LEPEC CRIA SUA IDENTIDADE VISUAL

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SENTIDOS DA LOGOMARCA LEPEC

 

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Território-coração
Cabe mais um,
Cabe todos
Pulsa utopias
Latino americanas
Por essas traçadas linhas de união
Defendendo o grão e a raiz,
O povo que planta sabedoria,
Que se jogam nos mares revoltosos
Que morre por ser da terra,
Sem ela ninguém vive,
Que dorme debaixo de lona,
Que sonha em ser livre
Que bate tambores e derruba as cercas
Resiste a seca e aos tempos sombrios,
E canta
E dança
E vence o desafio da vida
Veias ainda abertas
Fazem o rio,
Derrubando os muros do pensamento,
Traduzindo em conhecimento
A chama do pavio.

 

A logomarca define as singularidades e diferenças do espaço agrário, pois, sua construção conjunta representa a coletividade do grupo, sua conexão. Dar corporeidade para essa alma que ainda se encontrava sem identidade visual.

Estas formas, conteúdos e cores significam a multiplicidade e diversidade de pensamentos, concepções de mundo, em áreas de atuação, em situação de luta. As veias, artérias pulsantes e dinamizadoras da vida mais também a força motora das investidas desses sujeitos múltiplos que se unem por uma causa comum de atuação e luta. Lepec em movimento que estuda agregação e desagregação. A cor da terra traz em si outras cores que sinalizam causas e efeitos da sua disputa.

Uma sobreposição de peças, formas sem encaixe preciso parece nos mostrar conflitos latentes. Heterogeneidade do espaço agrário brasileiro.
Representa o mosaico de territórios, territorialidades, tramas, redes e relações de poder existentes entre distintos sujeitos, espaços e escalas, que são vivenciados e tratados pelos integrantes do laboratório e de outro modo a diversidade do espaço agrário latino-americano em cores e nas diversas frações territoriais em disputa. Dedicação á compreensão dos conflitos e contribuições para as lutas e resistências dos povos do campo, das florestas, e das águas na luta pela terra, pelo território e pela garantia dos seus modos de viver e de r-existir. É um paralelo da anatomia do coração humano que também representa a fronteira territorial.

Cada cor representa um modo de vida, uma atividade ou ambiente. Temos uma centralidade da cor vermelha, inferindo-se que seja a resistência e o fluxo com veias e artérias. É o sangue dos mártires nas veias dos que ficam nos territórios! Representa a juventude e a força da permanência na luta e a luta que nos une.

Também traduz os sujeitos que lutam pela reprodução da vida com seu suor e trabalho, sobretudo, carregados de sensibilidade, subjetividade e místicas. O verde pode ser uma área de reserva de floresta, um assentamento ou qualquer outra categoria de ocupação da terra. São as matas e a natureza como um aspecto da resistência, e a tonalidade da cor verde identifica o território camponês na produção de cultivos de esperança que alimenta a todos; Já o roxo aponta o debate necessário da alteridade, da igualdade entre gêneros e do respeito à diversidade; transmite a idéia de um território místico que é horizonte de sentidos e que nos inspira na/da luta. O marrom como pano de fundo é a terra e o solo donde produzimos os bens da vida. Está conectado com o Cosmos do ser-estar-fazer.

É um coração? Compreender o planeta terra num formato de um coração. Ao fundo e na aparência é um coração que tem uma relação forte com o fazer, com a afetividade das relações sociais com o território, dos entremeios e interligações. Ao final é um território só, embora estejam fragmentados. São na verdade territórios diferentes que interagem e convivem, mas também com vários conflitos entre si. Nossa opção teórico-raizal e, portanto, política na produção da vida e do conhecimento busca efetivamente o serviço aos povos, as vidas e aos territórios. Sim, temos coração! Em dias de ódios e violências fortuitos, optamos por este caminho.

E o desenho visto de longe lembra um coração. Coração pulsante na mãe e mão terra. Órgão que representa o coletivo formado pelo sentimento de pessoas dispostas a irrigar todos os espaços possíveis com a vida.

Com a imaginação livre pode até representar prédios ou significar o espaço urbano. Mas não é!

Trata-se de uma sobreposição de territórios e, conseqüentemente, de conflitos e r-existência de uma diversidade de sujeitos. Sobreposição conflituosa, complexa e diversa de distintas relações de poder. Onde estão postas determinações estruturais repercutidas de distintas maneiras. Traz visualmente a complexidade dos territórios de vida, compostos por elementos concretos e simbólicos, e perpassados por conflitos, resistências, lutas, irmandades e encontro.
Não é qualquer coração, muito menos pelo seu formato. É um coração com vários territórios que compõe um no outro. Mais como podem tantos territórios sem conflitos? E quem afirmou que não queremos conflitos? Queremos lutar, queremos pulsar, afinal, somos um coração revolucionário, batendo tambor e batendo juntos de tantos outros corações que buscam mudar, e se mudar e se quiser mudar de novo!!!

Recife, julho de 2017.


* Este texto foi redigido coletivamente pelos participantes do Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Espaço Agrário e Campesinato.
** A Logomarca foi produzida por Elisa Serafim num longo e profícuo diálogo.