Aliança Francesa sedia Mostra Outros Olhares e premiação do VI Fifer

Adrien comenta a parceria da AF com o Fifer (Foto: René Nascimento)A premiação e festa de encerramento do VI Festival Internacional do Filme Etnográfico do Recife acontecem nesta sexta-feira (20), na Aliança Francesa, às 17h. A Instituição parceira do Fifer foi uma das sedes da mostra Outros Olhares, que ocupou também o auditório de antropologia da UFPE nas últimas quarta e quinta-feira (18 e 19).

Adrien Lefreve, Diretor Executivo da Aliança Francesa Recife, considera que o evento de encerramento é importante por exibir os filmes premiados em um só dia e permitir que quem não os assistiu tenha outra oportunidade.  “Somos um dos lugares onde se pode recolher um público não só de especialistas, mas um público geral para mostrar que essa produção vive, e é interessante”, pontua Lefreve.

APOIO

Adrien reforça que a parceria da Aliança Francesa com Renato Athias, Coordenador Geral e Realizador do Fifer, é antiga, reforçada principalmente nesta edição por homenagear o realizador franco-brasileiro Vincent Carelli. “Vincent desenvolveu um projeto muito inovador: deixar os povos indígenas registrarem a própria vida, dar os instrumentos para eles fazerem isso”.

Segundo o Diretor Executivo, a Aliança Francesa Recife está se inserindo na exibição de documentários. “Pouco antes deste festival tivemos o mês do documentário. A produção francesa de documentário é muito importante, uma produção original, dinâmica, e a Aliança queria refletir esse dinamismo, não só através dos filmes franceses, mas também através desta produção etnográfica”,  explica Adrien.

Lefreve revela a motivação pessoal para essa parceria com o Fifer. “Eu fui educado na antropologia e na etnografia. Quando eu encontrei o Renato, há dois anos - quando cheguei no Recife - foi como encontrar um pouco minha adolescência. Eu tenho uma cumplicidade com ele pelo de fato de viver e ter sido formado - não na universidade, mas intelectualmente- por livros da etnografia e antropologia”, conta.

OUTROS OLHARES

Coordenador da Mostra Outros Olhares, Adrien nos revelou suas próprias percepções sobre os filmes exibidos no dia 17, no auditório da Aliança.

- El Triángulo Rosa Y La Cura Nazi Para La Homossexualidad

Argentina/Brasil 63’. 2014.

Os trabalhos que foram feitos em relação à deportação dos homossexuais são poucos. Alguns nos anos 70, com os movimentos de libertação homossexuais, pincipalmente nos Estados Unidos. Mas desde aí, esta temática foi pouco estudada, a não ser nos 10 últimos anos, a partir dos anos 2000, quando, de fato, começaram a ser publicados trabalhos sérios em relação à deportação dos homossexuais, muitos anos depois da guerra.  Foi um longo trabalho. Apesar da democratização da Alemanha, a questão do homossexual é uma questão tabu. Também o que aconteceu é que as famílias de muitos homossexuais que foram deportados não quiseram falar disso. Assim como muitos judeus, quando voltaram, não quiseram falar disso.

O trabalho que foi feito com este documentário é um trabalho de divulgação dessa temática e também pra mostrar que o tratamento cientifico da homossexualidade é uma questão que permanece até agora. Quer dizer, desde então temos, de vez em quando, essa questão da cura da homossexualidade, então acho importante mostrar este documentário e também mencionar que depois da guerra este médico refugiou-se num pais da América Latina. Não é por causa da América Latina, mas muitos dos nazistas, das pessoas que trabalharam com estes médicos, foram acolhidos depois pelas pessoas da América Latina, pela Argentina, pelo Chile. Às vezes esquecemos disso.

-  Cities Of Sleep

New Delhi/ India, 75”, 2015

Citis of Sleep é de um índio. Eu devo dizer que é o mais forte, pra mim, de certa forma. Primeiro porque o filme foi gravado à noite, então todas as cenas são à noite. Noite obscura, sem muitas luzes, e que toca a alma das necessidades fundamentais do homem. Dormir. Dormir sossegadamente, sem morrer, e sem ter medo de morrer. E isso toca profundamente porque no Recife, mas como em Paris, há pessoas que dormem na rua. Coisa que pode ser muito fácil pra gente que tem casa, apartamento, um telhado, para outros são um combate permanente de sobrevivência.

- P'xá Kórda: O Corpo, O Bote E O Mar

Cabo Verde, 25”, 2014

É um documentário cabo-verdiano que dá vontade de brincar com as pessoas que nós vemos na praia, porque é uma competição de pescadores. Não há comentários. Eles vivem, trabalham em torno do mar, da praia. Os primeiros minutos do filme é só ver as pessoas brincarem, competirem, discutirem, conversarem numa certa alegria. Ele é muito bem filmado e é interessante ver como essa comunidade de pescadores estrutura sua vida através da praia, do mar e dos jogos.