Homenagem a Vincent Carelli marca abertura do VI Fifer

A sexta edição do Festival Internacional do Filme Etnográfico do Recife começou nesta segunda-feira (16) com homenagem ao cineasta Vincent Carelli. A abertura, no Cinema da Fundação, bairro do Derby, contou com depoimentos de amigos do realizador da ONG Vídeo nas Aldeias.

Da plateia, Vincent assistiu a vídeos e ouviu mensagens lidas por Renato Athias e Jane Pinheiro, coordenadores do festival, que ainda o entregaram um diploma de cineasta homenageado do VI Fifer. Carelli agradeceu a todos que o homenagearam e aos que “saíram transformados e transformaram o Vídeo nas Aldeias, e que deram contribuições preciosas”. Vincent também lembrou dos filhos Rita e Pedro, e da finada esposa Virgínia Valadão, uma das idealizadoras do VNA.

O homenageado ressaltou que não é antropólogo, erro cometido por muitos: “Não que eu não queria ser, mas é um fato que não sou”, disse, arrancando risos do público. Sobre a trajetória da Vídeo nas Aldeias, Vincent comentou que o cinema foi um desafio, em primeiro lugar, para os índios. “Uma experiência de vida, um cinema de intervenção. Intervenção no sentido de possibilitar a apropriação da imagem que se mostrou extremamente dinâmica, criativa, uma verdadeira reflexão dos índios e a sua imagem confrontados, possibilitando um processo de conhecimento. [O VNA] é um projeto extremamente político, mas, no fundo, no fundo, eu tenho essencialmente uma relação afetiva com os índios”, relevou.

Sobre a homenagem do Fifer ao Vincent, Renato Athias, coordenador-geral do festival, comentou: “Decidimos homenagear o Vincent pelo seu trabalho de 25 anos no Vídeo nas Aldeias, referência hoje como iniciativa. A maneira com que ele lida com a questão da tecnologia, da imagem, da relação com os povos indígenas e, sobretudo, a relação que ele tem com as pessoas com quem ele trabalha no Vídeo nas Aldeias”. Renato completou: “[O VNA] representa uma trajetória que tem dois lados importantes: tanto pela técnica, mas acho que, sobretudo, pela postura política em relação aos os povos indígenas”.

A abertura do VI Fifer também contou com falas de Alberto Rezende, da Fundação Joaquim Nabuco, Marion Teodósio, do Departamento do Programa de Pós Graduação em Antropologia da UFPE e Demócrito Silva, da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFPE.

VI EDIÇÃO

Sobre o filme homenageado, O Cajueiro Nordestino, Renato Athias comentou ser um filme atemporal, que discute, por meio de um olhar sensível, a vida das pessoas a partir do cajueiro e do seu fruto. “É um filme que mostra as pessoas através do caju. Desde as músicas, o doce, a pinga.”. O filme foi exibido no dia 29 de setembro, na mostra especial Narrativas do Sertão, realizada no museu Cais do Sertão.

FORMAÇÃO DE PÚBLICO

Jane Pinheiro, coordenadora de mostras do VI Fifer, ressaltou que um dos grandes desafios do festival é desmistificar o conteúdo dos filmes etnográficos. Segundo a coordenadora, a falta de informação sobre o tema acarreta em dificuldades na formação de público. “Esse ano a gente tentou essa aproximação. Mas acho que a gente ainda precisa investir mais nesse esclarecimento do que é etnográfico. Um desafio que a gente vai levar para as próximas edições”.

 

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