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Renato Athias entrega troféu a Emílio Domingos por A Batalha do Passinho, no Rio de Janeiro

Na próxima terça-feira (22), Renato Athias, coordenador-geral do Festival Internacional do Filme Etnográfico do Recife, entregará troféu ao realizador Emílio Domingos, por A Batalha do Passinho, filme vencedor nas categorias de Melhor Documentário e Melhor Filme do Júri Popular na sexta edição do festival. A entrega será no Rio de Janeiro, na Livraria Travessa, no bairro de Ipanema.

Este ano, o troféu foi feito pelo artista Cavani Rosas e retrata um índio manueando a câmera de Vertov. Além de A Batalha do Passinho, também conquistaram prêmios Kalanda - The Knowledge of the Bush (Melhor Filme Etnográfico), Mães do Pina (Menção Honrosa) e L'Épaisseur des Murs (Menção Honrosa).

 

 

 

Noite de encerramento contou com premiação e música

Na noite da última sexta-feira (20), o Festival Internacional do Filme Etnográfico anunciou os filmes premiados desta sexta edição. Foram concedidos os prêmios de Melhor Filme Etnográfico, Melhor Documentário, Melhor Filme do Júri Popular e menções honrosas  - que, neste ano, foram duas. O evento, na Aliança Francesa, também contou com apresentação do projeto Areia e Grupo de Música Aberta. 

Durante o evento de premiação, foram reexibidos os filmes Mães do Pina e A Batalha do Passinho, e entregues os troféus aos realizadores vencedores. A autoria dos troféus é do artista Cavani Rosas, que retrata um índio com a câmera de Vertov. “Tenho acompanhado a luta indígena nacional. inclusive um dos troféus ia ser vermelho, para a gente marcar aqui o que está acontecendo com os índios no Mato Grosso e em outros estados“, reiterou o artista.

Mariana Biachi, produtora de Mães do Pina, dedicou o filme a todas as mulheres “especialmente à mulher negra e à mulher das religiões de matriz africana“. A produtora também saudou toda a comunidade do Bode e reiterou a importância de registrar a vida daquelas mulheres. “ É uma honra fazer parte dessa comunidade [do Bode] como moradora e ter essa liberdade de a gente mostrar a vida dessas senhoras que são mães em todos os sentidos“, afirmou.  Leo Falcão, diretor do filme, indicou que o grande propósito de Mães do Pina é o registro e a representação daquela comunidade. “Há muito pouco registro da cultura do Candomblé e da comunidade do Bode“, comentou.

Maurício Montecinos, que acompanhou o processo de edição do filme L'Épaisseur des Murs, disse estar bastante feliz com a prêmio, sobretudo por ser um filme feito com tantas adversidades. Durante as filmagens em 2010, no Haiti, houve o terremoto que devastou boa parte do país. “ Imagina, eles foram a campo, filmaram, na semana seguinte houve o terremoto. Teve um bocado de entrevistas que foram feitas depois do terremoto, mas só uma única cena pode ser aproveitada depois da catástrofe“, relatou Mauricio.

 

Filmes vencedores

Na manhã desta sexta-feira, o júri do VI Festival Internacional do Filme Etnográfico do Recife divulgou a lista de filmes premiados nas categorias de Melhor Filme Etnográfico, Melhor Documentário e menções honrosas. Este ano, o júri decidiu conceder duas menções honrosas.

Leia abaixo a justificativa do júri.

Baseado na relevância da temática, na pesquisa etnográfica, na narrativa, na imagem, no som e na montagem, Kalanda, the knownledge of the bush, de Lorenzo Ferrarini, conquistou o prêmio de Melhor Filme Etnográfico.

O prêmio de Melhor Documentário vai para A Batalha do Passinho, de Emílio Domingos pela relevância do tema (fenômeno social e cultural urbano e de interesse estético) e pela qualidades formais de imagens, som e montagem.

L’épaisseur des murs de Federico Varrasso, conquistou Menção Honrosa pela forma como nos revela, através das práticas religiosas, um bairro popular em Port-au-Prince em sua mudanças e conflitos e pelas qualidades formais de som, imagem e montagem. Num momento em que um grande fluxo de haitianos e haitianas chega ao Brasil e nosso país enfrenta um levante conservador manifestado em diversas formas de intolerância - inclusive religiosa -, é um filme que nos proporciona um espaço de compartilhamento de experiência com praticantes de vodu que sofrem, ainda hoje, perseguição política no país que foi o primeiro das americas a se insurgir contra o jugo colonial.

