Alunos salvam acervo
histórico
Estudantes da Faculdade de Direito
arregaçam as mangas para recuperar e restaurar obras da
biblioteca. O trabalho faz parte do projeto Preservação
da Memória
Margot Dourado
Mais de 150 mil obras e documentos
da Faculdade de Direito vão ser recuperados pelo Diretório
Acadêmico Demócrito de Souza Filho, da instituição,
graças ao projeto Preservação da Memória.
O objetivo principal do programa é disponibilizar o material
para consulta de alunos, professores e pesquisadores de todo o
País.
Pelo o projeto, aprovado no Ministério
da Cultura pela Lei do Mecenato, as obras serão identificadas,
higienizadas, catalogadas e restauradas. O trabalho será
executado pelos historiadores João Monteiro (restauração
dos documentos), Josemar Henrique (organização do
arquivo) e Vladimir Rodrigues (pesquisa histórica). A maior
preocupação dos historiadores é com a precariedade
dos livros raros. A biblioteca é uma das poucas a dispor
da publicação Saken van Staet en Oor-logh,escrita
em 1669 por Lieuwe van Aitzema, em holandês arcaico, que
recentemente foi utilizada em uma pesquisa pelo historiador Evaldo
Cabral de Mello.
O projeto de organização,
catalogação e restauração do acervo
deverá ser executado em dois anos. Ainda estão previstas
a limpeza das publicações, a organização
por critérios de seleção, a pesquisa e a
descrição, além da elaboração
de um CD-ROM e de fichários para facilitar o acesso dos
pesquisadores. A documentação está comprometida
pela presença de insetos, poluição, umidade
do ambiente e a falta de climatização e o fator
tempo.
OBRAS RARAS - Ao todo, 659 livros
do acervo são considerados raros. Entre eles, estão
Navfragio qve Passov Jorge Dalbuquerque Celho, e Digestiun Vetus
Se. Pandecfarvnn Juris Civilis, além de 291 obras em alemão,
adquiridas da biblioteca particular de Tobias Barreto, após
sua morte, e o volume O Brasil holandês sob o Conde João
Maurício de Nassau, de Gaspar Barléu.
O projeto vai receber R$ 395 mil,
captados pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, e mais
R$ 100 mil, obtidos por meio de uma emenda do Orçamento
da União de 2001, apresentada pelo deputado federal Luiz
Piauhylino, ex-aluno da Faculdade de Direito.
O dinheiro já conseguido com o Governo Federal será
usado na criação de um laboratório para restauração
de obras antigas, que ainda não existe no Norte e Nordeste
do País, e poderá ser utilizado depois por outras
bibliotecas da região.
Ditadura
restringiu acesso do público à biblioteca da Faculdade
de Direito
A biblioteca foi criada em setembro
de 1830 e passou por várias sedes até 1907, quando
foi inaugurado o atual prédio da faculdade. Em 1964, durante
o regime militar, o acesso à biblioteca foi proibido ao
público, ficando restrito a alunos e professores da instituição.
Com as Diretas Já, ela foi reaberta.
Das obras consideradas raras que
estão catalogadas no acervo geral da Faculdade de Direito
consta ainda a primeira edição do livro Prosopopéia,
de Bento Teixeira, que faz referências ao Recife do início
do século XVII, considerada impossível de se encontrar
e, portanto, sem preço. Fazem parte também A Gloriosa
Coroa dos Esforçados Religiosos da Companhia de Jesus,
de 1642, que narra a história dos jesuítas em terras
brasileiras e Os Sermões, do padre Antonio Vieira, de 1658
e Jornada dos Vassalos da Coroa de Portugal, de 1625, escrito
por Bertholomeu Guerreiro. Também podem ser encontradas,
nos livros de visitação, assinaturas ilustres como
a de D. Pedro II, Getúlio Vargas e Agamenon Magalhães.
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