Nota do LEPEC sobre os recentes casos de violência no campo!

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Nota do LEPEC sobre os recentes casos de violência no campo!

Nas últimas semanas fomos surpreendidos com notícias ininterruptas de mortes e violências diversas no campo brasileiro. Surpreendidos não pela violência, modus operandi da ação do Estado aliado aos interesses do capital. Salta a vista, porém, a elevada incidência com que os mesmos têm acontecido.                                                  

Em 2016, ano em que lamentamos os 20 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, 13 pessoas foram assassinadas só no primeiro trimestre, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra. A emboscada violenta no acampamento Dom Tomás Balduíno/ Paraná no último 7 de abril, terminou com a morte de dois militantes do MST, Vilmar Bordim e Leomar Bhorback, de 44 e 25 anos, respectivamente. O sangue de mais dois trabalhadores rurais derramado, reforça o Abril Vermelho e a necessidade de seguir em luta.

Aliadas às mortes, inúmeras tentativas de homicídio, prisões arbitrárias – como a do Cacique Babau e seu irmão Teity Tupinambá na Bahia também em Abril- e crimes ambientais terminam de configurar a tragédia. Uma sequencia brutal de fatos que mostram em que pé andam as disputas no campo brasileiro.                                                          

Essa conjuntura, paralela ao complexo cenário político brasileiro, exige mais que nunca responsabilidade de análise: ponderar sobre as manobras golpistas institucionais em vigor e suas consequências, nos situando em um campo de análise autônomo, cuja única função é estar ao lado da resistência dos camponeses e das camponesas, trabalhadoras e trabalhadores, colaborando com sua auto-organização, de forma independente, na peleja anticapitalista                                                                                

Luta que se materializa no combate ao agronegócio, no respeito a natureza, na defesa intransigente dos direitos de povos tradicionais – e na ampliação destes –, contra o latifúndio e na construção da Reforma Agrária . Repudiamos veementemente qualquer tipo de violência ou ação que confronte os princípios supramencionados, oferecendo nossa solidariedade a todas as famílias que vêm sendo duramente golpeadas diariamente ao longo dos anos.                                                                                                    

Nós, do Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Espaço Agrário (LEPEC/UFPE), não nos calaremos diante dos recentes casos e da barbárie em curso. Continuaremos a denunciar os(as) algozes da luta do povo, nos construindo teórico e praticamente,  direcionando nossa práxis sempre de maneira contra hegemônica. Assim seguiremos!

Toda solidariedade às vítimas de violência no campo e na floresta!

Reforma Agrária Já!