E Mães de Pina, de Leo Falcão, também conquistou Menção Honrosa pelo interesse para a cidade do Recife da temática do filme, pela forte dinâmica dos atores sociais envolvidos nas atividades representadas e pela interação estabelecida pela equipe de realização com os atores e a comunidades local.

Mães do Pina alcança uma cumplicidade ímpar com as personagens. O filme afirma a potência dos corpos dançantes como forma de vida e resistência, tecendo com habilidade e segurança uma sólida apresentação das nuances e contradições dessa forma de expressão emergente no Rio de Janeiro dos dias atuais.

Melhor Filme Etnográfico: Kalanda, the knownledge of the bush (Lorenzo Ferrarini, Inglaterra)
Melhor Documentário: A Batalha do Passinho (Emílio Domingos, RJ)
Menção Honrosa do Júri: Mães do Pina (Leo Falcão, PE)
Menção Honrosa do Júri: L'Épaisseur des Murs (Federico Varrasso, Haïti/Belgica)
Melhor Filme do Júri Popular: A Batalha do Passinho (Emílio Domingos, RJ)

Hoje, às 17h, na Aliança Francesa, reexibiremos A Batalha do Passinho, por ter conquistado dois prêmios, e Mães do Pina, por ser uma potente obra sobre a cidade do Recife.

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The VI International Etnographic Film Festival of Recife jury announced this morning (20) the awards for best etnographic film, best documentary, best film chosen by the public and honorable mention.

See the list of winners:

 

Best Etnographic Movie: Kalanda, the knownledge of the bush (Lorenzo Ferrarini, England)
Best documentary: A Batalha do Passinho (Emílio Domingos, Brazil)
Jury’s Honorable Mention: Mães do Pina (Leo Falcão, Brazil)
Jury’s Honorable Mention: L'Épaisseur des Murs (Federico Varrasso, Haïti/Belgium)
Best film chosen by the public: A Batalha do Passinho (Emílio Domingos, Brazil)

 

Estudantes de ensino fundamental discutiram filme etnográfico em oficina promovida pelo FIFER

Philipi Bandeira ministrou a oficina (Foto: Rennan Peixe)

Nos dias 16, 18 e 25 de novembro, o VI Fifer promove a oficina Minuto Etnográfico, para estudantes do 9º ano do Colégio de Aplicação do Recife, ministrada por Philipi Bandeira. Nos encontros dos dias 16 e 18, os estudantes discutiram temas como o olhar sobre o Outro a partir do ponto de vista da etnografia e a história do cinema etnográfico. Filmes como Nanook, o Esquimó (1922), Ao Redor do Brasil (1932), A Festa da Moça (1986) e As Hiper Mulheres foram assistidos e debatidos na sala de aula. A oficina tem por objetivo desenvolver e praticar o sentido etnográfico entre jovens, a partir de reflexões teóricas e práticas de vídeo em suportes de mídias moveis (smartphones e câmeras compactas). Ao fim das oficinas, os participantes produzirão seu próprio filme etnográfico.

Sobre a importância de abordar temas como alteridade e cinema etnográfica para a sala de aula, Philipe comenta: "Eu acho que tem uma saída, um output de pensar o filme etnográfico em si. Mas, no meio do caminho, tem essa coisa de pensar a imagem do outro, de desenvolver isso. E a gente é bombardeado por imagens, mas não há uma reflexão em tempo real [...], a gente acaba reproduzindo muitos estereótipos, preconceitos, e trazer isso pro ensino fundamental se torna uma pedagogia da libertação, que infelizmente não está presente no dia a dia".

Sobre os encontros, João Vitor (14), comentou que está satisfeito "Estou achando muito interessante. É uma proposta diferente. Fiquei interessado nos filmes. Deu pra aprender sobre outras culturas e diferentes povos".

Jane Pinheiro, uma das coordenadoras do VI Fifer, comentou que pretende ampliar esta etapa educativa do festival: "Eu penso que é bem importante que o festival mantenha esse braço educativo. Começar pelo Colégio de Aplicação é bom porque é um colégio que está aberto à experimentação. Então é bom começar aqui, mas queremos que isso seja estendido para outras escolas posteriormente".

Além da oficina do Minuto Etnográfico, o VI Fifer também promoveu as oficinas de Roteiro do Filme Etnográfico e Introdução a Antropologia Visual e ao Filme Etnográfico, que aconteceram nos dias 17 e 18 de novembro.


 

Aliança Francesa sedia Mostra Outros Olhares e premiação do VI Fifer

Adrien comenta a parceria da AF com o Fifer (Foto: René Nascimento)A premiação e festa de encerramento do VI Festival Internacional do Filme Etnográfico do Recife acontecem nesta sexta-feira (20), na Aliança Francesa, às 17h. A Instituição parceira do Fifer foi uma das sedes da mostra Outros Olhares, que ocupou também o auditório de antropologia da UFPE nas últimas quarta e quinta-feira (18 e 19).

