Ano VIII - Nº 110 - Março-Abril/2003











 
UFPE investe nas licenciaturas

Alunos dos cursos de formação de professores são capacitados com aulas práticas em escolas e instituições de pesquisa, a partir do Programa de Iniciação à Docência

Adriana Monteiro

A UFPE tem 16 cursos de licenciatura responsáveis pela formação dos profissionais que, no futuro próximo, estarão dentro das salas de aula exercendo a profissão de professores. Para complementar a formação dos alunos desses cursos, a Universidade Federal de Pernambuco, por meio da Pró-Reitoria para Assuntos Acadêmicos (Proacad), criou o programa de Iniciação à Docência.

Os projetos do programa de Iniciação à Docência são responsáveis pela introdução de novas metodologias de ensino desenvolvidas pelos alunos da Universidade, pela utilização de materiais simples e reciclados e pela implementação de trabalhos experimentais que sempre remetem a aspectos da vida cotidiana dos estudantes. Tudo levado às salas de aula de várias escolas públicas. “São 35 alunos bolsistas trabalhando para a integração ensino/pesquisa e favorecendo a vinculação da Universidade com a Rede Pública de Ensino”, diz a professora Yêda Medeiros Bastos de Almeida, coordenadora de apoio acadêmico. Dos 45 projetos apresentados por professores orientadores e seus alunos, 23 foram selecionados.

ESCOLAS - Entre as instituições escolhidas, estão a Escola Municipal Novo Pina, no bairro do Pina, a Escola de 1º Grau Monsenhor Fabrício, que fica no bairro de Peixinhos em Olinda, e o Espaço Ciência, localizado dentro do parque Memorial Arcoverde, em Olinda.

Os alunos têm um período de dez meses, entre março e dezembro, para desenvolver as atividades previstas nas escolas selecionadas.

O projeto Educação Musical, Cultura Local e Cidadania, realizado pelo professor Carlos Sandrone e pelos bolsistas Fabiano da Silva e Gabriela Apolônio para aplicar os ensinamentos musicais, realizou, por exemplo, oficinas práticas de musicalização e prezou pela interação dos alunos com os movimentos culturais e musicais populares das suas comunidades, com o intuito de fazer os alunos compreenderem suas atitudes sociais como um ato de cidadania. O projeto Oficina de Gravuras, da professora Rosa Vasconcelos, junto com as bolsistas Ana Lúcia Gonçalves e Yêsa Moura, que beneficia 15 crianças carentes com idades entre 13 e 19 anos, partiu da pesquisa de materiais e de artistas para a observação dos elementos que formam a imagem, como as cores e a composição, chegando aos sentimentos despertados por essa observação.

O projeto Laboratório de Química, desenvolvido pelo Departamento de Botânica e coordenado pelo professor Severino do Monte Prazeres, tornou a química mais atrativa para os alunos da 8ª série e do 1º ano por meio de atividades práticas. Durante as aulas, os alunos produziram loção hidratante repelente de insetos, velas repelentes, um fitossanativo para cortes e infecções, sabonete glicerinado a base de plantas, entre outras atividades. “A intenção é fazer a interação sala de aula/cotidiano, facilitando o aprendizado e melhorando o ensino público”, diz José Carlos Pavão, professor do Departamento de Química da UFPE.

Espaço Ciência revela talentos

Em 2002, mais de 40 mil pessoas estiveram no Espaço Ciência, uma das instituições escolhidas para abrigar o programa de Iniciação à Docência da UFPE. A maioria eram crianças de escolas públicas e particulares da Região Metropolitana do Recife e do Interior do Estado. Algumas escolas de outros estados - da Bahia, do Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Alagoas - também visitaram o espaço, que é o Museu de Ciência e Tecnologia do Estado.

Os estudantes encontraram a desenvoltura dos monitores, alunos do curso de biologia da UFPE com seus shows de experiências atraentes ao público. “O museu de ciência forma excelentes profissionais do ensino médio que, posteriormente, são bastante procurados pelo mercado de trabalho”, comenta José Carlos Pavão, professor de Química da UFPE e responsável pelo Espaço Ciência.

Várias atividades são realizadas durante o ano. Na Páscoa de2002, foi realizada a oficina de chocolate. Na semana do índio, uma tribo foi convidada para mostrar suas danças, seu artesanato e plantas medicinais. Um experimento na área do genoma brasileiro demonstrava, por meio da montagem interativa de um corpo humano, como o brasileiro tem origens indígenas, africanas e européias ao mesmo tempo.

O manguezal que cobre grande parte do Parque Memorial Arco Verde, onde se localiza o Espaço Ciência, foi constantemente limpo e replantado como forma de educação ambiental. Ednaldo Amaro dos Santos Filho, monitor há um mês no Espaço Ciência, acha seu estágio importante para sua formação profissional. “Recebo 40 alunos diariamente, uma ótima oportunidade para a formação do professor”, finaliza Ednaldo Amaro.