lixão.
A coordenadora dos
projetos na área de Hidrologia, Suzana Montenegro, explica
que o Grupo de Saneamento Ambiental da Universidade está
atuando na revisão das barragens subterrâneas (escavadas
no leito dos rios) de Mutuca, ensinando os moradores a resolver
problemas estruturais. É necessário, por exemplo,
o revolvimento periódico do solo, já que se retém
mais água quando a terra não está compactada.
“O melhor aproveitamento dos recursos hídricos, escassos
no semi-árido, requer medidas simples. Os custos com grandes
obras, como os reservatórios urbanos, são inviáveis
em pequenos povoados”, analisa.
Os pesquisadores
estão alertando a população sobre hábitos
que podem provocar a salinização da água
prejudicando a agricultura, a exemplo da irrigação
com grandes aspersores. Segundo ela, o calor faz com que a água
utilizada em quantidade elevada evapore rapidamente, sendo desperdiçada.
Por se tratar de uma água salobra, quando ocorre a vaporização,
o sal fica depositado no solo, danificando a plantação.
A solução
para o problema, conforme a professora, é a irrigação
localizada, com microaspersores “que podem ser feitos pelos
próprios moradores com mangueiras que despejam água
junto ás plantas”. Para diminuir a salinidade, serão
instalados dessalinizadores. “Não basta tratar a
água, é preciso também lidar com o sal que
sobra. Para isso, plantaremos, no local, uma espécie chamada
acroplex, conhecida popularmente como erva-sal, que se alimenta
com o mineral, podendo, depois ser utilizada como forragem”,
comenta.
Moradores
de Mutuca aprendem a selecionar e coletar dejetos
Outro projeto que
está começando a ser desenvolvido pela equipe do
CTG é a reciclagem do lixo, com a participação
dos moradores que estão recebendo orientação
sobre como realizar a coleta seletiva dos dejetos.
De acordo com o professor
José Mariano Aragão, coordenador das pesquisas,
o principal objetivo é proporcionar mecanismos de saneamento
que possam ser geridos de maneira autônoma pela comunidade,
dentre os quais estão as lagoas de estabilização,
cavidades para onde serão levados os esgotos do vilarejo.
Construídos atualmente de forma improvisada, esses esgotos
fazem a sujeira ficar a céu aberto ou se infiltrar no solo,
prejudicando os lençóis freáticos.
O esgoto permanece
aproximadamente sete dias nessas depressões, passando por
um processo de purificação provocado por algas que
se formam dentro do lago. “Essas algas realizam a fotossíntese,
gerando oxigênio, que mantém vivos os microorganismos
que consomem os dejetos contidos na água proveniente dos
esgotos”, explica Aragão. “O mais importante
é que todo o processo ocorre naturalmente, sem precisar
de nenhum aditivo químico”, complementa.
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