Adrien Lefreve, Diretor Executivo da Aliança Francesa Recife, considera que o evento de encerramento é importante por exibir os filmes premiados em um só dia e permitir que quem não os assistiu tenha outra oportunidade.  “Somos um dos lugares onde se pode recolher um público não só de especialistas, mas um público geral para mostrar que essa produção vive, e é interessante”, pontua Lefreve.

APOIO

Adrien reforça que a parceria da Aliança Francesa com Renato Athias, Coordenador Geral e Realizador do Fifer, é antiga, reforçada principalmente nesta edição por homenagear o realizador franco-brasileiro Vincent Carelli. “Vincent desenvolveu um projeto muito inovador: deixar os povos indígenas registrarem a própria vida, dar os instrumentos para eles fazerem isso”.

Segundo o Diretor Executivo, a Aliança Francesa Recife está se inserindo na exibição de documentários. “Pouco antes deste festival tivemos o mês do documentário. A produção francesa de documentário é muito importante, uma produção original, dinâmica, e a Aliança queria refletir esse dinamismo, não só através dos filmes franceses, mas também através desta produção etnográfica”,  explica Adrien.

Lefreve revela a motivação pessoal para essa parceria com o Fifer. “Eu fui educado na antropologia e na etnografia. Quando eu encontrei o Renato, há dois anos - quando cheguei no Recife - foi como encontrar um pouco minha adolescência. Eu tenho uma cumplicidade com ele pelo de fato de viver e ter sido formado - não na universidade, mas intelectualmente- por livros da etnografia e antropologia”, conta.

OUTROS OLHARES

Coordenador da Mostra Outros Olhares, Adrien nos revelou suas próprias percepções sobre os filmes exibidos no dia 17, no auditório da Aliança.

- El Triángulo Rosa Y La Cura Nazi Para La Homossexualidad

Argentina/Brasil 63’. 2014.

Os trabalhos que foram feitos em relação à deportação dos homossexuais são poucos. Alguns nos anos 70, com os movimentos de libertação homossexuais, pincipalmente nos Estados Unidos. Mas desde aí, esta temática foi pouco estudada, a não ser nos 10 últimos anos, a partir dos anos 2000, quando, de fato, começaram a ser publicados trabalhos sérios em relação à deportação dos homossexuais, muitos anos depois da guerra.  Foi um longo trabalho. Apesar da democratização da Alemanha, a questão do homossexual é uma questão tabu. Também o que aconteceu é que as famílias de muitos homossexuais que foram deportados não quiseram falar disso. Assim como muitos judeus, quando voltaram, não quiseram falar disso.

O trabalho que foi feito com este documentário é um trabalho de divulgação dessa temática e também pra mostrar que o tratamento cientifico da homossexualidade é uma questão que permanece até agora. Quer dizer, desde então temos, de vez em quando, essa questão da cura da homossexualidade, então acho importante mostrar este documentário e também mencionar que depois da guerra este médico refugiou-se num pais da América Latina. Não é por causa da América Latina, mas muitos dos nazistas, das pessoas que trabalharam com estes médicos, foram acolhidos depois pelas pessoas da América Latina, pela Argentina, pelo Chile. Às vezes esquecemos disso.

-  Cities Of Sleep

New Delhi/ India, 75”, 2015

Citis of Sleep é de um índio. Eu devo dizer que é o mais forte, pra mim, de certa forma. Primeiro porque o filme foi gravado à noite, então todas as cenas são à noite. Noite obscura, sem muitas luzes, e que toca a alma das necessidades fundamentais do homem. Dormir. Dormir sossegadamente, sem morrer, e sem ter medo de morrer. E isso toca profundamente porque no Recife, mas como em Paris, há pessoas que dormem na rua. Coisa que pode ser muito fácil pra gente que tem casa, apartamento, um telhado, para outros são um combate permanente de sobrevivência.

- P'xá Kórda: O Corpo, O Bote E O Mar

Cabo Verde, 25”, 2014

É um documentário cabo-verdiano que dá vontade de brincar com as pessoas que nós vemos na praia, porque é uma competição de pescadores. Não há comentários. Eles vivem, trabalham em torno do mar, da praia. Os primeiros minutos do filme é só ver as pessoas brincarem, competirem, discutirem, conversarem numa certa alegria. Ele é muito bem filmado e é interessante ver como essa comunidade de pescadores estrutura sua vida através da praia, do mar e dos jogos.

 

 

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