Pesquisa levanta
riscos da atividade dos frentistas
Pesquisa, inédita, sobre a saúde dos frentistas de postos de gasolina
do Grande Recife constatou que esses profissionais apresentam
comprometimento hepático (24,9%) e secura nos olhos (39,6%). Apenas
1% deles possui alteração neurológica, como dificuldade de concentração
ou para dormir, contrariando a literatura médica. Esses problemas
são resultantes da exposição à gasolina e ao álcool, derivados
de petróleo causadores de alterações orgânicas.
O estudo, realizado pelo Núcleo de Ensino, Pesquisa e Assistência em
Infectologia da UFPE (Nepai), no ano passado, com financiamento
dos conselhos nacionais de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e de Petróleo, também confirmou ser essa uma profissão bastante
restrita aos homens, que totalizaram 286 contra 28 mulheres.
De acordo com a coordenadora do Nepai, Sylvia Lemos Hinrichsen, as
alterações hepáticas encontradas serão aprofundadas na próxima
etapa da pesquisa, pois há outros fatores a serem afastados para
se ter certeza que esses distúrbios são conseqüentes da exposição
aos combustíveis. “Embora a literatura médica mostre que
a exposição a esses produtos cause comprometimento ao fígado,
é preciso considerar que estamos numa área endêmica de esquistossomose,
o que pode ter influenciado no resultado. Por isso, vamos estudar
a casuidade desse mal entre eles”, afirma Sylvia Hinrichsen.
Outro questionamento a ser respondido no futuro é a razão desses trabalhadores
apresentarem um índice baixo de alteração neurológica, quando a
literatura médica descreve que esse percentual é elevado. Serão
verificados, ainda, o nível de saúde ocupacional dos frentistas
e o cumprimento de normas de biossegu-rança.
Durante o estudo, os participantes foram submetidos a exame clínico,
neurológico, laboratorial e oftalmológico no Hospital das Clínicas,
no laboratório Cerpe e na Fundação Altino Ventura.
A pesquisa também levantou o perfil social e de comportamento dos trabalhadores.
Nos 55 postos visitados, a idade média dos frentistas é de 29,5
anos. Cinqüenta e um deles são fumantes e todos negaram o alcoolismo
crônico, afirmando beberem socialmente (64%). 10% trabalhavam
no setor há menos de três meses, sendo este o primeiro emprego,
na época da entrevista.
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